É importante que  médicos, pesquisadores e veículos de comunicação social contribuam ainda mais com a divulgação científica responsável

É importante que médicos, pesquisadores e veículos de comunicação social contribuam ainda mais com a divulgação científica responsável

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Uma em cada três publicações sobre câncer nas redes sociais contém informação incorreta, segundo o National Cancer Institute (NCI). O alerta da principal agência norte-americana para pesquisa do câncer corrobora com o que tem sido observado pela Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), que ao longo deste ano foi contatada diversas vezes pela imprensa para desmentir fake news ou explicar associações equivocadas a partir de postagens de grande repercussão na internet.

Entre as principais demandas recebidas pela SBOC, estão o uso de propriedades medicinais da árvore lobeira ou do tronco da árvore de graviola para curar o câncer, ozonioterapia e fosfoetanolamina como opções de tratamento oncológico e associações alarmistas de desenvolvimento de tumores a partir do consumo de aspartame, uso de contraceptivos hormonais ou até mesmo em consequência do exame de mamografia.

O presidente da SBOC, Carlos Gil Ferreira, explica que a entidade se posiciona com base na ciência, ressaltando sempre a importância de uma abordagem respaldada por evidências sólidas. "Isso reflete o compromisso da SBOC com a condução de estudos clínicos rigorosos, revisões sistemáticas e análises científicas para avaliar a eficácia e a segurança de todas as terapias, independentemente de serem convencionais ou alternativas. O mesmo vale para questões relacionadas à prevenção ou ao desenvolvimento de tumores", declara.

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Diretora da SBOC e coordenadora do Comitê de Tumores Ginecológicos da entidade, Angélica Nogueira Rodrigues afirma que a prevenção do câncer também pode ser afetada pela desinformação, principalmente quando o tema é vacinação contra o HPV.

"A imunização é uma ação importante para a prevenção de diversos tipos de tumores associados ao HPV, como cânceres do colo do útero, de vulva, vagina, pênis, canal anal e orofaringe", lembra. "Mas, infelizmente, a propagação de notícias falsas relacionadas à segurança das vacinas e aos seus potenciais efeitos colaterais afetou diretamente a cobertura vacinal. Nesse aspecto, estamos falando de cânceres que poderiam ser potencialmente evitáveis com a vacina", acrescenta.

Membro da diretoria da SBOC e coordenadora do Comitê de Tumores Mamários da entidade, Daniela Rosa reforça a importância dos médicos, pesquisadores e veículos de comunicação social contribuírem ainda mais com a divulgação científica responsável.

"Sabemos que o modo no qual uma questa%u0303o de sau%u0301de e%u0301 enquadrada afeta a opinia%u0303o pu%u0301blica, influencia o comportamento individual e desempenha um papel central no processo da formac%u0327a%u0303o das poli%u0301ticas de sau%u0301de. Defensores da ciência devem se posicionar de forma clara para que o público tenha à disposição informações consistentes, sem induzir o risco de pânico generalizado e possível disseminação de notícias falsas", diz.

As fake news na área oncológica são destaque da mesa Câncer e o necessário compromisso de informar com qualidade, durante o XXIV Congresso Brasileiro de Oncologia Clínica, que acontecerá de 16 a 18 de novembro no Rio de Janeiro. Jornalistas, médicos, pesquisadores, ativistas e pacientes irão debater o tema.