Fachada do Hospital das Clínicas da UFMG, em Belo Horizonte

Tragédia com bebê decapitado durante o parto aconteceu no Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais

Sidney Lopes/EM/D.A Press

Está em apuração a morte de um recém-nascido durante o parto feito no Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). O bebê teve a cabeça arrancada do corpo ainda dentro da barriga da mãe. A criança nasceu pré-matura, com 28 semanas de gestação, segundo a família.

A tragédia ocorreu na madrugada do dia 1º de maio, mas o caso veio à tona nesta semana, após a família procurar a polícia para fazer a denúncia. De acordo com o relato, depois de a mãe ser internada pela segunda vez com pressão alta, a equipe médica do Hospital das Clínicas decidiu fazer a indução do parto. Mesmo assim, a responsável pelo procedimento estava encontrando dificuldades.

A família da criança solicitou a apuração para constatar se a morte se trata de erro médico. Por enquanto, a situação está sendo considerada pela Polícia Civil de Minas Gerais como homicídio culposo, ou seja, quando não há intenção de matar.

Para esclarecer se realmente é possível um bebê ter a cabeça separada do corpo sem a interferência de objeto cortante, tendo a idade gestacional de 28 semanas, é necessário conhecer a fisiologia gestacional. É o que afirma uma enfermeira obstetra que prefere não se identificar, diante da delicadeza e polêmica do tema.

Com 28 semanas, informa a especialista, o bebê pesa em média entre 1,1kg e 1,2kg e mede aproximadamente entre 35 e 36 centímetros de comprimento da cabeça aos pés. "É um ser humano muito pequeno e com estruturas ainda muito frágeis", ressalta a profissional.

"Levando em consideração essas condições, uma manobra mais intensa, ou um procedimento que tenha que ser um pouco mais invasivo, pode levar à rotura dessas partes anatômicas e, sim, há possibilidade de que a cabeça seja separada do corpo sem necessariamente o uso de um objeto cortante", aponta.

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Se o bebê apresenta alguma doença grave, como um edema generalizado ou até se já estiver morto, sua constituição estará ainda mais frágil, aumentando as chances de tal evento, reforça a obstetra.

Em relação à via de parto nos casos de pré-eclâmpsia e eclâmpsia, por exemplo, pontua a especialista, a preferência será sempre pela via mais fisiológica possível, desde que ofereça o menor risco para a mulher e o bebê.

"Então, quando se tem uma paciente que está com a pressão alterada, com o risco iminente de perder o bebê ou de perder a própria vida, avalia-se a relação custo x benefício entre um procedimento e outro. Cada caso é avaliado individualmente, considerando suas restrições e particularidades. Assim sendo, a indução pode ser escolhida como forma de interromper a gestação, proporcionando assim à parturiente a possibilidade de um parto por via vaginal", conclui.