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Estado de Minas REDES SOCIAIS

Considerada um anti-Facebook, Ello está na fase de curiosidade de usuários


postado em 07/10/2014 09:55 / atualizado em 07/10/2014 10:39

Analista de redes sociais, Raiane Oliveira acha que a nova rede vai atrair designers e artistas (foto: Beto Magalhães/EM/D.A PRESS )
Analista de redes sociais, Raiane Oliveira acha que a nova rede vai atrair designers e artistas (foto: Beto Magalhães/EM/D.A PRESS )
 

O barulho provocado pela Ello – rede social que chegou chegando, com direito a manifesto e 40 mil solicitações de convite por hora – fez estremecer a hegemonia do Facebook. Muitos já se adiantaram e elegeram a iniciante como herdeira do legado de Mark Zuckerberg, que, estima-se, pode perder até 80% dos usuários até 2017, à semelhança do que ocorreu com o recém-extinto Orkut. Mas será que esse é mesmo o futuro das redes sociais? Analistas garantem que ainda é muito cedo para destronar o gigante do Vale do Silício e colocar em seu lugar o estreante de Vermont.


“As pessoas vão para onde os amigos estão. Se quem elas conhecem e seguem estiver na Ello, elas migrarão para lá. Mas só o tempo vai dizer se isso ocorrerá”, afirma Grazielle Mendes Rangel, coordenadora do curso de redes sociais do Ibmec. As dúvidas em torno da perenidade da Ello têm motivo. A começar pelo fato de ainda estar em beta – ou seja, em fase de desenvolvimento e testes – e carecer de uma série de ajustes até que a versão final se aproxime dos anseios do público. A enxurrada de usuários que está recebendo neste momento pode comprometer a permanência de quem não teve uma primeira impressão positiva da ferramenta, mesmo sabendo que ela ainda pode melhorar bastante.

“Essa fase inicial é de muita curiosidade e as pessoas vão entrando. Mas, depois, vai ficar muito perfil morto”, prevê o analista de mídias sociais, Anderson Araujo. Toda essa curiosidade foi atiçada pelo manifesto apresentado pelos criadores da Ello, que ganhou mais visibilidade depois que o Facebook anunciou que só aceitaria nomes verdadeiros no cadastro de usuários. O texto de apresentação da Ello começa categórico: “Sua rede social é propriedade de anunciantes”, em referência ao Facebook. Além de condenar o bombardeio de propagandas, critica a manipulação e coação às quais o usuário está sujeito. E termina de forma enfática: “Você não é um produto”.

Para Grazielle, está aí uma das grandes sacadas da novidade e uma das razões para o boom repentino. “Ela vem com um manifesto e se propõe a ser uma rede que resgata a ideia de espaço para conexões, com respeito à privacidade e sem anúncio”, explica a especialista. O fato de se mostrar como uma alternativa ao Facebook também chama a atenção. “Ela surge como um anti-Facebook, onde as pessoas reclamam não apenas do número de anúncios, mas também da manipulação da timeline e até do crescimento desenfreado, o que as faz perder o interesse e propósito de estarem ali, as principais motivações para permanecerem numa rede social”, avalia a professora.

A ideia do convite, original do Orkut, também aguçou o interesse num primeiro momento. Tanto é que senhas de acesso que só seriam recebidas de amigos que já estavam cadastrados chegaram a ser comercializadas. Agora, a própria Ello gera os códigos de acesso imediatamente no site. “Gostei bastante da interface e acho que a Ello une o melhor do Twitter, do Tumblr, de blogs e do Facebook”, afirma a analista de redes sociais Amanda Tavares, de 23 anos. Para Raiane Oliveira, analista de redes sociais da Plan B Comunicação, a Ello é amigável e parece ter uma proposta de atingir o público criativo como artistas e designers. “O leiaute também é muito interessante, clean e minimalista”, avalia Raiane. Amanda reconhece que a proposta da ferramenta é de ser menor que o Facebook e permitir postagens mais livres. “A maneira como a Ello se apresenta é bem única e original”, reforça.

E agora?

Para Amanda Tavares, algumas coisas ainda estão confusas, como o feed e a classificação de amigos. Anderson Araujo questiona a forma como a rede social ganhará dinheiro. “A proposta é cobrar por recursos extras, mas acho que os usuários não estão muito abertos a isso, o que pode ser visto na própria venda de aplicativos”, afirma. A cultura da gratuidade faz com que a tolerância seja maior, inclusive, para os anúncios. “Essas propagandas estão cada vez mais segmentadas e a tendência é de que sejam cada vez melhores e a cara do consumidor. Por isso, vejo que, em algum ponto, a Ello vai acabar perdendo com essa cobrança”, prevê. A verdade é que o Facebook dificilmente ficará de braços cruzados frente à ameaça. “Ele se adapta ao uso que as pessoas lhe dão”, afirma Raiane, que ainda não vê a possibilidade de extinção da rede social de Mark Zuckerberg. “Muitas outras surgiram e não ganharam força. É muito precipitado garantir que a Ello irá se popularizar a esse ponto”, afirma.

