
Para comemorar seus 10 anos, a Mi Garba levou 10 sabores de pistache para as vitrines
Essa história de amor começa sem nenhum romantismo. Quando era criança, odiava sorvete de pistache. Me lembro até hoje do dia em que provei e rejeitei. O sabor não me agradou nem um pouco. A partir daquele momento, nunca mais olhei para o pote verde cor de chiclete.
Resultado: passei anos da minha vida achando que não gostava de pistache. Do sorvete, na verdade, porque naquela época nem sabia direito o que era o pistache em si. Algumas vezes, vi meu pai comer de tira-gosto e achava divertido ter que quebrar a casca para encontrar a castanha. Mas nem associava uma coisa à outra.
Se você é de Belo Horizonte, deve se lembrar da revolução do mercado de sorvetes de uns anos para cá. Com as primeiras gelaterias de inspiração italiana, comecei a ver pistache em todas as vitrines. Mas não tinha nada a ver com o que estava registrado na minha memória. Resolvi dar uma nova chance.
Não sei onde nem quando, só sei que me reencontrei com o sorvete de pistache e me apaixonei – à segunda vista (isso me fez lembrar de comida japonesa e açaí, outros rejeitados no primeiro contato). Provando um daqui outro dali, entendi porque essa história de amor tinha começado enviesada. Não tinha nada de pistache naquelas misturas. A cor era claramente artificial e o sabor não passava de essência.
Com o tempo, a lógica se inverteu a ponto de sempre e em todo lugar procurar sorvete de pistache. Não só porque passei a amar, mas também pelo prazer de experimentar e fazer comparações. Para mim esse sabor diz muito sobre uma sorveteria, principalmente sobre os ingredientes que ela usa.
Na minha ida à Itália, virei a “louca” do pistache. Tomei vários sorvetes, claro, me esbaldei. Estava em Milão para participar da cobertura de uma feira de alimentação e lá conheci o pistache da cidade de Bronte, chamado de “ouro verde” e considerado o melhor do mundo.
Isso tudo aconteceu muito antes de o pistache virar febre. Hoje é raro encontrar uma confeitaria em BH que não tenha um doce verde. Brigadeiro, brownie, bolo, pudim, palha italiana, donut... a lista é infinita. Acho importante democratizar o acesso ao pistache, que não é um ingrediente barato, mas essa história já me fez cair em armadilhas. Desconfio logo quando vejo um verde intenso – a cor natural é suave e muitas vezes puxa para o amarelo ou marrom. Fora que continuo a encontrar sabor de essência por aí. Triste.
Nas caçadas ao pistache, a Mi Garba sempre esteve entre os meus lugares preferidos. Um porto seguro, onde sei que não vou errar. Acho que eles fazem um dos melhores sorvetes de pistache da cidade. O pistache, inclusive, é o símbolo da marca, por isso a cor verde na logo. Luca Lenzi, o fundador, é italiano de Florença e me contou que, “na Itália, a regra para definir uma gelateria de excelência era ditada pela qualidade do sabor de pistache. Se fosse bom, o resto seria também”. Verdade.
Para comemorar seus 10 anos, a Mi Garba levou 10 sabores de pistache para as vitrines. Muitos já são conhecidos, como o “8 Volte Pistacchio”, com pistache em oito texturas, que já me fez arrancar correndo de casa pouco antes do fechamento da loja com um amigo – outro apaixonado por pistache. Entre as novidades, estão o “Mi Garba! Pistache” (creme de baunilha com cookies) e o “Brownie de Pistache” (creme com pedaços de brownie). Há também versões vegana e sem açúcar.
Recomendo fazer uma experiência muito interessante: comparar os sorvetes com pistache siciliano e com pistache californiano. Pensei que não teria muita diferença, mas fiquei impressionada. Não que o pistache da Califórnia seja ruim, longe disso (aliás, é o mais usado por aqui), mas fica fácil de perceber que o da Sicília tem um sabor muito mais intenso.
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A ação da Mi Garba não tem data para terminar, mas a expectativa é de que os estoques durem mais duas ou três semanas. Até lá, vou voltar para comer outros sabores e zerar a vitrine comemorativa. Ainda bem que essa minha história de amor com sorvete de pistache teve um final feliz.