Perto de completar cinco anos do grave acidente de esqui em uma estação nos Alpes Franceses que deixou o ex-piloto alemão Michael Schumacher em coma por vários meses, a família do heptacampeão da Fórmula 1 decidiu quebrar o silêncio ontem e divulgou uma inédita entrevista em vídeo gravada em 30 de outubro de 2013, dois meses antes do trágico episódio.
Para marcar o aniversário de 50 anos de Schumacher, em dia 3 de janeiro, a família decidiu compartilhar a entrevista com os milhares de fãs na página oficial dele na internet. Ela está dividida em 10 perguntas e na primeira o ex-piloto recorda o título mais emocionante da carreira. “Foi sem dúvida o de Suzuka (Japão), em 2000, com a Ferrari. Depois de 21 anos sem Mundiais para a Ferrari e quatro anos para mim, a luta para conseguir, finalmente ganhamos a corrida, uma corrida excepcional, e ganhamos o campeonato”, contou.
Em 17 anos de F-1, Schumacher travou batalhas contra o inglês Damon Hill, o escocês David Coulthard, o brasileiro Rubens Barrichello e o espanhol Fernando Alonso. Mas o adversário que o alemão mais respeitava era Mika Hakkinen, o finlandês que lhe roubou os títulos mundiais em 1998 e 1999. “Grandes lutas, mas uma relação privada estável.”
A resposta mais surpreendente, no entanto, foi na pergunta sobre seus ídolos. Esperava-se que o ex-piloto falasse do argentino Juan Manuel Fangio, do austríaco Niki Lauda ou do francês Alain Prost. Ou que admirava o brasileiro Ayrton Senna e o italiano Vincenzo Sospiri nos tempos em que ainda corria de kart. Mas sua idolatria era por um jogador de futebol. “Meu verdadeiro ídolo era o Toni Schumacher, um grande jogador de futebol”, revelou, referindo-se ao ex-goleiro de Colônia, Schalke 04, Bayern de Munique, Borussia Dortmund e da Seleção da Alemanha Ocidental nos anos 1980 – atualmente é vice-presidente do Colônia.
TALENTO Schumacher ainda afirmou que “para crescer é preciso não olhar apenas para si próprio, mas também para o carro, para os outros pilotos”, considerando que essa foi a “chave do seu sucesso”. “O talento é muito importante no automobilismo, como em qualquer outro esporte, mas é algo que precisa ser trabalhado. O kart é uma boa base para mostrar o talento, porém também para encontrar outras habilidades necessárias para ser piloto”, aconselhou. “Sucesso tem a ver com trabalho em equipe”, completou.