Ungida pelo ex-presidente da República e pai, Jair Bolsonaro (PL), a candidatura do senador Flávio Bolsonaro (PL) ao Palácio do Planalto deixa aos três governadores presidenciáveis de oposição, que seguem na disputa, uma inglória tarefa. Com Flávio, o campo do eleitorado bolsonarista raiz está tomado: aproximadamente 12% do eleitorado é a tração inicial que, por gravidade, atrai boa parte do eleitorado da direita ultraconservadora e antipetista, que orbita o bolsonarismo e, hoje, é estimada em 21% do eleitorado.
Aos três governadores presidenciáveis e de oposição que seguem na corrida ao Palácio do Planalto, há uma estreita faixa do eleitorado disponível, formada por uma parcela da direita antipetista e outra fatia do eleitorado do centro político, que não é nem lulista nem bolsonarista, ou seja, pode oscilar entre os campos políticos. Em seu conjunto, eleitores nem-nem somam cerca de um terço do eleitorado. Entre eles, atualmente, 42% aprovam o governo Lula, bom preditor de voto. Os dados da mais recente pesquisa Genial Quaest sugerem que, agregados os dois quinhões – a direita antipetista e os nem-nem –, os três governadores presidenciáveis arrancariam desse conjunto 18% das intenções de voto.
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Tal é a projeção do cenário eleitoral de primeiro turno, em que concorrem Lula, Flávio Bolsonaro, Ratinho Júnior (PSD), Romeu Zema (Novo) e Ronaldo Caiado (União) – além dos periféricos Aldo Rebelo (DC) e Renan Santos (Missão). Lula alcança 37% das preferências – absorvendo o seu campo lulista, a esquerda não lulista que o acompanha e pequena borda de eleitores do centro político nem-nem. Flávio Bolsonaro registra 23% das preferências – portanto, incorpora o filão bolsonarista e metade da direita antipetista. Os três governadores de oposição marcam juntos 18%, dos quais, Ratinho – o que até aqui menos se atrelou ao bolsonarismo – tem 11%; Zema – quem mais absorveu o radicalismo da narrativa bolsonarista – alcança 4% das intenções de voto; e Ronaldo Caiado, 3%.
Esse estreito corredor de eleitores por onde hoje transitam os governadores presidenciáveis tende a se afunilar se o governo Lula mantiver a inflação sob controle e lançar na praça todos os projetos sociais que programa para 2026. Ou poderá se alargar diante de fatos imponderáveis ou escândalos. Dito isso, mesmo alcançando a aprovação de apenas metade da população, o presidente Lula (PT) é favorito à reeleição e se encontra em situação muito mais competitiva do que esteve no primeiro semestre de 2025, antes do tarifaço de Donald Trump, quando estava estendido nas cordas.
Tão baixo desempenho é sempre o melhor preditor para a não governabilidade, junto a um Congresso hostil e com mais motivos para se tornar ainda mais indócil face à não perspectiva de poder. Se a governabilidade já é problema em 2026, o quadro poderá sempre piorar com o futuro Congresso por vir, bem lembrava Ulysses Guimarães.
É de olho nesse cenário que o governador Minas – que descarta concorrer ao Senado Federal – talvez sonhe com a vaga de vice na chapa de Ratinho Júnior ou de Flávio Bolsonaro. São dois cenários, cada qual, o seu problema e a sua dificuldade. Se firmar uma composição com Ratinho, trará problemas para o seu candidato em Minas, Mateus Simões (PSD), que estará concorrendo à reeleição pela desincompatibilização de Zema.
Mateus tenta atrair o PL para seu arco de alianças, mas está partidariamente vinculado ao PSD. A quem apoiaria em Minas: Ratinho ou Flávio? Se escolher Ratinho, além de deixar Flávio Bolsonaro livre para receber em Minas o apoio exclusivo do senador Cleitinho (Republicanos), estaria expulsando o PL de sua composição. Por outro lado, se Zema tentar cavar a vice na chapa de Flávio, como Mateus se posicionaria? Pelas características da família Bolsonaro, Zema vice de Flávio seria um cenário menos provável: a família não confia em terceiros, talvez prefira um militar.
E nas duas hipóteses, como reagiria o Novo, que no plano nacional aposta na candidatura de Zema para promover os seus candidatos a deputado federal?
Aí está o que 2026 reserva para a disputa presidencial. Nas palavras de Albert Hirschman: “A política avança menos por grandes conversões do que por pequenos deslocamentos de esperança e decepção; são eles que, acumulados, decidem o curso dos acontecimentos”.
Proteção de dados
A Comissão Mista que analisa a medida provisória 1.317/2025 vai votar nesta quarta-feira o relatório do Alessandro Vieira (MDB-SE), que converte a Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD) em agência reguladora. Entre as competências atribuídas à agência, destacam-se a aplicação do Estatuto Digital da Criança e do Adolescente (15.211/2025), instituído com o objetivo de proteger crianças e adolescentes no ambiente digital.
Cemig
A estatal mineira Cemig vai enviar equipes para socorrer a concessionária privada Enel, que até hoje não restabeleceu os serviços de energia em São Paulo, atingido por um ciclone. O envio de equipes de distribuidoras como a Cemig ocorre por determinação da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), após vistoria técnica da Aneel indicar que a recomposição do sistema pela Enel avança em ritmo inferior ao esperado.
Pessoas negras
A Assembleia Legislativa de Minas Gerais aprovou, nesta terça-feira, em segundo turno, o Projeto de Lei nº 438/2019, que institui a reserva de, no mínimo, 20% das vagas para pessoas negras nos concursos públicos do estado. A proposta é de autoria das deputadas Leninha (PT), Andréia de Jesus (PT) e Beatriz Cerqueira (PT).
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Notificação
As concessionárias prestadoras de serviços de água, luz e gás terão de notificar previamente os consumidores sobre a suspensão dos serviços, seja por falta de pagamento de conta ou por necessidade da prestadora. A proposta de autoria do deputado Raul Belém (Cidadania) foi aprovada na forma do substitutivo nº 1, da Comissão de Defesa do Consumidor e do Contribuinte. Com modificações em relação ao texto aprovado em 1º turno, o Projeto de Lei (PL) 4.028/22 foi aprovado na Assembleia em segundo turno.
