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Estará o PSD em Minas mais próximo de Mateus Simões?
A esta altura, todos mantêm o olhar para os movimentos da política em modo de campanha – ou seja, com as vistas voltadas ao campo aberto da batalha
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18/06/2025 06:00
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A articulação que colocou à mesma mesa do Ministério das Minas e Energia, em Brasília, o presidente estadual do PSD, na segunda-feira, 16/6, o deputado estadual Cássio Soares, o governador em exercício, Mateus Simões (Novo) e o ministro Alexandre Silveira (PSD), não foi bem-recebida por interlocutores do senador Rodrigo Pacheco (PSD) que, neste momento, estudam o terreno para lançá-lo ao governo de Minas. O encontro em princípio para discutir a implantação de um gasoduto no Sul de Minas, entre Extrema e Pouso Alegre, foi interpretado como uma aproximação de Mateus Simões e Silveira – até aqui crítico contundente do governador Romeu Zema (Novo) – que sinalizaria para eventual filiação de Simões ao PSD. Fotos da reunião foram parar nas mídias digitais de Cássio Soares e, nesta terça-feira, Mateus Simões fez divulgar o encontro pela agência oficial de notícias do governo.
Tal aproximação se dá no contexto em que o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos) – preferido do presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab para concorrer ao Palácio do Planalto – é o protagonista da propaganda partidária do PSD dirigida ao público paulista. Dos sete vídeos que desde segunda-feira até 27 de junho estão no ar, cinco citam Tarcísio, ligado ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Ao mesmo tempo, embora Jair Bolsonaro insista na tese de que será o candidato à presidência da República, Republicanos e PSD, que integram o governo paulista, têm a leitura de que a inelegibilidade de Bolsonaro não será revertida. Ambos integram o governo Lula, mas trabalham para viabilizar a candidatura de Tarcísio de Freitas para enfrentar a reeleição do presidente Lula (PT). Apostam que será candidato ao Planalto mais competitivo do que Eduardo Bolsonaro (PL), filho e deputado licenciado, auto-exilado nos Estados Unidos.
Essa movimentação no plano nacional, abre perspectivas de alianças para Mateus Simões em Minas Gerais. A legenda de Mateus Simões, o Novo, não tem bancada federal, portanto, não dispõe de tempo de antena nem de fundo eleitoral. No ano passado, ele esteve com Gilberto Kassab em São Paulo. A eventual filiação foi deixada em aberto, aguardando posicionamento do senador Rodrigo Pacheco em relação à sua eventual candidatura em Minas.
Caso Pacheco opte por não concorrer, a tendência do PSD, que já está na base de Zema na Assembleia Legislativa, é de apoiar a reeleição de Mateus Simões. Até aqui, Mateus Simões é o único pré-candidato confirmado ao governo de Minas. Na prática é quem está governando e, a partir do início do ano que vem, assumirá em definitivo, com a desincompatibilização de Romeu Zema que está em pré-campanha à Presidência da República.
O PSD no plano nacional caminhando com o campo bolsonarista contra a reeleição de Lula (PT) levará Pacheco a mudar de partido, uma vez que, em Minas, a sua eventual candidatura terá o respaldo das legendas da direita moderada, do centro e da esquerda. O senador tem convite para se filiar ao MDB e ao PSB. Mas o União Brasil é, nesse cenário, o partido mais provável, que lhe daria estrutura de campanha, uma vez que federada ao PP, terá mais de 20% do tempo de antena e do fundo eleitoral.
Interlocutores de Pacheco estão em campo trabalhando para nivelar apoios e delimitar o campo de aliados. Enxergam em Minas uma disputa entre dois campos. De um lado o bolsonarista, que tentará unificar as pré-candidaturas do senador Cleitinho e do deputado federal Nikolas Ferreira (PL) em torno de Mateus Simões. Do outro lado, a construção de Pacheco terá o apoio de Lula, articulando da direita moderada à esquerda.
A esta altura, todos mantêm o olhar para os movimentos da política em modo de campanha – ou seja, com as vistas voltadas ao campo aberto da batalha. Buscam não apenas o que veem; mas também o que está subentendido. Estão certos de que, nas palavras de Cícero, se é raro um homem fiel à sua palavra, na política, é quase um milagre.
Ser ou não ser
Na audiência pública da Assembleia Legislativa que discutiu a valuation da Codemig, em meio aos embates entre deputados estaduais da base e da oposição ao governo Zema, Cássio Soares (PSD), líder do Bloco Minas em Frente sugeriu à oposição: “Quem tem mais relação com o governo federal marque uma reunião com o BNDES”. A deputada Beatriz Cerqueira (PT), retrucou: “Uai, mas o PSD não é base do governo Lula?”
Bolsa de apostas
Com a aposentadoria do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso sendo novamente discutida para setembro, ao final de sua gestão à frente da Corte, a bolsa de apostas em Brasília mantém dois nomes em alta: Rogério Favreto, desembargador Federal do Tribunal Regional Federal da 4ª Região e Jorge Messias, Advogado-Geral da União. Na hipótese de que a aposentadoria de Barroso seja antecipada – há alguns anos o ministro a cogitou, no contexto em que sua esposa, Tereza Barroso, falecida em 2023, se tratava de um câncer –, no Congresso, há um movimento em apoio ao senador Rodrigo Pacheco.
Bets
Os vereadores Pedro Rousseff (PT) e Wagner Ferreira (PV) são autores de projetos de lei que proíbem a veiculação de publicidade de apostas virtuais e jogos de azar, popularmente conhecidos como o jogo do “Tigrinho”, em espaços públicos da capital mineira. A administração pública também fica impedida de firmar convênios, parcerias ou acordos com pessoas físicas ou jurídicas que promovam, representem, operem ou mantenham plataformas de apostas e jogos de azar, ainda que de forma indireta.
Previdência e precatórios
Representantes do Sindicado dos Auditores Fiscais e Auditores Técnicos de Tributos Municipais de Belo Horizonte (Sinfisco), do Sindicato dos Servidores do Legislativo do Município de Belo Horizonte (SindslemBH) e da Associação dos Procuradores do Município (Aprom) entregaram ao presidente nacional do MDB e deputado federal Baleia Rossi (SP) sugestões técnicas para a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 66/2023, que trata do pagamento de precatórios e o parcelamento de dívidas previdenciárias. Baleia Rossi é relator. O encontro foi articulado pelo presidente municipal do MDB, Gabriel Azevedo, em Belo Horizonte, no sábado passado. Baleia esteve na capital mineira para a convenção estadual do MDB.
Alternativa
A PEC 66/2023 está em análise na Câmara dos Deputados terá grande impacto para os municípios. De autoria do senador Jader Barbalho (MDB-PA), durante sua tramitação no Senado, a proposta recebeu uma emenda substitutiva do senador Alessandro Vieira (MDB/SE), que previa a aplicação automática das regras previdenciárias da União a todos estados e municípios. A emenda foi considerada inconstitucional por afrontar a autonomia de Estados e Municípios. As entidades de classe apresentaram a Baleia Rossi uma alternativa técnica para o impasse: defendem que municípios de grande porte e com gestão previdenciária qualificada tenham garantida sua autonomia legislativa, desde que cumpram critérios objetivos de governança, solvência e transparência do Indicador de Situação Previdenciária (ISP-RPPS), ferramenta oficial do Ministério da Previdência.
As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.