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Estado de Minas

Facebook é pressionado por causa de páginas machistas

Após protestos, rede reformula diretrizes e páginas que reforçam a cultura da violência contra a mulher devem perder anonimato


postado em 06/06/2013 08:51 / atualizado em 06/06/2013 13:09

Sempre mal-intencionado, ele é famoso por seu apetite voraz e seu talento para soprar os abrigos de porquinhos indefesos. O lobo mau dos contos infantis também gosta de atacar as mocinhas. Nas histórias virtuais não é diferente: animais insanos agridem mulheres por meio de páginas ditas de humor negro no Facebook. “Estuprar é arte. Traumatizar faz parte”, lê- se em um dos posts revoltantes da fan page Lobo da Insanidade (https://on.fb.me/11hgcLm). A página já foi denunciada por milhares de usuários no site, saiu do ar, mas retornou à rede social em 2013. Cerca de 3 mil pessoas curtiram o conteúdo – endossando o discurso de ódio propagado pelo autor.

A diferença da ficção do conto “Chapeuzinho vermelho” para a realidade é que as mulheres não esperaram por um herói que as salvaria. Elas próprias se tornaram caçadoras: pela rede se organizam, investigam, localizam e denunciam textos e imagens misóginas. O grupo formado pela entidade Women, Action, & the Media, a escritora Soraya Chemaly e a idealizadora do projeto Everyday Sexism (brasil.everydaysexism.com), Laura Bates, pode ser considerado o representante máximo dessa nova atuação.

Nas últimas semanas, elas foram responsáveis por desencadear uma discussão no Facebook que deve entrar para a história da luta contra o sexismo. Em uma ousada carta aberta (https://bit.ly/13EAmQ1) à empresa de Mark Zuckerberg enviada em 23 de maio, elas repudiaram a maneira como a rede social trata as agressões de gênero. Na mensagem, encorajaram usuários da rede a entrar em contato com anunciantes cuja publicidade aparecesse próxima a conteúdos que colocassem a mulher como alvo de violência e solicitar a retirada até que o site banisse o discurso de ódio baseado em gênero.

Atingida no faturamento, a companhia resolveu tomar providências. Em 30 de maio, em uma revisão de sua política de conteúdo de ódio e ofensivo, o site anunciou o fim do anonimato nas páginas que publicam comentários misóginos. "Assuma seu machismo, ponha seu nome", disse a chefe operacional do Facebook, Sheryl Sandberg, durante uma conferência do site AllThingsD, na Califórnia. No dia anterior, a vice-presidente de política pública do Facebook, Marne Levine, anunciou a atualização de suas diretrizes a partir da consulta de especialistas legais, grupos de mulheres e outras entidades que enfrentaram historicamente a discriminação.

A vice-presidente admitiu que o sistema “falhou em detectar e eliminar o discurso de incitação ao ódio e que não funcionou de forma tão efetiva quanto gostaríamos, particularmente em relação ao ódio baseado no gênero. Em alguns casos, o conteúdo não está sendo eliminado tão rapidamente quanto gostaríamos. Em outros casos, o conteúdo deveria ser eliminado, mas não foi ou foi avaliado utilizando critérios antigos... Precisamos fazer isso melhor, e conseguiremos", prometeu.

SERA VÁLIDO?

Na web, as manifestações continuam firmes. Por meio da hashtag #FBRape, milhares de internautas disseminam novidades sobre o tema no Twitter. Aline Valek, redatora e escritora, de 26 anos, diz não saber se essas novas diretrizes serão funcionais. “Como será no Brasil? Eles têm equipe de moderação aqui ou pelo menos entendem português? Os integrantes dela serão conscientizados sobre o ódio às mulheres e como esse sentimento se manifesta?”, questiona. Para Aline, caso as novas resoluções se mostrem válidas, a vitória não será só das ativistas e blogueiras feministas, mas de todas as mulheres. “Afinal, como podemos avançar como sociedade se metade da população continuar sendo tratada como lixo?”


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