Gwangju – A luta contra o doping chegou aos pódios: ao receber uma segunda medalha de ouro no Mundial de Esportes Aquáticos de Gwangju, na Coreia do Sul, o chinês Sun Yang voltou a ser alvo de protestos de atletas rivais. O dia de finais na piscina coreana foi aberta com uma nova polêmica envolvendo Sun Yang, que herdou o ouro nos 200m livres após a desclassificação do lituano Danas Rapsys por queimar a largada.
Dois dias depois de o australiano Mack Horton se negar a subir ao pódio dos 400m livres para protestar contra o nadador chinês, vencedor da prova e acusado de destruir uma amostra de sangue com um martelo em setembro do ano passado durante um exame antidoping, foi a vez de o britânico Duncan Scott protestar.
Ao contrário de Horton, Scott aceitou subir ao pódio para receber a medalha de bronze na prova dos 200m livres, mas se negou a apertar a mão do medalhista de ouro chinês e posar para a foto oficial ao seu lado. O russo Martin Malyutin também ficou com o bronze, empatado com o britânico.
E, diferentemente de domingo, quando pareceu ignorar o protesto de Horton, desde vez Sun Yang se revoltou com a atitude do colega britânico. Com o punho fechado e visivelmente irritado, o chinês de quase dois metros de altura gritou: “Eu ganhei! Eu ganhei!” e “Você é um perdedor, eu sou um vencedor” na direção de Scott.
Os dois nadadores receberam um aviso da Federação Internacional de Natação (Fina), que já havia feito o mesmo com Horton. Scott não quis comentar o ocorrido, mas recebeu o apoio do compatriota e astro do nado peito Adam Peaty: “Ele tem razão. O mais importante como atleta é que você pode fazer sua voz ser escutada, e Duncan o fez”, aplaudiu.
A presença de Sun nas competições é vista como uma afronta para muitos nadadores por não ter sido punido pela Fina após destruir a amostra de sangue em setembro.
O nadador chinês, de 27 anos, ainda será julgado em setembro pelo Tribunal Arbitral do Esporte (TAS), maior instância jurídica esportiva no mundo, após a Agência Mundial Antidoping (Wada) apelar da decisão da Fina.
Já suspenso durante três meses por doping em 2014, Sun Yang corre o risco de ser suspenso para sempre da natação em caso de reincidência. Enquanto espera pela próxima batalha no tribunal, Sun Yang conquistou seu 11º título mundial, igualando o australiano Ian Thorpe como terceiro maior vencedor da história dos Mundiais de Esportes Aquáticos. O chinês entrará na piscina novamente hoje para a final dos 800m livres.
Brasileiros Único brasileiro a disputar uma final ontem, Guilherme Guido piorou o seu tempo em comparação às disputas eliminatórias e foi apenas o sétimo na prova dos 100m costas. Nos 50m peito, o minas-tenista Felipe Lima e o capixaba João Gomes Júnior avançaram à final, que será hoje, às 8h (de Brasília). Lima só não foi mais rápido que o grande favorito ao ouro, o britânico Adam Peaty, que já bateu o recorde mundial dos 100m peito nesta competição. O brasileiro anotou 26s62, contra 26s11 do rival, que fez a melhor marca do ano.
“Acho que é passo a passo. Subimos um degrau agora e vamos pensar na final. Sei que posso brigar por medalhas. Vou para cima do Adam Peaty. Ninguém é imbatível. Recordes existem para ser quebrados. Tanto eu como o João não estamos muito distantes dele. Mas temos que trabalhar mais nos metros finais”, projetou Felipe.
Os outros dois brasileiros a cair na piscina ontem foram Leonardo de Deus e Luiz Altamir Melo, nas semifinais dos 200m borboleta. Mas somente o primeiro avançou à final.