Homem ao volante de veículo

Homem ao volante de veículo

Pixabay

Idosos que utilizam antidepressivos, ansiolíticos, sedativos, antialérgicos, medicamentos hipoglicemiantes, analgésicos opioides e relaxantes musculares precisam ter cautela ao dirigir. Esses medicamentos podem afetar a concentração, a coordenação motora, os reflexos e a habilidade de dirigir, elevando o risco de acidentes de trânsito. Esse alerta faz parte da cartilha 'Tenha uma Direção Segura! Manual da Pessoa Idosa Condutora', direcionada a pessoas com 60 anos ou mais e seus familiares. A cartilha foi elaborada pela disciplina de geriatria e gerontologia da Escola Paulista de Medicina (Unifesp), pela Abramet (Associação Brasileira de Medicina do Tráfego) e pela SBGG (Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia).

O envelhecimento traz consigo doenças crônicas como diabetes, cardiopatias e doenças neurológicas, o que leva os idosos a tomar diversos medicamentos. Segundo Flavio Adura, diretor-científico da Abramet, remédios para diabetes podem causar hipoglicemia e levar à perda de consciência ao volante. Insônia e dores crônicas também afetam a direção veicular e exigem o uso de medicamentos mais potentes.
Sedativos, anticonvulsivantes, antidepressivos e calmantes em geral podem causar sonolência, desatenção, tontura, mal-estar, sudorese, palpitação e outros sintomas de hipoglicemia, explica a médica Fânia Cristina dos Santos, doutora em geriatria e gerontologia da Unifesp e membro da Comissão de Dor da SBGG e do Comitê de Dor no Idoso da Sociedade Brasileira para o Estudo da Dor. Ela enfatiza a importância de informar ao médico sobre os sintomas e evitar dirigir caso ocorram.

A especialista também alerta para os riscos do uso indiscriminado de medicamentos vendidos sem receita, como antialérgicos e relaxantes musculares. É fundamental que os idosos conversem com seus médicos sobre os medicamentos que tomam e as possíveis interferências na direção. 'Tenho muitos pacientes que não deveriam estar dirigindo, mas insistem. Para eles, dirigir é uma questão de empoderamento', afirma.
Lançada em maio, a cartilha aborda aspectos a serem considerados quando um motorista com 60 anos ou mais está ao volante. Além do uso de medicamentos, o material inclui informações sobre consumo de álcool, cuidados com sono e alimentação, atenção à saúde, manutenção dos veículos e dicas para o trânsito seguro de pedestres idosos. Algumas recomendações são: evitar dirigir à noite, em horários de pico e com tempo ruim; ficar próximo de casa; não percorrer longas distâncias; dirigir acompanhado; descansar após uma hora e meia na direção; realizar exames oftalmológicos e de audição com frequência.
A força e a vitalidade também são aspectos valorizados pelos geriatras. Fânia Cristina dos Santos destaca a importância da mobilidade, alimentação adequada e prática de atividade física para manter a segurança ao dirigir. 'O momento de parar de dirigir não depende da idade, mas da funcionalidade da pessoa', ressalta.

Segundo o Detran-SP, dos 27,3 milhões de condutores com CNH (Carteira Nacional de Habilitação) registrada em São Paulo, 4,3 milhões (15,7%) têm 60 anos ou mais. A legislação de trânsito vigente no país estabelece que a renovação da CNH ocorra a cada dez anos para condutores com idade inferior a 50; a cada cinco anos para quem tem de 50 a 69 anos; e a cada três anos para motoristas com 70 anos ou mais.