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Goleiro radical

Aos 29 anos e declaradamente hiperativo, Rafael tem paixão pela aviação e por esportes radicais, relaxa com uma boa pescaria e adora tocar violão. Estuda engenharia civil e nem pensa em sair do Cruzeiro


postado em 29/04/2019 05:07

Rafael: %u201CFoi bem legal saltar a 10, 12 mil pés de altura. A sensação é incrível (...) Foi a mais próxima que tive até hoje de entrar em campo com 50 mil a 60 mil pessoas no estádio%u201D(foto: Arquivo pessoal)
Rafael: %u201CFoi bem legal saltar a 10, 12 mil pés de altura. A sensação é incrível (...) Foi a mais próxima que tive até hoje de entrar em campo com 50 mil a 60 mil pessoas no estádio%u201D (foto: Arquivo pessoal)

 

Formado nas categorias de base do Cruzeiro e integrante do grupo principal desde 2008, o goleiro Rafael, de 29 anos, gosta de ocupar o tempo fora do mundo da bola com passatempos de muita ação e adrenalina. Uma de suas principais paixões é a aviação. Em entrevista ao Estado de Minas/Superesportes, ele revelou o desejo de, nos próximos anos, tirar a Licença e Habilitação para Piloto Privado de Avião da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC). “Tenho vários amigos pilotos. Isso me fez aproximar ainda mais da aviação, que é uma paixão que eu sempre tive. Sempre fui muito ligado a coisas radicais. Tanto que há uns seis anos brincava bastante de aeromodelo. Com essa proximidade dos amigos que são pilotos, comecei a tirar a carteira da ANAC, passei nos exames médicos e fui estudar para tirar o PP, que é piloto privado”.


Segundo o jogador, a tragédia da Chapecoense, que em novembro de 2016 vitimou 71 pessoas (jogadores, comissão técnica, dirigentes, jornalistas e tripulantes), o fez desanimar um pouco da ideia, até por um pedido da própria família. No futuro, quando se sentir mais bem preparado, retomará as aulas. “Estava estudando há uns seis anos, só que dei uma parada depois daquela fatalidade da Chapecoense. Acabei desanimando um pouco, minha família pediu para que eu não tirasse carteira porque se eu tirasse ia querer voar cada vez mais. Meus pais sempre foram resistentes a isso, têm medo de avião, então recuei um pouco. Mas em nada diminui a minha paixão pela aviação. Quem sabe um pouco mais à frente eu dê continuidade ao curso e tire a carteira. É algo que gosto muito e acho fascinante”.


Rafael afirmou conhecer a história de Rômulo, goleiro do Atlético de 1986 a 1991 que se tornou piloto de voos comerciais depois de parar de jogar futebol. No caso do camisa 12 cruzeirense, a aviação funcionará apenas como hobby. Ele não descartaria, contudo, uma oportunidade de conduzir uma aeronave de grande porte. “Quem curte aviação e sempre tem vontade de tirar carteira está mentindo se falar que não tem vontade de pilotar um Boeing ou outro de porte maior. Quanto maior o avião, mais recursos ele tem, mais alto ele voa, mais rápido ele é, mais equipamentos tem para te auxiliar. É fascinante. Quanto mais você aprende, mais fascinado fica”.


Sempre que tem a oportunidade, o goleiro conversa bastante com a tripulação dos aviões nas viagens do Cruzeiro. Curioso, pergunta tudo sobre funcionamento e recursos tecnológicos. Os painéis repletos de botões e monitores o fascinam. E por ser um estudante dedicado, não se assusta, por exemplo, quando a aeronave passa em alguma zona de turbulência no espaço aéreo. Questionado se algum colega de elenco teme voar, ele não esconde: “O Dodô, se puder, vai sempre de carro ou ônibus. É verdade. E ele fala isso com a maior tranquilidade. Quando a cidade é mais próxima, como no Rio de Janeiro, prefere pegar seis a oito horas de ônibus a voar. Nas viagens é engraçado. Se tem turbulência, a galera já olha para ele. Se a gente tem um pouco de receio, ele já está desesperado na cadeira”.


Outros hobbies
Nas férias de fim de ano, em 2018, Rafael viajou com a noiva, Bruna, para Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. Pela primeira vez, ele teve a experiência de saltar de paraquedas. “Meus pais não são nada aventureiros e não curtem muito isso. Eu entendo a preocupação, mas eles não conseguiram me frear nisso. No fim do ano passado, viajei com a Bruna, minha noiva, e no cronograma tinha saltar de paraquedas no avião. O engraçado é que não tinha horário para a gente. Não sosseguei enquanto não consegui. Foi bem legal saltar a 10, 12 mil pés de altura. A sensação é incrível. Todo mundo tem medo de saltar de um avião, mas a vontade foi muito maior. A sensação é única mesmo. Foi a mais próxima que tive até hoje de entrar em campo com 50 mil a 60 mil pessoas no estádio, com emoção, expectativa e adrenalina. Jogador de futebol vive refém da adrenalina de jogos, de competição. Talvez seja isso que me faça ser apaixonado por esportes radicais”.
O suplente de Fábio também se mostra muito habilidoso para tocar violão. Em seu Instagram, Rafael já publicou vídeos fazendo dupla sertaneja com o volante Uillian Correia, que passou pelo Cruzeiro entre 2015 e 2016. O talento musical de Rafael foi desenvolvido por conta própria.


