Uma mão com pílulas. Ao fundo, cartelas de medicamentos

Para 77% dos brasileiros, a automedicação é um hábito comum

Pixabay


A novela “Terra e Paixão”, da Rede Globo, levanta uma discussão séria: os riscos do uso excessivo de medicamentos. A personagem Petra, interpretada pela atriz Débora Ozório, é uma dependente medicamentosa, que vive em meio a angustiantes tentativas de parar ou reduzir o consumo de remédios. 

Os medicamentos não são vilões, pelo contrário, eles são muito importantes para o combate a doenças, sejam elas físicas ou mentais. Mas o caso abordado na obra audiovisual nos leva a refletir sobre o uso prolongado ou sem indicação médica de hipnóticos, ansiolíticos, antidepressivos, antipsicóticos, estabilizadores de humor, entre outros, que podem provocar intolerância e dependência, além de efeitos colaterais decorrentes de uma utilização banalizada para o tratamento de diversos quadros e sintomas psicoemocionais. 

Para 77% dos brasileiros, a automedicação é um hábito comum.  Em excesso, a prática pode causar sérios riscos à saúde, como dependência química, intoxicação ou mesmo risco de morte. Os dados alertam para questões como o uso racional de medicamentos, excesso e prolongamento desse uso, além da automedicação. 



O uso indiscriminado das drogas medicamentosas pode também criar resistência a bactérias, por exemplo. A recomendação é procurar um especialista para analisar o quadro psicoemocional, antes de recorrer à indicação de amigos e pesquisas no navegador. 

Outro fator importante, cada vez mais relevante, é que muitos remédios estão se tornando ícones de uma sociedade psiquicamente doente. No Brasil, 100 milhões de caixas de medicamentos controlados foram vendidas em todo o ano de 2020.  Antidepressivos e ansiolíticos são os fármacos mais procurados. A avaliação é de que o período de pandemia teve efeito direto nessa estatística.

LEIA MAIS: Automedicação no inverno: prática comum pode agravar quadro leves 

São milhões de caixas de remédio consumidas para dormir, acordar, emagrecer, sorrir e ficar feliz, diminuir a ansiedade, melhorar o humor, aumentar a libido, dentre outros objetivos. Para Andréa Ladislau, psicanalista, é incontestável a importância dos remédios para a cura e o controle do sofrimento psíquico e das doenças. 

O assunto em questão, abordado na novela, é uma realidade que deve ser levada a sério. Cabe a busca por orientação médica e psicoterápica adequada, para que se possa “desmamar” o dependente medicamentoso, de forma correta e supervisionada, além de identificar quais gatilhos o levam a desenvolver a dependência, com o objetivo de auxiliá-lo na busca por hábitos mais saudáveis e na utilização racional dos fármacos.