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Estado de Minas carreira

"Mentalmente, estou inteiro"

Aos 83 anos, Reginaldo Faria reavalia sua atuação na reprise de Totalmente demais. Ator reconhece limitação física, mas diz que 'não se ausenta dos fatos' e critica política nacional


16/08/2020 04:00

Em Totalmente demais, o bon vivant Maurice (Reginaldo Faria) é marido de Stelinha (Glória Menezes)
Em Totalmente demais, o bon vivant Maurice (Reginaldo Faria) é marido de Stelinha (Glória Menezes) (foto: Estevam Avellar/GLOBO)
Quem viu Totalmente demais em 2015 já sabe, mas o que Maurice, papel de Reginaldo Faria, vem fazer na trama? Stelinha (Glória Menezes) refere-se ao marido como playboy, perdulário, mulherengo. Ele é? "O personagem, mais para bon vivant do que para playboy, resistiu ao máximo a voltar para a vida regrada. Entretanto, a idade pesa e o retorno ao lar deveria servir como uma boa dosagem de conforto, tendo, evidentemente, Stelinha como seu porto seguro", declara Reginaldo. 

Que lembrança guarda de Maurice? "Nunca tive experiência como bon vivant. Como ator, imagino; como leitor ou espectador, tiro minhas conclusões; como artista, coloco em prática. E, então, carrego em mim o limite da aceitação, me divertindo ou não", acrescenta. Em Totalmente demais, novela que está sendo reprisada na faixa das 19h na Globo, ele é pai do protagonista Arthur (Fábio Assunção).

Reginaldo iniciou a carreira de ator nos anos 1950, dirigido pelo irmão Roberto Farias em No mundo da Lua e por Watson Macedo em Aguenta o rojão. Em 1960, Roberto iniciou com ele, em Cidade ameaçada, uma trilogia informal que prosseguiu com O assalto ao trem pagador e Selva trágica, todos clássicos do cinema brasileiro. Nos anos 1970, na verdade, em 1969, o próprio ator tornou-se diretor com Os paqueras. Na TV, fez novelas a perder de vista, desde Ilusões perdidas, de 1965, a Espelho da vida, exibida entre 2018 e 2019. Ele está vendo Totalmente demais? "Sou muito crítico comigo mesmo. Irrito-me pelas coisas mais simples que fiz. Então, para não me ferir e não ferir os que amaram fazer, não vejo."

São mais de 60 anos de uma carreira extraordinária, que teve grandes momentos – Reginaldo Faria está com 83 anos. Quando jovem ninguém pensa nisso, mas agora como ele revê sua trajetória? "Fisicamente posso não dar conta, mas mentalmente estou inteiro. Repetiria tudo outra vez, com muita alegria." Como vive o isolamento social na pandemia? "Antes não me concentrava nas coisas por ser levado às coisas seguintes. Agora me concentro e faço tudo por inteiro, tenho todo o tempo do mundo. Não me ausento dos fatos, rechaço e me decepciono com os da nossa espécie que, nesta época tão triste, tiram proveitos inescrupulosos. Chego a pensar que nem o desprezo por eles é suficiente." O Brasil? "Um gigante que não deveria aceitar a desigualdade entre os homens, que deveria combater os que pensam conquistar através do mando."

SONHOS TRAVADOS Algum novo plano de filme? "Plano nenhum. Vejo na Netflix infindáveis minisséries de diversas nações e pouca coisa produzida ou apoiada em nosso país. Antes lutávamos pela igualdade nas salas de exibições de filmes; na década de 1970 conquistamos metade do nosso mercado, concorrendo com os estrangeiros. Veio para cá um tal de Jack Valenti, da Motion Pictures, e travou nosso sonho; Collor de Mello aniquilou a Embrafilme e a classe se esfacelou. Hoje, a juventude vive dos filmes que faz (enquanto filma) e os exibidores só aceitam os que se enquadram nos perfis de seus interesses. Os que deviam nos apoiar estão em Brasília se engalfinhando em busca de poder político." (Estadão Conteúdo)



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