“Na base do Cruzeiro, quando tinha 17 anos, quis aprender a tocar violão. Resolvi tentar, porque é legal e ajuda a passar o tempo na concentração. Eu ainda morava na Toquinha. Lembro-me que estava perto da rodoviária de Belo Horizonte e fui a uma loja de instrumentos. Entrei na loja e perguntei ao vendedor: ‘qual o violão mais barato que você tem?’ Ele respondeu: ‘é esse aqui. Custa R$ 80’. Só que eu sou canhoto, então perguntei a ele: ‘você consegue inverter as cordas?’. Ele respondeu que sim. Aí pensei: vou tentar. Se der certo, bem. Se não, é o mais barato mesmo, eu encosto. Passei na banca e comprei aquelas revistas que ensinam (a tocar) e falei: ‘vamo embora’. Os caras que moravam comigo ficaram loucos. Foi um mês escutando, lendo revistinha, assistindo ao YouTube, e não saía nada. Mas depois foi saindo uma música. Depois, passei a tocar 10 músicas. No começo, não ia pelo gosto musical, mas no que dava para tocar com as cifras. Aí foi indo, foi indo, foi indo e aprendi a tocar sozinho. Hoje o violão é um grande parceiro nas horas em que quero distrair”.


Amante da música sertaneja raiz, Rafael ainda faz roda de viola na concentração do Cruzeiro. “ O violão se tornou um grande parceiro na minha vida. Tenho um violão que deixo em casa e outro na concentração. Hoje em dia toco mais sertanejo, que é o que mais escuto. As músicas mais antigas me agradam. Toco muito Bruno & Marrone, César Menotti & Fabiano, essa linha”.
Ao mesmo tempo em que curte esportes radicais, Rafael procura baixar os ânimos na pescaria. “Sou um cara hiperativo. Meu terapeuta-psicólogo é a pescaria. É o momento em que eu quero ter o contato com a natureza, ficar tranquilo. Depois que comecei a pescar, incentivei meu pai. Ele, que nunca tinha pescado na vida, agora está indo viajar ao Pantanal para pescar. Gosto também de aeromodelismo, de esportes radicais, de altura, de salto, mergulho. Não consigo ficar parado”.
Estudante de engenharia civil em curso à distância, Rafael brinca que fará estágio na construção da própria casa. “Bom que vou aprender a fazer tudo. Meu pai é engenheiro civil, meu irmão é engenheiro civil, minha mãe é engenheira eletricista. Sou um cara que não gosta de ficar parado”.


Futebol
É inevitável pensar que Fábio, de 38 anos, está na reta final de carreira. Jogador que mais vestiu a camisa do Cruzeiro, com 828 partidas, o experiente goleiro tem contrato até dezembro de 2020. Rafael, por sua vez, atuou em 109 jogos, quase sempre mostrando bastante potencial para ser titular de qualquer clube do futebol brasileiro. Por que, então, prefere seguir como suplente a buscar oportunidade em outra equipe? O camisa 12 enumera muitos motivos para permanecer em Belo Horizonte.


“O Cruzeiro é um dos maiores clubes do mundo e está sempre brigando por títulos. É um clube que, desde a minha chegada, sempre acreditou em mim. Então tenho vários motivos para estar feliz aqui. Foi o clube que me abriu as portas, acreditou no meu trabalho e ajudou na minha formação com os excelentes profissionais que aqui trabalham.”
Sempre que tem oportunidade, Rafael enaltece o trabalho dos preparadores de goleiros, Robertinho e Leandro Franco, para manter o alto nível entre os atletas da posição. “A maioria das entrevistas que você for ver, todos os goleiros do Cruzeiro sempre agradecem o trabalho do Robertinho e do Leandro Franco. Claro que é a comissão toda, mas eles estão diariamente focados conosco, são os nossos treinadores. E a gente faz isso como forma de agradecimento, porque eles são muito importantes.”


A respeito de herdar a titularidade de Fábio em longo prazo, Rafael se preocupa apenas com a situação de momento. “Eu penso muito no hoje. Penso em poder contribuir da melhor maneira, fazer o meu melhor, independentemente se terei sequência ou não. Acredito que todos nós, jogando muito ou pouco, temos importância nas vitórias, nas derrotas e no desfecho do ano. Quero melhorar a cada dia, dedicar-me ainda mais, evoluir, ajudar quando estiver em campo, fazer de cada próximo jogo o mais importante da minha vida. Vou assim, fazendo pequenas metas e pensando em curto prazo. O futuro a Deus pertence. Sou um cara que tem muita fé e deixo nas mãos de Deus. No Cruzeiro, sempre queremos que o time saia vencedor.  Enxergamos não como uma competição individual, mas como um time de goleiros que vai fazer de tudo para que o Cruzeiro saia vencedor nos jogos”.

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