Isis Valverde está encantada com Betina, personagem que interpreta na novela Amor de mãe (Globo). Segundo a atriz, a mensagem social que a enfermeira transmite serve de alerta para mulheres vítimas de relacionamentos abusivos. Betina é vítima do ex-marido Vicente (Rodrigo Garcia), que não aceita a separação. Além disso, vive um amor complicado com Magno (Juliano Cazarré), pois cuida da mulher dele, Leila (Arieta Corrêa), em coma há oito anos. Sem contar que o frentista acredita ter matado o irmão da moça, Genilson (Paulo Gabriel).
Nesta entrevista, a atriz mineira, de 32 anos, fala sobre os conflitos de Betina, de sua relação turbulenta com Magno e chama a atenção para o drama conjugal da personagem. Isis também diz como se sente num folhetim que aborda a maternidade depois de se tornar mãe de Rael, de 1 ano, fruto do seu casamento com o modelo André Resende.
Ser mãe muda a maneira como você vê a temática da novela?
Pra mim, interpretar uma filha é muito mais intenso hoje. Não sei se é só comigo que está acontecendo isso. Quando me tornei mãe, olhei para a minha vida de uma forma totalmente diferente. Era como se o amor tivesse triplicado. É muito mais forte do que imaginava. É muito especial ser a Betina.
Tem sido difícil sair para trabalhar e deixar seu filho?
Todos os dias é, mas ele está bem, com o pai. Às vezes, dói o coração. Porém, acho que faz parte. Se abdicar da minha vida profissional, vou acabar infeliz. Então, tenho de tentar conciliar, mesmo que sofra um pouquinho no início.
Como é educar um filho neste mundo marcado pelo machismo?
Não acho que só os homens sejam machistas, muitas mulheres também são. Tanto a mulher quanto o homem devem ser educados da mesma forma. Vou dar o melhor de mim. Espero que meu filho saiba que as pessoas são diferentes e, ao mesmo tempo, têm direitos iguais. Não é fácil criar um ser humano.
Como você analisa a questão do relacionamento abusivo?
Queria ser amiga da Betina. Ela tem uma vida da qual você fala: 'Cara, não estou acreditando que vai passar por isso'. São muitos acontecimentos intensos. Estou feliz por levar para a sociedade essa questão da violência contra a mulher. Betina passa por um relacionamento abusivo tanto fisicamente quanto verbalmente. A novela mostra o medo, a dificuldade de abrir essa situação para as outras pessoas. Acho importante mostrar, porque o silêncio mata. Essas mulheres são sobreviventes, pois um cara poderia matá-las. Se elas guardam segredo sobre as agressões, correm o risco de morrer. É importante colocar isso em uma novela que o povão vai assistir.
A relação de Betina e Magno também é tumultuada. Como se desenvolverá essa história de amor?
Não posso falar muito, mas existe muita verdade, cumplicidade e clareza ali. Não é um relacionamento obscuro. Os dois estão em situação ruim, saindo de relações complicadas. O amor pode nascer de uma forma muito torta. Nem sempre é num dia de sol ou com o mar calmo. Às vezes, é durante uma tormenta. Cabe a você aceitar ou não.
O público pode ter raiva da Betina por se envolver com o Magno enquanto a mulher dele está em coma?
Tudo depende da forma como você conduz. O amor dos dois é bem sincero. Quando duas pessoas expõem a verdade, é difícil ficar contra. É mais fácil torcer contra quem quer estragar isso. Gente, a pessoa está em coma há oito anos! O cara cuida dela durante todo esse tempo porque tem dó, pena. (Estadão Conteúdo)