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Estado de Minas CAMPEONATO BRASILEIRO

Após goleada, Ceni diz que só fica no Cruzeiro com mudança drástica

Irritado com postura nos 4 a 1 para o Grêmio, Ceni ameaça deixar o Cruzeiro se não tiver tiver 'respaldo' para mudanças drásticas e anuncia afastamento temporário de jogadores


postado em 09/09/2019 04:00

Visivelmente decepcionado após a goleada, Ceni cobrou apoio para alterações táticas e anunciou intertemporada para parte dos atletas(foto: ALEXANDRE GUZANSHE/EM/D.A PRESS)
Visivelmente decepcionado após a goleada, Ceni cobrou apoio para alterações táticas e anunciou intertemporada para parte dos atletas (foto: ALEXANDRE GUZANSHE/EM/D.A PRESS)


Há menos de um mês no comando do Cruzeiro, o técnico Rogério Ceni foi franco ontem ao falar da necessidade de mudança drástica da Raposa para evitar novos vexames na temporada. Depois de ser eliminado da Copa do Brasil com derrota por 3 a 0 para o Internacional, quarta-feira, o Cruzeiro foi facilmente dominado ontem e goleado pelo Grêmio por 4 a 1, no Independência, pela 18ª rodada do Brasileiro.

Visivelmente decepcionado pelo desempenho do time, que perdeu bolas fáceis no meio-campo, cometeu erros infantis de marcação e não ofereceu resistência ao tricolor no segundo tempo, Ceni não fez rodeios. “A única coisa que digo para você é que se for continuar no Cruzeiro, que seja de maneira diferente. Se precisarmos mudar drasticamente a situação, mesmo que a gente apanhe nos próximos jogos, a atitude nós vamos ter de mudar. Senão, não faz sentido nem eu ficar aqui”, disse o treinador.

Rogério tem razão de ficar chateado. Era uma rodada perfeita para o Cruzeiro sair de vez da ponta de baixo da tabela, já que rivais diretos, como Ceará, Fortaleza, Goiás e Vasco, não venceram seus duelos. Com o resultado, a Raposa permanece com 18 pontos, em 16º lugar – a primeira posição fora da zona de rebaixamento.

"Se for continuar no Cruzeiro, que seja de maneira diferente. Se precisarmos mudar drasticamente a situação, mesmo que a gente apanhe nos próximos jogos, a atitude nós vamos ter de mudar. Senão, não faz sentido nem eu ficar aqui"

Rogério Ceni


O ex-goleiro não se esquivou sobre seu papel. “Eu também faço parte de tudo isso, apesar de ter chegado recentemente. Mas já são três semanas de trabalho. E, infelizmente, até me sinto envergonhado de vir aqui dar entrevista”, disse, ao falar aos jornalistas no Independência. “Já perdi na minha vida em muitos jogos. Mas existem maneiras em que você é derrotado. A situação já é delicada, eu lamento por ter que vir aqui falar, não por vocês, mas pela situação vivida pelas derrotas, no meio de semana e hoje também”.
 
O clima era de desolação no grupo celeste, que ouviu protestos pesados da torcida no Horto(foto: ALEXANDRE GUZANSHE/EM/D.A PRESS)
O clima era de desolação no grupo celeste, que ouviu protestos pesados da torcida no Horto (foto: ALEXANDRE GUZANSHE/EM/D.A PRESS)
 
Ceni evitou individualizar a responsabilidade pela goleada. E, sem citar nomes, antecipou que alguns dos jogadores serão poupados e passarão por uma intertemporada. Além disso, reconheceu que a opção por um esquema ofensivo não funcionou e que pelo menos nas próximas partidas (enfrentará Palmeiras, Flamengo e Ceará) deve optar por posturas mais fechadas.

Ontem, ele fez novas mudanças no time: Edílson voltou à lateral-direita. Leo e Cacá formaram a dupla de zaga, entrando em lugar de Fabrício Bruno e Dedé (machucado). Na frente, apostou em Fred, mas precisou voltar com Pedro Rocha aos titulares (na vaga de David), depois que a Raposa sofreu dois gols em 27 minutos, com Diego Tardelli (de letra) e Alisson.

As alterações iniciais não surtiram efeito. A dupla de zagueiros não se entendeu, e Edílson,mal, foi um dos jogadores mais vaiados. As mudanças ao longo do jogo melhoraram o time: a entrada de Pedro Rocha, aos 29min, deu novo ânimo à equipe, que diminuiu com Fred, aos 35min, de pênalti. No segundo tempo, Ezequiel, recém-contratado ao Sport, estreou, até tentou, mas não conseguiu marcar.

Já em vantagem, o Grêmio aproveitou os espaços do Cruzeiro e usou seus jogadores rápidos para ampliar o placar: aos 19min, Éverton Cebolinha passou com facilidade por Cacá para ampliar. Aos 32min, foi a vez de Leo ser vítima de Cebolinha, que encerrou a goleada.

