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Estado de Minas Série brasileira

Janete, a face real do Brasil

"Aquela mulher é dele, e passa muito isso, a submissão da Janete, ela sendo aquele ser manipulado pelo marido, que vai perdendo sua identidade"


31/01/2021 04:00

Janete (Camila Morgado) acredita amar o marido algoz, o policial Brandão (Eduardo Moscovis)(foto: Suzana Tierie/divulgação)
Janete (Camila Morgado) acredita amar o marido algoz, o policial Brandão (Eduardo Moscovis) (foto: Suzana Tierie/divulgação)
Sucesso de público e crítica, Bom dia, Verônica estreou na Netflix em outubro, mas a série brasileira repercute e colhe frutos – sobretudo, o elenco. Até hoje, a personagem Janete reverbera na carreira da atriz Camila Morgado, que dá vida à mulher presa a um relacionamento abusivo, de forma realista, precisa, primorosa. Os elogios são merecidos, assim como os prêmios.

Neste início de 2021, ela conquistou os dois troféus: de Melhor atriz coadjuvante, no Prêmio Brasileiro de Teledramaturgia, e de Melhor atriz, no Prêmio da Associação Paulista de Críticos de Artes (APCA). Ano passado, Camila levou o Prêmio Contigo!

“Foi muito bom dividir o prêmio da APCA com a Tatiana Tibúrcio (por Falas negras, da Globo). Fiquei muito emocionada, porque ela também faz uma mulher que fala de um tema real, de algo que aconteceu. Então, ela ter sido premiada e eu também, fazendo a Janete, que representa todas as mulheres que sofrem violência doméstica, psicológica, física, é muito simbólico”, diz Camila. Tatiana dá vida a Mirtes, mãe do menino Miguel Otávio, que caiu de um prédio no Recife, após ela deixar o filho sob os cuidados da patroa.

Em Bom dia, Verônica – inspirada no livro de Ilana Casoy e Raphael Montes, com direção de José Henrique Fonseca –, a Janete de Camila Morgado é a mulher subjugada pelo marido algoz, o policial Brandão (Eduardo Moscovis), que esconde a face violenta de serial killer.

Com o tempo, Brandão vai cerceando a liberdade e a ligação da mulher com o mundo exterior. Sem contato com amigos ou família, ela acaba se isolando, tal e qual ocorre em relacionamentos abusivos na vida real.

“Estamos vendo agora na pandemia como aumentaram os casos de feminicídio, de violência doméstica”, observa Camila. “São temas que fazem parte da nossa realidade. O Brasil é o quinto país que mais mata mulheres. Eu e o Du sempre falávamos sobre isso: o Brandão vê a Janete como propriedade dele, aquela mulher é dele, e passa muito isso, a submissão da Janete, aquele ser manipulado pelo marido, que vai perdendo sua identidade, os laços com a família.”

"Estamos vendo agora na pandemia como aumentaram os casos de feminicídio, de violência doméstica. São temas que fazem parte da nossa realidade"

Camila Morgado, atriz



Jogo 
A sintonia em cena entre Camila e Moscovis se mostra fundamental na narrativa. Existe um jogo muito intenso, na medida certa, entre os dois. O casal tem grande importância na trama, assim como a protagonista, a escrivã Verônica (Tainá Müller), que inicia uma jornada sem precedentes após testemunhar, na delegacia onde trabalha, o suicídio de uma mulher enganada por um homem. É Verônica quem escuta, acolhe Janete, e tenta tirá-la dessa relação, do domínio daquele homem que a chama de “Passarinha”, apelido que causa arrepios a quem assiste à série.

E como foi construir Janete? “Pensei muito em trabalhar o silêncio, o vazio. Pensava muito nessas coisas, porque é uma mulher que fica dentro de casa e sai pouquíssimo. A casa é a própria prisão, é o cativeiro” diz. Preste atenção no olhar de Camila, na postura de seu corpo, para dentro, como se Janete quisesse se esconder, ficar invisível. “Ela vai perdendo toda a vaidade, é como se estivesse num outro tempo”, explica.

Na época em que a produção da Netflix foi lançada, Camila iniciava as gravações, no Uruguai, de outra série para a Amazon. Sobre a nova atração, ainda sem nome, ela diz que não pode adiantar detalhes.

 “Faço uma advogada criminalista”, comenta. As filmagens devem ser retomadas entre fevereiro e março.

Por causa da pandemia, Camila Morgado ficou o ano passado praticamente sem trabalhar. Parou de procurar textos para teatro e, por ora, não há projetos previstos para cinema ou TV. As produções, de maneira geral, foram adiadas ou canceladas.

Ver esse cenário para o teatro e o cinema no Brasil a entristece, assim como a falta de ajuda do governo. “Sei que a gente está atravessando uma pandemia, mas esse projeto de destruição (da arte) começou antes da COVID”, afirma Camila Morgado.

Alento 
Assim, o lançamento de Bom dia, Verônica e as gravações da série da Amazon surgiram como alentos para ela. “Fico muito contente de fazer parte de uma série como Bom dia, Verônica, que é voltada para o entretenimento, e falar de um tema tão importante e urgente como esse”, conclui. A plataforma Netflix já confirmou que a atração vai ganhar a segunda temporada. (Estadão Conteúdo)

BOM DIA, VERÔNICA
» Primeira temporada, oito episódios
» Disponível na Netflix

















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