Saneamento básico. Esgoto na rua. -  (crédito: Minervino Júnior/CB/D.A.Press)

A Região Norte d país mostrou a menor taxa de domicílios com rede de esgoto: 22,8%

crédito: Minervino Júnior/CB/D.A.Press

Segundo o Censo de 2022, 62,5% da população brasileira mora em domicílios conectados à rede de coleta de esgoto. Esse índice era de 44,4% em 2000 e subiu para 52,8% em 2010. Os dados foram divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nesta sexta-feira (23/2).

No entanto, o levantamento mostra que quase um terço dos brasileiros vivem em casas sem coleta de esgoto. O Censo também revela que as restrições de acesso a saneamento básico são maiores entre pretos, pardos e indígenas

“Entre os serviços que compõem o saneamento básico, a coleta de esgoto é o mais difícil, pois demanda uma estrutura mais cara do que os demais. O Censo 2022 reflete isso, mostrando expansão do esgotamento sanitário no Brasil, porém com uma cobertura ainda inferior à da distribuição de água e à da coleta de lixo”, explica Bruno Perez, analista da pesquisa.

Os dados do IBGE apontam que os moradores do Sudeste são mais atendidos por rede coletora de esgoto, com 86,2% da população atendida. Em contrapartida, a região Norte mostrou a menor taxa nesse indicador, com 22,8%. Entre as unidades federativas, São Paulo foi a que mais se destacou positivamente, com 90,8%, enquanto que no Amapá, apenas a rede de esgoto alcança taxa de apenas 11%.

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Na comparação entre 2010 e 2022, todas as unidades da federação registraram crescimento da proporção da população que reside em domicílios com coleta de esgoto. Porém, apesar dos avanços observados, 3.505 municípios brasileiros tinham menos da metade da população morando em domicílios com coleta de esgoto.

“A presença da rede de esgoto está relacionada ao contingente populacional de cada município. Há uma tendência de municípios com mais de 500.000 habitantes terem rede de esgoto mais robusta. Isso ocorre, em parte, devido à dificuldade de implementação do serviço em locais com menor densidade populacional, sendo necessária uma rede mais extensa para chegar ao mesmo número de pessoas de um município maior”, pontua o analista Bruno.

Banheiros e descarte de lixo

 

O Censo também revela que, em 2022, havia no mínimo um banheiro de uso exclusivo em 71,0 milhões de domicílios, onde residem aproximadamente 197,5 milhões de pessoas. O número corresponde a 97,8% da população brasileira. O termo "uso exclusivo" é referente a banheiros que são utilizados apenas pelos moradores dos domicílios e seus hóspedes.

“A presença de banheiros nos domicílios brasileiros vem aumentando. O Censo 2010 havia registrado que 92,3% da população morava em domicílios com banheiro de uso exclusivo. Em 2022 esse índice cresceu 5,5 pontos percentuais. O número de banheiros em cada domicílio também tem subido. Em 2010, 71,5% dos domicílios com banheiro de uso exclusivo tinham apenas um banheiro, proporção que em 2022 caiu para 66,3%, indicando uma alta de 5,2 pontos percentuais na participação de domicílios com dois ou mais banheiros”, destaca Bruno.

O IBGE também analisou o descarte do lixo. O tipo mais frequente foi o “coletado no domicílio por serviço de limpeza”, com 82,5% da população residindo em domicílios nos quais esse era o destino do lixo. Depois, aparece o “depositado em caçamba de serviço de limpeza”, feito por 8,4% da população. Em 2022, 90,9% da população residia em domicílios com coleta direta ou indireta de lixo. Os 9,1% restantes recorriam a soluções locais ou individuais para a destinação do lixo.

 

Desigualdades

 

As faixas etárias mais jovens enfrentam maior precariedade no acesso a saneamento básico. Na população entre 0 e 4 anos, 3,4% residiam em domicílios sem canalização de água, no grupo com 60 anos ou mais, essa proporção foi de 1,9%. Em relação a ausência de banheiro, os índices obtidos foram de 0,9% no grupo entre 0 e 4 anos, e 0,4% no grupo com 60 anos ou mais.

Além disso, as pessoas de cor ou raça amarela, seguidas das brancas, tiveram as maiores proporções de acesso a redes de serviços de saneamento básico e maior índice de presença de instalações sanitárias nos domicílios. As pessoas de cor ou raça preta, parda e indígena obtiveram proporções menores. 

“Esse panorama está ligado à distribuição regional dos grupos, com presença maior da população de cor ou raça preta, parda e indígena no Norte e Nordeste, regiões com menor infraestrutura de saneamento. Em todos os 20 municípios brasileiros mais populosos, a população de cor ou raça branca tem mais acesso a abastecimento de água, esgotamento sanitário e coleta de lixo do que a população de cor ou raça preta, parda e indígena”, diz Bruno.