"Me sinto envergonhado de vir aqui dar entrevista. Já perdi na minha vida em muitos jogos. Mas existem maneiras em que você é derrotado"

Rogério Ceni


SALÁRIOS ATRASADOS

Depois da entrevista do técnico, o diretor de futebol, Marcelo Djian, sustentou que a diretoria respalda o trabalho de Ceni. “Ele tem nosso respaldo. Nós contratamos e o objetivo maior era tirar o time dessa zona perto do rebaixamento”, disse. E negou a hipótese de saída. “Não existe risco nenhum (de demissão). É normal a decepção dele, já que nos três primeiros jogos tivemos sete pontos. Jogando em casa, independentemente da equipe que for, existe sempre essa decepção”, completou.

Djian também confirmou que parte dos salários dos jogadores está em atraso, mas que a diretoria vem trabalhando para normalizar a situação. “Tem uma parte de julho que está atrasada e agosto, que venceu sexta-feira última. Estamos trabalhando para regularizar isso o mais rápido possível”, afirmou o dirigente.

FICHA TÉCNICA
CRUZEIRO 1 X 4 GRÊMIO
Cruzeiro: Fábio; Edílson, Cacá, Leo e Dodô; Henrique e Robinho (Sassá 29 do 2º); Marquinhos Gabriel, Thiago Neves (Ezequiel 21 do 2º)  e David (Pedro Rocha 29 do 1º); Fred
Técnico: Rogério Ceni
Grêmio: Paulo Victor; Rafael Galhardo, Geromel, Kannemann e Cortez; Michel (Luan 27 do 2º) e Matheus Henrique; Alisson, Jean Pyerre e Everton; Diego Tardelli (Pepê 27 do 2º)
Técnico: Renato Gaúcho
18ª rodada do Campeonato Brasileiro
Estádio: Independência
Gols: Diego Tardelli 18, Alisson 27 e Fred 35 do 1º; Éverton 19, 32 do 2º
Árbitro: Rafael Traci (SC)
Assistentes: Helton Nunes e Éder Alexandre
VAR: Rodrigo D’Alonso Ferreira
Cartão amarelo: David, Henrique, Alisson
Próximos jogos: Palmeiras (f), Flamengo (c) e Ceará (f)

Antes da partida, torcedores fizeram cobranças aos dirigentes e, em campo, vaiaram atletas(foto: ALEXANDRE GUZANSHE/EM/D.A PRESS)
Antes da partida, torcedores fizeram cobranças aos dirigentes e, em campo, vaiaram atletas (foto: ALEXANDRE GUZANSHE/EM/D.A PRESS)

Medalhões e diretoria viram alvo de protesto


Se o torcedor que saiu cedo de casa para ir ao Independência pudesse esquecer o que ocorreu no gramado do Horto, certamente o faria. Foi uma manhã marcada por protestos e vaias – o fato de Fábio se tornar o recordista de jogos no Brasileiro, com 476 partidas, ficou em segundo plano. Os alvos principais eram especialmente jogadores experientes, como Thiago Neves e Edílson. Houve também críticas endereçadas à diretoria. Itair Machado, de volta à função, foi o mais visado.

Pelas redes sociais, ao longo da última semana, torcedores se movimentaram para fazer uma manifestação antes da partida, que acabou tendo pouca adesão. Dentro do estádio, entretanto, não demorou para que as vaias aparecessem. A primeira vítima foi Thiago Neves, que perdeu bolas fáceis no meio-campo.

“Você sente um baque, a torcida começa a pressionar e vaiar, começa a apontar para alguns jogadores. Mas a gente já é nego velho, cascudo, e entendemos a situação do Cruzeiro”, disse o jogador após a goleada. “Ninguém está aqui de sacanagem. Todo mundo defende esse escudo, que é muito grande. Vamos defender até a última partida. Temos Palmeiras e Flamengo, duas pedreiras, mas temos totais condições de fazer grandes partidas e conseguir os seis pontos”, disse.

O Cruzeiro foi para o vestiário com um misto de vaias e aplausos. Mas os gols do Grêmio fizeram a torcida voltar a vaiar Neves e o experiente Edílson. Aos 30min, muitos torcedores começaram a deixar o Independência. As organizadas também recolheram as bandeiras mais cedo. A Máfia Azul fez protesto na saída. O time foi chamado de “sem-vergonha”, “pipoqueiro” e foi exigido mais empenho dos jogadores, além de cobranças à diretoria. 

"Temos de enfrentar a realidade. Neste ano, nós temos que nos preocupar em tirar o Cruzeiro de uma situação de rebaixamento para iniciar um ano de 2020 melhor"

Rogério Ceni

 
 
 

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