Bruna Pitaluga

Bruna Pitaluga, obstetra

Tereza Sá/Divulgação

Pesquisa científica realizada pela Universidade de Brasília (UnB), publicada em janeiro deste ano, constatou que a taxa de anemia entre gestantes brasileiras está em 23%. O índice enquadra o Brasil na classificação moderada da Organização Mundial de Saúde (OMS), a segunda maior estipulada pela instituição referente a este problema. Para chegar ao resultado, foram analisados trabalhos publicados entre 1974 e 2001, abarcando todas as regiões do país. A amostra levou em consideração 12.792 grávidas, nos três trimestres gestacionais, com idades entre 10 anos e 49 anos.

Leia tabém: Gravidez e pós-parto merecem olhar atento dos especialistas

Conforme a médica obstetra com mais de 20 anos de experiência profissional,  Bruna Pitaluga, a anemia é um quadro grave na gestação, que aumenta a morbidade e mortalidade materna e fetal. Devido a sua nocividade, a condição é considerada um problema de saúde pública mundial, com a OMS mostrando de forma contínua, através de levantamentos, o aumento de sua prevalência em vários países do mundo.

Bruna ressalta que no Brasil os estudos sobre o tema são escassos e a avalição não segue um padrão temporal de publicações com a mesma população. O que faz com que o país não tenha a real condição do problema. Daí a relevância do levantamento realizado recentemente pela UnB. São números que tornam possíveis políticas públicas mais assertivas no combate a anemia entre gestantes

Leia também:
Gestação de adolescentes cai em duas décadas

A anemia materna pode ser causada por diversos fatores, entre os quais: infecções agudas, inflamação crônica e deficiências nutricionais. Este último fator, inclusive, fez com que o país adotasse políticas para reduzir a anemia em gestante através da fortificação das farinhas de milho e trigo e da suplementação de ferro.

O resultado obtido pela pesquisa da UNB mostra que as tentativas de diminuição da anemia entre gestantes pelos governos brasileiros não surtiram o efeito desejado. A explicação para isso pode residir nos hábitos alimentares da população brasileira que, na atualidade, consome cada vez menos alimentos in natura e cada vez mais alimentos ultraprocessados, ricos em energia, mas pobres em nutrientes, entre os quais o ferro.

“Diante da pandemia de fome oculta que vivemos no século 21, onde existem calorias em excesso no ambiente de deficiência de micronutrientes (vitaminas e minerais), a deficiência nutricional se torna o principal fator para a anemia”, afirma a médica obstetra, ressaltando que mais de 50% dos casos de anemia no mundo são por deficiência de ferro, acompanhados de vitamina B9 (folato), vitamina B12 (cobalamina), vitamina A (retinol), zinco e cobre.

Levando em conta que a anemia aumenta a morbidade e mortalidade materna e fetal e que as deficiências nutricionais são na atualidade os principais fatores para o desenvolvimento dessa condição em gestantes,  Bruna ressalta a importância da reposição de nutrientes durante o acompanhamento pré-natal, para garantir que a gestante e o feto tenham uma boa saúde e não corram risco de morte.