técnico de vôlei Filipe Ferraz

'Tinha a sensação de dormência na perna e o dia a dia foi piorando, até chegar um momento em que eu não tinha mais posição de tanto incômodo ininterrupto'

Agência i7/Sada Cruzeiro


O técnico de vôlei Filipe Ferraz, de 43 anos, passou recentemente por uma cirurgia para remover uma hérnia de disco na região lombar. O procedimento aconteceu na noite de 17 de outubro, terça-feira, e possibilitou que ele já estivesse de volta treinando os jogadores do Cruzeiro dois dias depois, ou seja, na quinta (19/10).

Além disso, na sexta (20/10), participou de um jogo decisivo contra o JF Vôlei, de Juiz de Fora, e, no sábado, da vitória contra o time do Minas, conquistando o 15º título consecutivo do Campeonato Mineiro. Ele conta que a dor na coluna estava aumentando ao longo dos dias. 
“Tinha a sensação de dormência na perna e o dia a dia foi piorando, até chegar um momento em que eu não tinha mais posição de tanto incômodo ininterrupto.”

Nesse processo, o técnico investiu em medicamentos e em algumas terapias, mas nada surtiu efeito. “Quatro dias antes da cirurgia o quadro de dor estava insustentável, tanto é que fiz o procedimento às pressas.”


 
Filipe se emociona ao lembrar que pôde estar novamente com o time em um momento tão importante do Campeonato Mineiro. “Além da apreensão com relação ao meu estado de saúde, estava realmente preocupado, pois não queria ficar de fora da final e não ver o time jogar.
A cirurgia e, principalmente, a recuperação rápida me deram condições de ver a equipe em campo e, principalmente, sendo vitoriosa em um jogo clássico, tenso e nervoso.”

SAI DO LUGAR

Segundo Daniel Oliveira, ortopedista responsável pela cirurgia, a hérnia de disco é um dos principais problemas de coluna dos brasileiros. “Ela ocorre quando o disco intervertebral, situado entre as vértebras da coluna e que tem a função de absorver os impactos sofridos por ela, sai do lugar.

A hérnia pode surgir por diversos fatores, como: predisposição genética, envelhecimento, sedentarismo, excesso de peso, tabagismo, má postura e a falta de atividades de fortalecimento da região das costas e abdômen, entre outros.”

No caso de Filipe, o ortopedista relata que ele estava com muita dor, não conseguia andar e sequer ficar muito tempo em pé. "Optamos por realizar a cirurgia de forma minimamente invasiva por endoscopia de coluna, o que permitiu que ele retornasse aos treinos com dois dias e participasse das finais da competição três dias após o procedimento."

Daniel Oliveira, ortopedista responsável pela cirurgia

'Optamos por realizar a cirurgia de forma minimamente invasiva por endoscopia de coluna, o que permitiu que ele retornasse aos treinos com dois dias e participasse das finais da competição três dias após o procedimento'

Arquivo Pessoal
CASOS EXTREMOS

Ele conta que as cirurgias de coluna são indicadas apenas em casos extremos, quando os tratamentos convencionais não funcionam, tais como medicação e bloqueios para aliviar dores e inflamações, fisioterapia, pilates, atividade física, RPG, entre outros, ou em casos de alterações neurológicas graves, como perda de força ou sensibilidade nos braços e pernas.

“Tudo deve ser avaliado de forma individualizada e de acordo com as necessidades de cada paciente. Hoje, mesmo em casos mais graves com necessidade de cirurgia, temos tecnologia para realizá-la de forma minimamente invasiva, como fizemos com o técnico, o que resulta em uma recuperação muito mais rápida e bem diferente do que acontecia no passado.”

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Como funciona a técnica:

- O procedimento é considerado pelos especialistas como uma evolução da cirurgia tradicional e permite acessar a coluna de maneira direta, por meio de um corte milimétrico por onde se introduz um pequeno cilindro, da espessura de um lápis (endoscópio de coluna).

- Por meio de endoscópicos associados a câmeras, o cirurgião consegue visualizar o que está acontecendo dentro da coluna e remover a hérnia de disco ou descomprimir a região de pinçamento de nervos com dano mínimo nas estruturas da coluna e na musculatura. 

- “O resultado é um pós-operatório com pouco desconforto, tempo de permanência hospitalar de apenas algumas horas e um retorno rápido à rotina normal.  A incisão normalmente necessita de, apenas, dois pontos para o fechamento de pele e um pequeno curativo. O procedimento gera pouca dor e muitas vezes pode ser executada com anestesia local associada à sedação”.