Katiuscia Silva
Katiuscia Silva
Mestra em Sexologia pela Universidade ISEP - Madrid. Especialista em Comportamento. Analista Corporal. Mentora. Palestrante. Treinamentos para Empresas
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A revolução do autoprazer

Por que conhecer o próprio corpo é um ato de saúde pública

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Em uma sociedade que aprendeu a falar sobre sexo mais como exibição do que como experiência humana verdadeira, ainda existe uma falta de diálogo quando o assunto é o relacionamento que temos com nosso próprio corpo. O autoprazer, prática natural, íntima e ancestral, continua envolto em culpa, tabu e desinformação. No entanto, entendê-lo como parte da saúde integral é um passo urgente e necessário.

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Vários estudos sobre autoprazer e masturbação consciente nos lembram que o modo como aprendemos a nos tocar, ainda na adolescência, influencia profundamente a forma como vivemos a sexualidade na vida adulta.


De acordo com o texto, grande parte das pessoas cresce tencionando o corpo, acelerando movimentos, prendendo a respiração e repetindo padrões automáticos, um hábito que pode gerar o que a psicologia somática chama de amnésia sensório-motora: uma forma de dormência e desconexão corporal que reduz a sensibilidade e limita significativamente o prazer.


Quando alguém entende os seus limites, sensações, tensões e necessidades, a comunicação com o outro se torna mais clara. O prazer deixa de ser uma performance e passa a ser uma troca humana, viva e verdadeira.


O que significa masturbação consciente?


Diferentemente da masturbação automática, apressada e desconectada, a masturbação consciente envolve observar as sensações do corpo sem pressa, respirar profundamente, soltar a tensão muscular, expandir o toque para além dos genitais, permitir movimentos naturais, saborear o prazer com presença.


Na prática, isso significa transformar um ato solitário em um exercício de autoconhecimento. Aprender a saborear as sensações é um antídoto para anos de dormência genital e de condicionamentos que limitam o prazer.


Sheri Winston é uma das principais autoridades em sexualidade holística e anatomia do prazer feminino. É também educadora sexual, terapeuta, parteira e autora premiada, reconhecida internacionalmente por unir ciência, sensibilidade e espiritualidade em sua abordagem.


Ela afirma que a sexualidade não é apenas um portal para o prazer, mas também “uma porta de entrada para você mesmo”. A escritora reforça que o autoprazer é o laboratório mais importante da nossa sexualidade, porque envolve mente, corpo, coração, espírito e energia, ou seja, todos os aspectos do ser humano integrados e vivos.


Trazer a perspectiva de Winston é importante porque ela legitima o tema com profundidade e resgata o caráter humano, natural e vital da sexualidade.


Autoprazer como educação emocional

O autoprazer reduz a ansiedade, melhora a autoestima, desperta a criatividade e aumenta a vitalidade.


Esses benefícios, somados à capacidade de regular tensões e resgatar a sensibilidade corporal, fazem dessa prática um recurso de autocuidado.


Em tempos de pressa, exaustão mental e relações rasas, aprender a respirar durante a excitação, mover o corpo com liberdade e permitir sons espontâneos de prazer, são maneiras de reconectar-se à vida, ao corpo e à alegria mais genuína.


Uma questão coletiva


Quando uma sociedade inteira cresce desconectada do próprio corpo, ela também cresce mais ansiosa, mais insegura, mais violenta, mais vulnerável à desinformação, mais distante da própria sensibilidade.


Promover o conhecimento do corpo, portanto, beneficia comunidades inteiras. Pessoas que se conhecem se relacionam melhor, comunicam com mais clareza, respeitam mais limites e cultivam vínculos mais saudáveis.


Um convite à reconexão


Conhecer o próprio corpo é devolver a si mesmo a autonomia sobre a própria história, o próprio prazer e a própria saúde. É lembrar, com ternura e coragem, que o corpo é casa, é território sagrado e é fonte inesgotável de vida.


E talvez a grande transformação social que buscamos comece exatamente aqui: quando cada pessoa aprende a habitar seu corpo com amor, respeito e curiosidade. Porque um mundo onde as pessoas se conhecem melhor é também um mundo onde elas se cuidam melhor.

As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.

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