
Fisioterapia ajuda no tratamento de lipedema
Especialista explica os sintomas da doença e os tratamentos disponíveis, com destaque para o papel crescente da fisioterapia entre os cuidados
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Dor e sensibilidade nas pernas, hematomas que aparecem com facilidade, mobilidade reduzida. Esses são alguns dos sintomas do lipedema, doença crônica que afeta predominantemente mulheres. Estima-se que, no Brasil, por exemplo, esteja presente em aproximadamente 12% da população feminina.
O quadro se caracteriza também pelo acúmulo desproporcional de gordura, principalmente nas pernas (coxas, panturrilhas e também na cintura), e, às vezes, nos braços, enquanto geralmente poupa os pés, as mãos e o tronco. Apesar de comum, apenas em 2019 a Organização Mundial de Saúde (OMS) classificou o lipedema como doença.
Para que o quadro não se agrave, o diagnóstico precoce é fundamental, como explica o fisioterapeuta e professor espanhol Curro Millán.
“O problema do lipedema é que é uma lipodistrofia dolorosa. Na sintomatologia, a dor é soberana – dor à palpação, dor estática, dor disfuncional que não permite uma vida normal, cotidiana, impactando o trabalho e atividades como brincar com os filhos”, contextualiza o especialista, que é presidente da Associação Espanhola de Fisioterapia Dermatofuncional e CEO da Lipedema Experts.
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Segundo ele, outros sintomas característicos incluem formigamento intenso, equimoses por fragilidade capilar e sensação de peso nas pernas. “Se isso está associado a mãe ou avó com lipedema, é quase líquida e certa a existência da doença”.
Millán explica que, atualmente, uma revolução está transformando o tratamento do lipedema: a fisioterapia, que antes tinha papel coadjuvante, tornou-se protagonista no combate a essa condição.
“Há menos de duas décadas, havia cerca de 66 publicações disponíveis sobre o tema no PubMed (base de dados on-line de pesquisas científicas). Hoje, são cerca de 60, ou seja, este ainda é um campo inexplorado em diversos aspectos. Por isso, para quem quer aprender e contribuir no tratamento do lipedema, existem inúmeras oportunidades de aprofundamento”, comenta.
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Uma das principais tendências atuais é a pressoterapia (equipamentos que exercem pressão controlada na área a ser trabalhada), especialmente nas fases iniciais do tratamento e como manutenção pós-cirúrgica.
A pressoterapia cumpre funções múltiplas: melhora significativamente a drenagem linfática, reduz a sensação de peso que afeta as pacientes, e ajuda a manter os resultados obtidos com outros tratamentos. É especialmente efetiva em pacientes de estágios 1 e 2, quando é possível obter melhorias consideráveis sem intervenção cirúrgica.
Outra abordagem é a utilização de esteira de corrida com tecnologia de vácuo e raio infravermelho. “Na prática, a paciente caminha ou corre em uma esteira dentro de uma câmara selada da cintura para baixo, onde se aplica pressão negativa (vácuo) combinada com calor infravermelho. Isso cria um ambiente único que melhora significativamente a circulação tanto sanguínea quanto linfática, reduz o impacto nas articulações, permitindo exercício mesmo em pacientes com dor e potencializa a queima de gordura localizada através do calor infravermelho”, detalha Millán.
Por último, o especialista deixa uma recomendação. “É importante sermos cautelosos com as promessas de tecnologias milagrosas. O lipedema requer uma abordagem integral e especializada. Essas tecnologias podem ser complementares, mas nunca substitutos do tratamento médico adequado e, em casos avançados, da intervenção cirúrgica especializada.”
As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.