Os aneurismas podem variar em tamanho e forma e, muitas vezes, não apresentam sintomas até que ocorra uma ruptura

Os aneurismas podem variar em tamanho e forma e, muitas vezes, não apresentam sintomas até que ocorra uma ruptura

Naeblys/iStock

Setembro é o mês destinado à conscientização da população sobre o aneurisma cerebral, condição de saúde, muitas vezes silenciosa, que pode levar a consequências devastadoras quando ignorada. Acontece quando há uma dilatação anormal em uma porção enfraquecida de uma artéria no cérebro. Quando há essa fraqueza na parede arterial, pode haver a formação de uma protuberância que, se romper, resulta em uma hemorragia cerebral. Segundo o médico neurocirurgião Felipe Mendes, membro da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia, os aneurismas podem variar em tamanho e forma e, muitas vezes, não apresentam sintomas até que ocorra uma ruptura.

"Quando isso acontece, o indivíduo pode ter dor de cabeça súbita e intensa, náuseas, vômitos, dor no pescoço e sensação de pescoço travado, visão turva, crises epilépticas ou perda de consciência." Saber identificar esses sinais e sintomas iniciais é importante para conseguir atendimento imediato, evitando complicações graves, como danos físicos irreversíveis ou, até mesmo, o óbito.

O neurocirurgião explica que a doença é multifatorial, ou seja, existem diversos fatores de risco conhecidos que contribuem para a formação da doença. "Pessoas com histórico familiar da doença têm maior probabilidade de desenvolvê-la. Além disso, o tabagismo, a hipertensão arterial, o uso de drogas ilícitas, o abuso de álcool e algumas condições genéticas - como a síndrome dos rins policísticos - também são fatores sabidamente conhecidos. O envelhecimento também acaba sendo uma característica que influencia, já que há uma maior incidência em pessoas acima de 40 anos."

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O tratamento pode variar de acordo com o tamanho, localização, a idade de aparecimento e as características de saúde de cada indivíduo. "A partir da análise desses fatores, é construído um mapa de probabilidades do risco de ruptura, determinando o tipo de tratamento adequado." As opções incluem a observação cuidadosa com realização de exames seriados, redução dos fatores de risco ou o tratamento cirúrgico.

Felipe explica que aneurismas muito pequenos em grupos selecionados podem ser apenas acompanhados ao longo do tempo, sem necessidade de cirurgias e quando há indicação de tratamento cirúrgico, existem atualmente duas alternativas: a clipagem do aneurisma ou a embolização.

"Para realizar a clipagem, o neurocirurgião faz uma incisão no crânio para acessar o aneurisma e colocar um clipe de metal na base da dilatação do aneurisma para interromper a circulação sanguínea. Na embolização, realizada por meio de um cateterismo, são colocados materiais como molas e stents para reduzir o fluxo sanguíneo, causando o seu fechamento progressivo."

Uma inovação notável é a cirurgia com o paciente acordado, realizada pioneiramente por Felipe, juntamente com o médico Bernardo Aramuni, em Belo Horizonte e também em Sete Lagoas. "Nessa técnica avançada, o paciente é mantido acordado durante parte da cirurgia, permitindo o monitoramento da função cerebral em tempo real enquanto o neurocirurgião trabalha para reparar o aneurisma."

Isso reduz significativamente os riscos de danos neurológicos durante a intervenção. E, ao contrário da cirurgia tradicional, não é necessário esperar o fim do procedimento e a recuperação para avaliar se houve alguma sequela neurológica.

A escolha do tratamento depende de múltiplas variáveis. Em alguns casos, o risco da intervenção cirúrgica pode superar o risco de ruptura do aneurisma, especialmente se ele for pequeno e estiver em uma área de difícil acesso. "É importante discutir todas as opções com um neurocirurgião ou um neurorradiologista intervencionista para determinar a melhor abordagem para cada caso", aponta Felipe.