cachorro com lapis

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fotos: Istock
 
 
gato de oculos

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familia com animais

A família de Bruna e Frederic tem 12 cães, quatro gatos, uma porca e um bode

arquivo pessoal
 
 
Ao cumprimentar os cães, pedimos a patinha e eles a oferecem com entusiasmo. Dizemos deita e eles rolam no chão; pedimos senta e obedecem prontamente. Mas o que mais esses leais amigos entendem? Como decifram emoções no ar, quando palavras não são ditas? Como é que, muitas vezes, parecem ler nossas mentes?

Em um mundo repleto de comunicação não verbal, os animais continuam a surpreender com suas habilidades perceptivas. Há estudos que ajudam a desvendar os mistérios da inteligência animal, explorando como os queridos companheiros não apenas seguem os comandos, mas também sintonizam-se com sentimentos mais profundos de seus donos.

A conexão que vai além das barreiras da linguagem humana é a profunda harmonia dos laços afetivos entre humanos e animais, evidenciando-se à medida que compartilham suas vidas. Eduardo Bessa, professor de zoologia na UnB, campus de Planaltina, apresenta a hipótese predominante na pesquisa sobre inteligência animal: a do cérebro social.

"Essa teoria sugere que espécies altamente sociais tendem a ser mais inteligentes, pois a convivência em sociedade exige a capacidade de recordar interações passadas, identificar parceiros confiáveis e reconhecer favores. Se essa hipótese estiver correta, os cães, descendentes de lobos com estruturas sociais organizadas e hierarquias estabelecidas, poderiam ser considerados mais inteligentes do que os gatos selvagens, que têm uma vida social menos estruturada", detalha.

Bessa destaca que a definição de inteligência é debatida, e muitos cientistas preferem o termo "cognição" em comportamento animal. "Há indicadores de inteligência em animais, como teoria da mente, organização de símbolos e planejamento. Cães e gatos demonstram algumas dessas habilidades; por exemplo, estudos mostram que cães podem ler expressões faciais humanas."


Segundo o professor, isso demonstra que, ao observar nossos rostos, eles podem discernir nossas emoções, reconhecendo se estamos felizes, zangados, assustados ou enjoados. "Essa habilidade de ler a mente é algo que praticamos constantemente, mas sua existência formal entre animais só foi reconhecida recentemente na ciência", afirma.

Segundo o professor, isso demonstra que, ao observar nossos rostos, eles podem discernir nossas emoções, reconhecendo se estamos felizes, zangados, assustados ou enjoados. "Essa habilidade de ler a mente é algo que praticamos constantemente, mas sua existência formal entre animais só foi reconhecida recentemente na ciência", afirma.


Muitos animais resolvem problemas complexos, aprendem com a experiência e demonstram notável comunicação e empatia, desafiando a ideia da superioridade intelectual humana



É comprovado

Para a ciência, os cães demonstram uma inteligência sofisticada. É o que sugere Stanley Coren, especialista em comportamento animal da Universidade da Colúmbia Britânica, que publicou o livro A inteligência dos cães. Nessa obra, ele argumentou que existem diferenças na inteligência entre diversas raças de cachorros, usando a facilidade de adestramento como critério para classificá-las.

No entanto, seu livro também indica que cientistas estão descobrindo que a inteligência dos cães vai além da facilidade de adestramento, sugerindo que há mais aspectos a serem considerados na compreensão da inteligência canina.

A inteligência geral, um experimento com 68 border collies, dos psicólogos Rosalind Arden e Mark Adams, ou fator "g", concluiu que o bom desempenho em uma tarefa está relacionado a um bom desempenho em outras, sugerindo uma inteligência adaptável e multifacetada dos peludos, assim como a boa interpretação do sentimento do tutor, não descartando a descoberta do tipo de memória que permita o animal reconhecer a si próprio.

Inteligência 
notável
Segundo  Wisney Dias Furtado, adestrador e tratador de cães com experiência com os cães da Receita Federal (aeroporto) e no canil da Polícia Federal: Cães demonstram notável inteligência, lendo expressões e antecipando ações, e o adestramento personalizado é essencial para atender necessidades específicas de cães e tutores. Enfatizo ensinar tutores a entender seus pets, considerando raça e estilo de vida. Minha abordagem vai além do adestramento, incorporando interação com pessoas e adaptação a cenários variados."


Mais que demais

Bruna Timponi, 35 anos, é nutricionista e, ao lado do marido, o empresário Frederic Sainty, 36, formou uma grande família, incluindo dois filhos: Caio, com 1 ano e 9 meses, e Clara, com 4 meses. Além disso, compartilham seu lar com uma variada coleção de animais de estimação, que inclui 12 cachorros, quatro gatos, uma porca e um bode.

"A maioria dos nossos cães foram resgatados das ruas ou abandonados em nossa porta. Olívia, a porca, foi um presente surpresa para o meu marido, e nosso bode, Bento, apareceu na casa da minha sogra e resolvemos ficar com ele. Criar diferentes espécies de animais é um desafio que aceitamos devido ao nosso amor por eles. No entanto, criar porcos é particularmente exigente devido à personalidade forte e às necessidades especiais de espaço. É importante destacar que não é uma tarefa para todos."
 
Seus animais de estimação exibem notáveis características, incluindo o reconhecimento da rotina e a capacidade de responder a seus nomes. "Os cães buscam agradar, enquanto a porca Olívia demonstra inteligência, especialmente ao buscar comida. Bento, o bode, já demonstra uma inclinação para imitar o comportamento de outros animais, independentemente de sua espécie", compartilha Bruna.
 
No que diz respeito às crianças, Bruna ressalta que os cães conseguem distinguir bebês/crianças de adultos, agindo com delicadeza e paciência. Além disso, eles têm a capacidade de alertar em situações de perigo, como quando um dos cachorros caiu na piscina. n

Táticas inteligentes
Os gatos, com sua reputação de independência, há muito surpreendem seus tutores com táticas inteligentes para conseguirem o que desejam. A cientista Karen McComb, da Universidade de Sussex (Inglaterra), lançou luz sobre um dos comportamentos intrigantes dos felinos: o miado estridente que, mais do que uma súplica, parece um apelo dramático.A pesquisa de McComb revelou que esse miado intenso não é uma característica universal entre todos os gatos, mas sim um comportamento desenvolvido por aqueles que vivem em casas com humanos. E qual é o propósito desse "miado histérico"? A resposta é simples e surpreendente: os gatos aprenderam que esse tipo de vocalização específica é eficaz para obter o que desejam, seja comida fresca, seja água da torneira. Ao longo do tempo, os gatos domesticados perceberam que o miado que soa como um choro de criança pequena desperta a atenção das pessoas e, consequentemente, os humanos cedem aos seus desejos. Essa pesquisa ilustra a capacidade de adaptação e de aprendizado dos gatos, que usam sua inteligência para manipular sutilmente seus tutores. Portanto, da próxima vez que seu gato soltar um miado dramático, lembre-se de que, na mente astuta dele, está a perfeita compreensão de como conseguir o que deseja.