A prevenção é o melhor remédio para os problemas de coluna. Embora as dores nessa região inevitavelmente devam aparecer em algum momento de sua vida, uma série de cuidados pode evitar complicações e até que a dor se torne crônica. “É inerente ao processo de amadurecimento. Todo ser humano amadurece e, com isso, há um processo degenerativo na coluna vertebral”, diz. Para minimizar os efeitos do tempo, a lista com os meios preventivos vai desde a escolha da posição para dormir até o combate ao tabagismo, passando pela prática adequada de exercícios físicos. O sedentarismo é péssimo para a coluna, mas é importante saber como e quando praticar, pois se atividade não for feita sob orientação, pode trazer danos maiores.
Se bem orientada, a prática de exercícios físicos pode ajudar a fortalecer a musculatura da região. Porém, a depender da forma como for realizada, pode trazer sequelas, como ocorreu com a artesã e estudante de moda Ana Paula Costa, de 42 anos. Desde muito cedo ela começou a se exercitar. Com 3 anos iniciou-se no balé. Anos depois, quando tinha 12, treinava ginástica rítmica. Na adolescência, passou a participar de competições de ginástica aeróbica. No período, também malhava. A coluna não era uma preocupação, até que as dores deram os primeiros sinais.
Mas nem sempre é muito claro o que deve ser feito para cuidar dessa região tão importante. Existem inúmeros mitos (veja quadro ao lado) em relação à coluna, conforme pontua o neurocirurgião Pedro Augusto Deja Teixeira, diretor clínico do Instituto Paulistano de Neurocirurgia e Cirurgia da Coluna Vertebral. Muita gente acredita, por exemplo, que praticar natação ajuda a corrigir escoliose. Nadar não é prejudicial, mas, por ser uma atividade simétrica, não pode ajudar a corrigir a curva que se forma em apenas um dos lados da coluna. Outra informação incorreta que as pessoas acreditam piamente tem relação com a densidade do colchão. Se ele for muito duro, não irá colocar a coluna no lugar. Muito pelo contrário, poderá agravar o problema.
Hábitos
Entre as verdades em relação à coluna, algumas são surpreendentes. Por exemplo, cruzar as pernas pode prejudicar a coluna. Estalar o pescoço é outro hábito que parece despretensioso, mas não é. “A cabeça está sustentada em uma estrutura complexa de articulações. O ato pode lesar as articulações, causar dor de cabeça, zumbido e vertigem”, afirma o neurocirugião. Para cuidar bem dessa região, é importante também escolher o travesseiro de maneira correta. “Ele não deve ser muito alto nem muito baixo. Tem que se encaixar no espaço entre a cabeça e o ombro. De forma que a cabeça fique alinhada”, diz.
Os fumantes também devem redobrar a atenção, pois outra verdade em relação à coluna é que o tabagismo pode trazer complicações. “Fumantes têm mais dor nas costas que não fumantes. Fumar não faz bem para nenhuma parte do corpo. No entanto, inalar as substâncias tóxicas traz danos ao sistema cardiovascular, prejudicando a irrigação sanguínea da coluna”, explica.
Mitos e verdades
Praticar natação ajuda a corrigir escoliose?
Mito
A natação, por ser uma atividade simétrica, não pode colaborar na correção da curva escoliótica. Esse exercício, além de trabalhar o fortalecimento muscular, promove o alongamento de forma equilibrada utilizando os dois lados com a mesma intensidade. Ao contrário do tratamento, que muitas vezes visa corrigir a escoliose com distribuições diferentes em cada lado da coluna, para equilibrar a cadeia cinética posterior. Além disso, algumas modalidades da natação, como borboleta e nado peito, podem prejudicar a coluna, gerando sobrecarga excessiva sobre a região.
Cruzar as pernas pode prejudicar a coluna?
Verdade
Claro que o hábito de cruzar as pernas, para as mulheres, é uma posição confortável, além de elegante. Porém, é preciso ficar atento para não abusar desse hábito e prejudicar a saúde. Ao cruzar as pernas, a coluna vertebral se desvia para a esquerda ou para a direita, devido ao desequilíbrio da região pélvica. Outro problema que pode ser ocasionado por esse costume, além de prejudicar o fluxo sanguíneo, é a escoliose (desvio da coluna vertebral no plano frontal).
Dormir no chão ou num colchão duro é bom para as costas?
Mito
A rigidez poderá agravar, ainda mais, a contratura muscular. Durante uma provável crise de dor nas costas, a pessoa deve repousar em seu próprio colchão, podendo deitar-se de lado, com um travesseiro entre as pernas.
A Cirurgia é a única saída para acabar com a hérnia de disco?
Mito
Hérnias de disco representam uma causa comum de dor nas costas. Mas não é a única. Ao identificar uma hérnia de disco, o médico, ortopedista ou neurocirurgião deve estar atento para outros problemas na coluna que podem acompanhar essa condição. Dessa forma, pesa na decisão do médico a associação com outras alterações e como elas se traduzem clinicamente. Além disso, a decisão deve ser baseada mais no prejuízo que a doença traz para o paciente em termos de perda de horas de trabalho e lazer, limitações físicas para as atividades do dia a dia e perda na qualidade de vida e menos no resultado dos exames de imagem. Diversos tratamentos podem aliviar o problema. Entretanto, é sempre recomendável procurar um especialista antes de tomar qualquer decisão.
Todos que sofrem de dor nas costas devem realizar uma ressonância magnética?
Mito
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), 80% das pessoas sofrem ou sofrerão de dor nas costas pelo menos uma vez na vida. Entretanto, o primeiro passo para combater esse mal é procurar um especialista e descobrir as causas para solucionar de vez o problema.
Estalar o pescoço com o movimento da cabeça faz mal à coluna?
Verdade
Apesar de esse hábito propiciar alívio para alguns, nunca se deve fazer isso. Estalar a coluna e o pescoço prejudica – e muito – suas articulações, além de causar, em alguns casos, dores de cabeça, zumbidos e vertigens.
Fumantes têm mais dores nas costas do que não fumantes?
Verdade
O cigarro não faz bem a nenhuma parte do corpo humano, e em relação às costas, não poderia ser diferente. Os fumantes inalam mais substâncias tóxicas. Assim, prejudicam a circulação sanguínea no disco intervertebral, pode causar mais dores na região.