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Estado de Minas

Segunda, o Dia D celeste

Presidente do Conselho Deliberativo tentará convencer Wagner e vices a renunciarem para antecipar eleição. Se recusarem, convocará assembleia com voto aberto por afastamento


postado em 14/12/2019 04:00 / atualizado em 13/12/2019 22:35

Cerca de 300 torcedores protestaram diante da sede do Cruzeiro: no alvo, os dirigentes celestes, até mesmo os afastados(foto: LEANDRO COURI/EM/D.A PRESS)
Cerca de 300 torcedores protestaram diante da sede do Cruzeiro: no alvo, os dirigentes celestes, até mesmo os afastados (foto: LEANDRO COURI/EM/D.A PRESS)


A segunda-feira deverá ser decisiva para o futuro do Cruzeiro, quando o presidente em exercício do Conselho Deliberativo do clube, José Dalai Rocha, se reunir com o presidente Wagner Pires de Sá e os vice-presidentes Hermínio Lemos e Ronaldo Granata. Ele busca saída consensual para a crise administrativa que o clube atravessa, que acabou sendo um dos fatores determinantes no rebaixamento para a Série B do Campeonato Brasileiro. A intenção é que os três renunciem e eleições gerais sejam convocadas para janeiro.

Esse também é o desejo de parte dos sócios e da torcida. Ontem, um grupo de cerca de 300 deles foi para a frente da sede administrativa, na Rua Timbiras, no Barro Preto, protestar. Foram levadas faixas, foguetes e instrumentos de percussão. Não houve incidentes.

“Renúncia coletiva! A meta do presidente do Conselho. Todo mundo entrega os cargos, incluindo o presidente do Conselho. Em caso contrário vai ser convocada uma assembleia que vai votar o afastamento (dos atuais dirigentes). E um detalhe: os votos serão nominais! Isso não é um palpite. É uma informação!”, escreveu no Twitter o jornalista Fernando Rocha, que é filho de José Dalai.

Lucas Regasi levou uma faixa pedindo a renúncia do atual presidente, que tem resistido à saída(foto: LEANDRO COURI/EM/D.A PRESS)
Lucas Regasi levou uma faixa pedindo a renúncia do atual presidente, que tem resistido à saída (foto: LEANDRO COURI/EM/D.A PRESS)


Como Wagner Pires de Sá tem se mostrado relutante em renunciar, assim como os vices, é grande a chance de a saída ser definida em Assembleia Geral, que ocorreria em 7 de janeiro. Com votação nominal, a pressão sobre os conselheiros será maior, assim como a chance de afastar a atual diretoria.

“O primeiro passo é a saída de todo mundo. Não há como qualquer projeto sair do papel sem renovação geral no clube”, diz Jeir Campos, um dos integrantes do Movimento Pró-Cruzeiro Transparente, de oposição à atual diretoria. “A diretoria foi eleita para representar bem o Cruzeiro. Como não está fazendo isso, tem de sair. Seria um ato de altruísmo, demonstração de amor ao clube por parte desses dirigentes”, afirma Omar Franco, outro membro da ala oposicionista cuja corrente é ligada ao ex-presidente Gilvan de Pinho Tavares.

Ambos participaram da manifestação ocorrida na tarde de ontem no Barro Preto. Para eles, “quanto mais tempo Wagner e os outros diretores ficarem, pior”. “Isso só atrasa o início do resgaste do clube”, declara Omar Franco.

O protestou reuniu vários segmentos celestes, de membros de torcidas organizadas a torcedores “avulsos”. Com gritos de guerra, eles hostilizaram não só os atuais dirigentes, mas também quem já deixou o clube, caso do ex-vice-presidente de futebol Itair Machado, o ex-diretor-geral Sérgio Nonato e o ex-gestor do futebol Zezé Perrella. Sobrou ainda para o armador Thiago Neves, que se envolveu em algumas polêmicas neste segundo semestre e tem a volta defendida pelos dirigentes após ser afastado por Perrella. Na quinta-feira, o próprio Perrella foi destituído por Wagner, substituído por Márcio Rodrigues.

Nem mesmo o fato de a sede do Cruzeiro estar vazia – os funcionários foram dispensados às 12h – tirou o ânimo dos torcedores. “A torcida nunca se escondeu e está aqui mais uma vez para tentar ajudar o Cruzeiro. Não vamos nos calar, estaremos vigilantes, faremos mais 300 protestos até eles renunciarem”, argumenta Maurício Otávio Parreira, o Bolão, ex-presidente da maior organizada celeste. “Mancharam uma história quase centenária de glórias. Fizeram uma administração totalmente irresponsável, que trouxe o Cruzeiro à beira do caos. Quem vai investir no Cruzeiro com uma diretoria totalmente desacreditada?”

Caem profissionais ligados a outras alas


Tentando se segurar nos cargos, o presidente Wagner Pires de Sá e seus auxiliares resolveram promover mudanças no Cruzeiro. Depois de nomear Márcio Rodrigues como vice-presidente executivo de futebol, ontem a diretoria demitiu o diretor das categorias de base Amarildo Ribeiro, um dos homens de confiança do ex-vice-presidente de futebol Itair Machado.

A decisão foi informada por Ronaldo Granata, 2º vice-presidente estatutário da gestão de Wagner Pires de Sá e agora responsável pelas categorias de base da Raposa. Inicialmente, permanecem na Toca da Raposa I o diretor administrativo Quintiliano Lemos e o gerente de futebol de base Wilmer Mendes.

Amarildo Ribeiro foi contratado pelo Cruzeiro em junho de 2018, por indicação de Itair, com quem havia trabalhado no Ipatinga e conquistado o Campeonato Mineiro de 2005. O dirigente também acumulava experiências em clubes do interior de Minas, como Nacional de Muriaé, Social (Coronel Fabriciano), Nacional (Nova Serrana), Valério (Itabira) e Democrata de Governador Valadares.

Sob a gestão de Amarildo, o Cruzeiro incorporou a base com vários atletas, que, posteriormente, integraram o elenco principal: o goleiro Vinícius, o lateral-direito Weverton, o lateral-esquerdo Rafael Santos, os volantes Adriano, Éderson e Jadsom, o armador Maurício e o atacante Welinton.
Quem também foi dispensado ontem foi o técnico da equipe sub-17, Éder Bastos. Ele havia sido contratado no início do mês e nem teve tempo de comandar o time.

FEMININO Outra mudança foi na equipe feminina. O técnico Hoffmann Túlio, que estava à frente do projeto desde que ele foi montado, em fevereiro, pediu demissão. Com ele, “As Cabulosas” foram campeãs mineiras invictas, além de ter atingido o objetivo de subir para a elite nacional.

enquanto isso...
Hipótese de CPI


Além dos protestos e de ser investigada pelo Ministério Público e pela Polícia Civil, a diretoria deve ser questionada também pelo Poder Legislativo. Ontem, os conselheiros Dalton Loredo, Anísio Ciscotto (ex-presidente do Conselho Fiscal), Giovanni Baroni (ex-candidato à vice-presidência do Cruzeiro e ex-integrantes do Conselho Gestor criado por Zezé Perrella) e Gustavo Gatti (ex-secretário do Conselho Deliberativo e um dos principais líderes da oposição) entregaram ao deputado estadual Leo Portela (PL), associado do clube, documento em que sugerem instauração de Comissão Parlamentar de Inquérito. A CPI apuraria irregularidades na gestão de Wagner Pires de Sá. Para uma CPI ser instaurada na Assembleia Legislativa são necessários votos de 26 dos 77 parlamentares.

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