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Estado de Minas Tóquio 2020

Tóquio 2020: Vôlei pra Minas chamar de 'seu'

Seleção Brasileira derrota as russas e pega a Coreia do Sul. Das 12 jogadoras, dez têm relação com o estado, tendo nascido ou atuado nos clubes mineiros


05/08/2021 04:00 - atualizado 05/08/2021 11:37

Reação diante do Comitê Olímpico Russo confirmou a força do grupo, com entradas de reservas que fizeram a diferença(foto: PEDRO PARDO/AFP)
Reação diante do Comitê Olímpico Russo confirmou a força do grupo, com entradas de reservas que fizeram a diferença (foto: PEDRO PARDO/AFP)

óquio – A tradição mineira no vôlei feminino é defendida nos Jogos Olímpicos de Tóquio por uma equipe profundamente ligada a Minas Gerais. Das 12 atletas que integram o elenco no Japão, dez têm algum tipo de relação com o estado – ou no nascimento ou com passagens por Minas Tênis Clube e Praia Clube. Agora, esse grupo mira a tão sonhada decisão. Para isso, precisa derrotar a Coreia do Sul na semifinal, marcada para hoje, às 9h.

São três mineiras no time titular: a ponta Gabi Guimarães, a central Carol e a líbero Camila Brait. As duas primeiras nasceram na capital, Belo Horizonte, enquanto a terceira é de Frutal, no Triângulo. O trio foi fundamental na tensa vitória brasileira ontem sobre o Comitê Olímpico Russo por 3 sets a 1, na Ariake Arena.

Na defesa, Brait foi consistente como sempre. Carol fez dez pontos e contribuiu de maneira decisiva no bloqueio. Já Gabi foi a maior pontuadora do time no jogo, com 18 pontos. "Estou muito feliz pelo que a gente vem fazendo. Está muito nítido para o mundo inteiro que o que tem feito a diferença para o Brasil é o time e acreditar o tempo inteiro. Sabíamos que não éramos as grandes favoritas, mas que juntas podíamos fazer coisas incríveis. E é o que estamos fazendo”, comemorou a ponteira após a virada sobre as russas.

Apenas Ana Cristina, a caçula do grupo (17 anos), e a levantadora Roberta não têm ligação com o vôlei de Minas Gerais. Outras sete atletas do grupo defendem atualmente ou já passaram por clubes mineiros. No banco de reservas, o auxiliar Paulo Coco, muito ativo durante as partidas, é o treinador do Praia.

Em quadra, uma das atletas que atuam em solo mineiro foi a grande personagem da vitória brasileira após um início apático e com dificuldades na recepção. O começo adverso e o clima “hostil” – com muita gritaria e festa das russas, que simulavam a torcida – pareciam projetar o pior para a Seleção Brasileira. Foi quando entrou Macris, do Minas.

FUNDAMENTAL Titular do time, a levantadora iniciou o confronto como reserva e já havia ficado fora das duas partidas anteriores por causa de uma lesão no tornozelo direito – a primeira dessa gravidade na carreira da jogadora de 32 anos, justamente nos Jogos Olímpicos. Nos dias que antecederam as quartas de final, Macris fez fisioterapia até a madrugada para retornar. E foi fundamental na virada.

“Eu estou nas mãos de Deus (risos). Eu estou bem. É claro que tenho dor, mas está progredindo. Até a véspera do jogo, eu não tinha saltado em bloqueio ainda no treino. É realmente incrível essa progressão da melhora dia a dia. Confiei que na hora certa Deus ia prover com o que fosse preciso e a energia do grupo todo fez a diferença para que a gente pudesse sair da dificuldade e conseguir a vitória”, comemorou.

DNA DAS ALTEROSAS

Jogadora         Ligação com o estado
Bia               jogou no Praia Clube
Camila Brait        é mineira e jogou no Praia
Carol                é mineira, atleta do Praia
Carol Gattaz joga no Minas Tênis Clube
Fernanda Garay foi do Minas e joga no Praia
Gabi                 é mineira e passou pelo Minas
Macris        joga no Minas
Natália        passou pelo Minas Minas
Rosamaria        passou por Minas e Praia
Tandara        passou por Minas e Praia

*Só Ana Cristina e Roberta não nasceram em Minas ou jogaram por clubes mineiros


Mesmo em fim de recuperação de lesão no tornozelo, a levantadora Macris, do Minas, deu show em quadra(foto: PEDRO PARDO/AFP)
Mesmo em fim de recuperação de lesão no tornozelo, a levantadora Macris, do Minas, deu show em quadra (foto: PEDRO PARDO/AFP)

Brasil supera o começo ruim e provocações

Não foi nada simples superar as russas em Ariake. A intensidade adversária no início do duelo abalou psicologicamente o Brasil, que fez campanha perfeita na primeira fase, com cinco vitórias em cinco partidas. O baque do fator mental se agravou com o começo ruim nos fundamentos. O saque adversário entrou, e o time do técnico José Roberto Guimarães sofria para parar Arina Fedorovsteva e Irina Voronkova nos ataques.