 

Página com regras: todo mundo vê o que todo mundo posta e não é possível bloquear ou denunciar usuário (foto: Funzine.hu/Reprodução da internet)
Página com regras: todo mundo vê o que todo mundo posta e não é possível bloquear ou denunciar usuário (foto: Funzine.hu/Reprodução da internet)

CONFIRA O MANIFESTO DA ELLO NA ÍNTEGRA

“Sua rede social é propriedade de anunciantes. Todo post que você compartilha, todo amigo que adiciona e todo link que segue é monitorado, registrado e convertido em dados. Anunciantes compram seus dados para que possam te mostrar mais anúncios. Você é o produto que é comprado e vendido. Nós acreditamos que há um caminho melhor. Acreditamos na ousadia. Acreditamos na beleza, simplicidade e na transparência. Acreditamos que as pessoas que fazem e aquelas que utilizam deveriam ser parceiras. Nós acreditamos que uma rede social deve ser uma ferramenta de fortalecimento. Não uma ferramenta para enganar, coagir e manipular, mas um lugar para conectar, criar e celebrar a vida. Você não é um produto.”

O QUE VEM POR AÍ

» Introdução do botão “love”, com a mesma função do “curtir”, do Facebook
» Monetização a partir da venda de recursos para personalização da página. Dessa forma, surgiriam usuários premium, com mais benefícios que os demais. Os valores devem variar entre US$ 1 e US$ 2 e serão vendidos como ocorre com os aplicativos
» Bloqueio de usuários
» Central de notificações
» Integração com outras redes sociais como Instagram e YouTube 

 

Prós

» Anúncios
A empresa se compromete a não vender informações dos perfis para terceiros, o que também agrada.

» GIFs
Na Ello, a febre das imagens animadas tem terreno fértil para se desenvolver. Basta arrastar e soltar o GIF na área de publicação do status – chamada de “say Ello” – e pronto. O Facebook ainda não conseguiu tornar o compartilhamento de GIFs no mural uma tarefa fácil. Tem gente que nem sabe que isso é possível.

» Timeline
Você só vai ver o que quer, ou seja, o que os amigos estão postando. Nada de saber o que os amigos dos amigos estão curtindo ou comentando. Tem também a opção de apenas seguir outros perfis, à semelhança do que ocorre no Twitter. As duas redes de relacionamento estão separadas entre friends (amigos) e noise (onde você inclui perfis com os quais não tem relação cotidiana e só está interessado em visualizar, de forma compacta, as atualizações).

» Visual
Mais limpo e minimalista, como gostam de dizer os usuários mais descolados. A facilidade de ver o próprio perfil e, na mesma página (é preciso apenas recolher uma aba e expandir a outra) acompanhar a atualização dos “friends” e “noise”.

Contras

» Privacidade
Não existe ajuste de privacidade. Qualquer pessoa que quiser te seguir pode. Não há nenhum controle sobre isso. Não é permitido definir quem pode ver suas  publicações. Todo mundo vê o que todo mundo posta. Além disso, nada de bloquear ou denunciar outro usuário. Isso não existe.

» Chat
Não tem. É até possível mandar uma mensagem privada, mas não é tão cômodo como no Facebook. Na caixa de texto “say Ello”, é preciso colocar @ antes do nome do usuário com o qual vai iniciar a conversa. Depois, é só clicar no ícone mensagem.

» Notificações
Toda a movimentação da sua conta é notificada por e-mail e não dentro do site.

» Interatividade
Nada de curtir a publicação alheia. Na Ello, os usuários só sabem o número de visualizações que seu post
teve, nada mais. Além disso, não podem escrever nada no mural do amigo, o que pode
ser um retrocesso principalmente para quem só parabeniza os conhecidos por meio dessa ferramenta.

 

Quem está por trás da Ello?

A Ello foi criada pelo analista de computação norte-americano Paul Budnitz, de 47 anos, que começou sua carreira quando ainda estava no colégio. Ele vendia roupas que ele mesmo criava para lojas de museus ao redor do mundo. Depois, criou videogames para o legendário computador doméstico Commodore 64. No fim os anos 1980 e início de 1990, Budnitz se dedicou ao estudo da fotografia, escultura e cinema na Universidade de Yale. Seus dois primeiros filmes, 93 milhões de milhas e Ultravioleta, foram premiados no Festival de Berlim, sendo distribuídos no mundo todo. Em 1997, Budnitz começou a gravar para si filmes de 16mm em minidiscos, na época um novo formato que conheceu em viagem ao Japão. Bastou para transformar isso num negócio de US$ 10 bilhões com a criação da Minidisco.com, que customizava áudio para filmes. O software foi criado por ele mesmo, na garagem de casa, segundo seu site. Budnitz se dedicou também à criação de bicicletas de luxo, criando a Budnitz Bicycles. Mas tudo isso ainda era pouco para Paul. Criativo, inquieto, inovador, lançou diversos livros e exibições de arte, criou diversas companhias até fundar a Kidrobot, uma das mais importantes empresas de toy art do mundo. Confira mais sobre a vida dele em sua página na internet: paulbudnitz.com.


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