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O azar é seu, River Plate

Há quem pense em revanche por 2015. Prefiro lamentar a chance perdida de levantarmos o quarto caneco no lombo do rival portenho


postado em 15/05/2019 05:10


Twitter: @gustavonolascoB

Belo Horizonte, quarta-feira, 20 de novembro de 1991. Passavam-se poucos minutos das 23h. Numa cabine do Mineirão, o maior narrador esportivo da história do rádio brasileiro, Alberto Rodrigues, segurava com a mão direita o microfone e, nervoso, amassava um pequeno papel de anotações com a esquerda.

Assim, ele contou: “Marquinhos suspende. Suspende, tentando a Tilico pela direita. Chega Enrique e alivia. Volta Boiadeiro para a penetração do Charles. Volta Charles. É cercado pelo Rivarola. Tentou batê-lo, conseguiu! Grande arrancada! Lá vai o Charles, Tilico pede bola. Ele penetrou. Atenção, passou. Pode erguer, para trás, demorou. Tilico vai marcar... Chutou, a bola passa e é gol, gol, gol, gol, gol, gol, gol, gol, gooolllllllllll! Cru, Zeiro! Tilico! Tilico! Que jogada fantástica! Sensacional! Brilhante! Uma jogada de raça, de técnica do centroavante Charles. O Rei Charles driblou, passou, penetrou. Perigo, invadiu. Com açúcar, tocou para Tilico. O Raio Azul acompanhava o lance, mandou para o fundo do gol, fazendo o momento maior do futebol. Totalmente demais! Atenção, torcida celeste: o Cruzeiro balança, balança, balança pela terceira vez as redes do River Plate. Mário Tilico, o Raio Azul! Quando eram decorridos 30 minutos do segundo tempo. Agora três para o Cruzeiro, zero para o River. Que felicidade, que felicidade da China Azul do Roberto Drummond, hein, Carlos César Pinguim?”.

Antes de responder, na beirada do gramado, o repórter via o lendário Ênio Andrade bater palmas para a ousadia do seu Cruzeiro em correr atrás de gol atrás de gol até a vitória histórica. Subindo o tom de sua voz para não ser abafado pelos meus gritos e de outros milhares de cruzeirenses que viviam um sonho nas arquibancadas, Pinguim anunciou: “E o Roberto Drummond, a Hilda, Belo Horizonte, o Brasil inteiro, que emoção! O Cruzeiro está com a mão na taça. Supercampeão da América! Tilico e Charles tão criticados pelo péssimo futebol em Buenos Aires. A recuperação, a bola colocada. Vai, Tilico, faz! Ele colocou no fundo do gol e saiu para o abraço, numa alegria incontida. Tilico, Tilico! Como é que está o Tilico agora, hein? Ha, ha! Ha, ha! Ha, ha, ha, ha, ha! Rindo à toa. Tilico, para o delírio de todo torcedor do Cruzeiro por todo o Brasil!”.

O meu sonho de reviver mais uma final contra o CLUBE GRANDE que mais perdeu decisões para o Cruzeiro acabou quando as duas primeiras bolinhas giraram nos potes da Conmebol e de lá saíram os nomes de River Plate e de sua “bestia negra”: nós, o Cruzeiro. O embate antecipado para as oitavas colocou fim ao devaneio de reconquistar Santiago, coroando o tri da Libertadores numa finalíssima de gala, contra nosso maior rival no mundo, repetindo o enredo de 1976.

Há quem tema o fato de os argentinos serem os atuais campeões. Outros encaram como revanche a 2015, quando vencemos em Buenos Aires, mas, com um futebol pobre e medroso na partida de volta, abdicamos da vitória e tomamos uma tamancada. Foi a única vez em toda a história que o River Plate conseguiu eliminar o Cruzeiro de uma competição.

Já eu prefiro relembrar os três canecos que ganhamos no lombo do rival portenho. O baile de Müller, Geovanni e Paulo Isidoro na Recopa de 1998. A epopeia dos 3 a 0 da Supercopa de 1991, esculpida nos pés de Tilico e Charles e na voz de Alberto Rodrigues. O choro-sorriso no gol moleque de Joãozinho na Libertadores de 1976.

Não sinto medo e nem ódio do River Plate. Eles, como fregueses continentais, que fiquem com esses sentimentos. De cá, ficará meu respeito a um gigante sul-americano e o desejo de batê-lo brilhantemente mais uma vez.

Portanto, mesmo fora de hora, que venha o superclássico das Américas! Que as pernas de Mário Tilico, a alma de Ênio Andrade e a ousadia por não abdicar da vitória e dos gols estejam conosco (e com o também Manobol). Amém!

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