O revés no primeiro set reverberou no início do segundo, que também teve predomínio russo. Foi quando a comissão técnica brasileira resolveu colocar Macris em quadra. Titular do time, a levantadora ainda não está na plenitude da forma física após sofrer uma lesão no tornozelo direito na partida diante do Japão, na primeira fase. Mas entrou mesmo assim.

Ela, Gabi e Rosamaria – que também saiu do banco de reservas – foram fundamentais para o crescimento da Seleção Brasileira e a consequente vitória no segundo set numa virada impressionante. Nesse momento, cresceu também a participação da torcida brasileira, que contou com uma presença especial: a nadadora Ana Marcela Cunha, que poucas horas antes havia conquistado a medalha de ouro na maratona aquática.

IRRITAÇÃO A tensão das arquibancadas passou para a quadra. Treinador do Comitê Olímpico Russo, o italiano Sergio Busato foi muito criticado por torcedores brasileiros pelo comportamento na área técnica. Em 2019, ele já despertou a ira de outras adversárias por um motivo grave: um gesto racista, imitando olhos puxados, após uma vitória sobre a Coreia do Sul. Nesse ambiente tenso, o Brasil manteve a cabeça no lugar e venceu o terceiro set.

E o quarto começou de maneira favorável também. O Brasil abriu vantagem logo no início e parecia encaminhar uma vitória tranquila para fechar o duelo. Só parecia. As russas se recuperaram no ataque e contaram com erros adversários para virar a parcial: 17-15. Mas no fim deu tudo certo. Triunfo e vaga na semifinal garantida – para festa (e alívio) das arquibancadas brasileiras e – por que não? – mineiras.


Das medalhas brasileiras, oito foram conquistadas pelas mulheres: Rayssa Leal abriu o caminho no Japão(foto: Jeff PACHOUD/AFP)
Das medalhas brasileiras, oito foram conquistadas pelas mulheres: Rayssa Leal abriu o caminho no Japão (foto: Jeff PACHOUD/AFP)

Pódio cada vez mais feminino


As atletas olímpicas do Brasil já conquistaram oito medalhas nos Jogos de Tóquio, o que representa o melhor desempenho do país na história. Nunca antes as atletas subiram em tantos pódios numa mesma edição. Isso representa uma história sendo reescrita. Rayssa Leal (do skate street) abriu o caminho e puxou a fila. Uma garota de apenas 13 anos dando o seu recado em manobras de encher os olhos, precisas e encantadoras.

Rebeca Andrade (duas conquistas na ginástica), Mayra Aguiar (judô), Bia Ferreira (boxe), Ana Marcela Cunha (maratona aquática), Martine Grael/Kahena Kunze (vela) e a dupla de tênis Luisa Stefani e Laura Pigossi seguiram os passos da pequena Rayssa e também festejaram em Tóquio. A boxeadora Bia Ferreira é a única que não sabe a cor de sua medalha ainda porque vai disputar a semifinal, mas já tem o bronze garantido.

O melhor aproveitamento das brasileiras em Olimpíadas havia sido em Pequim'2008, com sete medalhas. Naquela edição, o país festejou pódio com Maurren Maggi (atletismo, ouro), vôlei de quadra (ouro), futebol (prata), Ketleyn Quadros (judô, bronze), Natália Falavigna (tae kwon-do, bronze), Fernanda Oliveira/Isabel Swan (vela, bronze) e revezamento 4x100m atletismo (Rosemar Coelho Neto, Lucimar de Moura, Thaissa Presti, Rosângela Santos, bronze).

Após a disputa da prova de 10km, Ana Marcela deu ao Brasil sua sétima conquista em Tóquio. E fez questão de ressaltar a força das mulheres. "Mulher pode ser o que ela quiser, onde quiser e na hora que quiser. O tanto que a gente vem recebendo de ajuda e igualdade representa muito para o desempenho do Brasil", disse a nadadora.

O Brasil também despontava na disputa “homens versus mulheres” pela representatividade. O Comitê Olímpico Internacional (COI) sempre viu com bons olhos a paridade dos gêneros. Nesta edição, as mulheres tiveram 48% de representatividade, numa evolução sem volta. Em Paris'2024, estima-se que essa divisão seja de 50%.

Outros recordes por mulheres foram batidos na atual edição dos Jogos. Rebeca Andrade se tornou a primeira ginasta brasileira a conquistar o ouro e a primeira atleta do país a ganhar duas medalhas em uma única edição dos Jogos. A dupla Luisa Stefani e Laura Pigossi surpreendeu e conquistou a primeira medalha da história do tênis brasileiro.

MAIORAL Além disso, a judoca Mayra Aguiar venceu sua terceira medalha olímpica (Londres'2012, Rio'2016 e Tóquio'2020) e se tornou a atleta com mais medalhas pelo Brasil, igualando Fofão, do vôlei (Atlanta'1996, Sydney'2000 e Pequim'2008).

As primeiras medalhas olímpicas de atletas brasileiras ocorreram apenas nos Jogos de Atlanta, em 1996. A final do vôlei de praia feminino reuniu duas duplas do país. Enquanto Jaqueline Silva e Sandra Pires levaram o ouro, Monica Rodrigues e Adriana Samuel ficaram com a prata. Ainda naquela edição, o basquete feminino conquistou a prata e o vôlei de quadra ganhou o bronze.

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