LEGENDA
Por causa do calor, na primeira quinzena de novembro houve aumento de 11% no consumo de eletricidade em relação a igual período do ano passado -  (crédito: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press)

LEGENDA Por causa do calor, na primeira quinzena de novembro houve aumento de 11% no consumo de eletricidade em relação a igual período do ano passado

crédito: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press

A previsão de que a onda de calor continue até o fim do ano, com o consumo de energia mantendo recordes, acendeu o alerta entre especialistas, que já esperam um impacto nas contas de luz no curto prazo. Apesar de a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) ter mantido bandeira verde na tarifa de energia para dezembro, a exigência de acionamento das usinas termelétricas pelo Operador Nacional do Sistema para atender aos picos de demanda nos dias quentes já encarece as tarifas no mercado livre de energia e a conta pode chegar para todos os consumidores no início do próximo ano. No dia 17 de novembro, com os efeitos dos recordes de carga registrados em dias anteriores, o Preço de Liquidação das Diferenças (PLD) – valor de referência no mercado livre de energia – variou do mínimo de R$ 69,90 no início do dia, começando a subir no início da tarde e chegando a R$ 395,87 entre 16h e 21h, quando voltou a cair até o mínimo durante a madrugada. Na média, o valor ficou em R$ 179,73. O valor é 157% maior do que o mínimo, que vinha vigorando desde abril do ano passado.

Para o presidente da CMU Comercializadora de Energia, Walter Fróes, o sistema elétrico brasileiro é robusto, mas passa por imprevisibilidades pontuais. “É paradoxal, porque a geração solar fotovoltaica cresceu tanto no Brasil que ela chegou a 35 gigawatts (GW) de potência instalada, mas na hora que o sol vai embora está tendo uma elevação do consumo e a geração térmica está tendo que ser chamada com urgência”, observa Fróes. De acordo com ele, há um mês o preço da energia vem subindo no fim do dia com a elevação do consumo. Para ele, a persistência desse quadro de consumo elevado e o acionamento das térmicas podem levar à retomada das bandeiras tarifárias antes do previsto.

Isso porque será necessário financiar as distribuidoras, que arcam com o aumento de custo na geração das térmicas para fazer o repasse apenas na data do reajuste anual. “Essa necessidade de acionar as térmicas ocorre, segundo Fróes, porque apesar do avanço na geração solar e na eólica, “essas são fontes não gerenciáveis”, enquanto o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) precisa de energia firme para garantir o suprimento, sem risco de quedas de energia. “Essa questão operacional (uso das térmicas) está chegando a um ponto que eu acho que vai acelerar a retomada da bandeira tarifária bem antes do que a gente esperava”, afirma o presidente da CMU Comercializadora.

Para se ter ideia do impacto do calor sobre a demanda de energia elétrica, um levantamento da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) mostra que apenas na primeira quinzena de novembro houve aumento de 11% no consumo de eletricidade em relação a igual período do ano passado. Nos 15 primeiros dias de novembro foram consumidos 69,86 GW médios, sendo que 44,78 GW médios foram fornecidos pelo mercado regulado, que atende a residências e pequenas empresas pelas distribuidoras. Puxado por ventiladores e ar-condicionado, o consumo desse segmento cresceu 15,5%”. Os outros 25,07 GW médios foram demandados por indústrias e grandes empresas, que contratam no mercado livre.

A previsão do ONS é que o mês termine com uma demanda total de 81 GW, a maior demanda da história para um mês. Apesar do crescimento da demanda e do acionamento das térmicas, o cenário ainda é favorável com as usinas hidrelétricas do Sudeste/Centro-Oeste terminando novembro com 64,15% de energia armazenada. A ressalva fica apenas para a possibilidade de chuvas abaixo da média de agora até abril de 2024, o que pode, sim, obrigar a volta da bandeira tarifária.

Fotovoltaica

R$ 2,18 bilhões e o financiamento aprovado pelo BNDES para instalação de 18 usinas solares e sistema de transmissão de energia em Janaúba (MG)

Desonerações

Ao divulgar o resultado da arrecadação de impostos em outubro, nesta semana, a Receita Federal mostrou o peso das isenções e desonerações fiscais no país. Apenas a redução da alíquota do PIS/Cofins sobre combustíveis representou R$ 28,71 bilhões de desoneração de janeiro a outubro. Já a redução do IPI custou R$ 19 bilhões no período. Em outubro, as perdas de receita foram de R$ 1,46 bilhão e R$ 1,9 bilhão, respectivamente.

Inclusão

Desde segunda-feira e até 15 de dezembro, a WeWork está com inscrições para o seu programa de incentivo ao empreendedorismo negro. As empresas selecionadas terão acesso a espaços de trabalho compartilhados da Wework e mentoria com Claudia Woods, CEO da empresa na América Latina. Na primeira fase, todos os inscritos serão avaliados por um comitê formado por lideranças negras e convidados e 10 serão selecionadas para a segunda fase.