Um time família. Desde que foi contratado pelo América, no início do ano, o lateral-direito Leandro Silva chega ao CT Lanna Drumond, sempre acompanhado do pai, Luiz Silva. Agora, o zagueiro Pedrão, de 21 anos, que está no clube desde domingo – foi apresentado oficialmente ontem –, mostra que com ele não é diferente. Está sempre cercado da mãe, Gabrielle de Oliveira, de 43 anos, e da irmã, Ana Júlia Oliveira, de 10. “Somos inseparáveis. Minha mãe está em todo lugar que estou. Ela é uma grande marcadora”, brinca.
Pedrão começou a jogar futebol aos 6 anos, em escolinhas. “Eu ia levar e buscar. Isso quando não esperava o treino todo”, conta Gabrielle, que se declara a ‘fã número 1’ do atleta. A cada passo dado pelo jogador, a cada clube em que jogou, ela estava presente. “Moramos na Zona Norte de São Paulo e, na maioria das vezes, tinha de ir longe pra ele jogar. Foi assim no Nacional, o primeiro time dele, quando tinha 12 anos. Depois, a Portuguesa de Desportos. De lá, foi para o Água Santa, em Diadema. Todo dia de São Paulo a Diadema é um chão. Lá ele ficou três anos. Jogou a Copinha São Paulo. E, daí, para o Palmeiras. Todos longe de casa, mas eu ia levar. Depois de algum tempo, não estava sozinha, pois minha família estava junto”, conta Gabrielle.
O zagueiro, que mede 1,94m, não reclama de ser paparicado. Até gosta. “Minha mãe e minha irmã estão sempre juntas de mim. Quero que seja sempre assim. Aqui vai ser mais difícil. Ela vai ter de ficar indo e vindo de São Paulo. Minha irmã tem de estudar”, diz Pedrão.
Gabrielle diz que não será nenhum sacrifício. “Estou indo amanhã (hoje), pois a Ana Júlia tem aula na segunda. Mas dentro de 15 dias volto e espero que possa ver ele jogando pelo América. Sei que ele será muito feliz aqui.”
VIDA ATRIBULADA Pedrão conta que tem uma vida muito atribulada e que o sonho de se tornar um jogador de futebol sempre o conduziu. “De 12 a 13 anos participei de peneiradas na Portuguesa. Eram 100 meninos. Só dois passaram, eu e mais um. Quando fiz 14 anos, eles acabaram com a categoria infantil e dispensaram todo mundo. Fiquei chateado. Mandaram ligar depois pra saber se eu seria aproveitado. Fiquei um ano sem jogar.”
Mas a vontade de estar em campo era grande e ele decidiu arriscar. “Participei de peneiras de Corinthians e Santos, mas não passei. Decidi, então, ir para a escolinha do São Paulo. Consegui entrar, mas fiquei pouco tempo, pois apareceu a chance de ir para o Água Santa. Lá, era titular e fiquei três anos. Joguei até a Copinha, que foi o que chamou a atenção do Palmeiras, em 2017.”
Pedrão estava na reserva e acabou surpreendido pelo interesse do América. “Era o sábado passado, quando me falaram do interesse do Coelho e perguntaram se queria vir. Não pensei duas vezes. Só tinha boas informações do clube. Jogava com o Moisés, Jomar, Thiago Santos. Eles sempre falavam bem do América. Estou aqui. Meu futuro é aqui, tenho certeza.” Ele disputará posição com Messias (pretendido pelo Internacional), Paulão, Lucas Bolívia, Diego Jussani e Lima.
SONDAGENS No período que precedeu a transferência para o Coelho houve interesse também de Guarani e Fortaleza, mas, segundo o jogador, foram apenas sondagens. Ele se mostra empolgado com o que considera a grande chance de sua carreira.
“Jogo tanto de central quanto na quarta zaga. Sei que são muitos os jogadores para as duas posições, seis. Mas a competição é normal e estou aqui não só para buscar meu espaço, mas para ajudar, fazer parte do grupo”, diz. Pedrão, aliás, tem surpreendido preparadores e o técnico Givanildo, pois as atividades no CT terminam e ele permanece treinando no fundo do campo, com a ajuda de auxiliares técnicos. Treina cabeceio, bola cruzada na área e rebatidas. “Gosto muito de fazer isso. Quero me aprimorar sempre.”