Cigarro eletrônico e fumaça

Apesar de ter sido feito para controlar o tabagismo, os cigarros eletrônicos viraram moda entra aqueles que nunca fumaram o cigarro convencional

Pixabay/Reprodução
Segundo levantamento do Google Trends dos últimos dois anos, a procura pelo termo ‘vape cigarro eletrônico’ cresceu em mais de 300% em Minas Gerais. Pesquisas sobre os valores de cigarros eletrônicos também aumentaram no estado entre 2021 e 2023, chegando a 275%.

No Brasil, a busca por ‘cigarro eletrônico’ aumentou mais de 1.150%. já os termos ‘vape eletrônico’ e ‘cigarro eletrônico vape’ tiveram alta na procura em mais de 550% e mais de 650%, respectivamente, em todo o país.

 

Apesar de seu uso ser proibido pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) desde 2009, mais de 2 milhões de adultos utilizam cigarros eletrônicos no Brasil e a expectativa  é de que esse número cresça ainda mais este ano, segundo pesquisa feita pela Inteligência em Pesquisa e Consultoria Estratégica  (Ipec).

Do glamour aos alertas

Dos anos 1920 aos anos 1950, a forte parceria entre a indústria cinematográfica e as empresas de tabaco — que pagavam para seus maços e cigarros aparecerem nas grandes telas —  pode ter sido um importante fator para o grande consumo de cigarros no século 20.


Figuras elegantes como Humphrey Bogart ou Greta Garbo fumando em diversos de seus filmes glamourizaram o ato no imaginário popular, consequentemente, aumentando o consumo, e enquanto isso, Hollywood e as empresas lucravam.  


Com as descobertas sobre seus malefícios, os cigarros pararam de fazer parte das grande produções e seus maços sofisticados passaram a conter imagens gráficas e alertas s sobre as consequências de seu uso. 


Entretanto, o consumo de cigarros eletrônicos, cujo propósito seria controlar o tabagismo, vêm crescendo cada vez mais, inclusive na mídia. Na série Euphoria, uma das mais populares entre os jovens, não é dificil ver alguns dos personagens principais fazendo uso dos vaporizadores.

 

 

Mercado ilegal

 O mercado dos cigarros eletrônicos funciona de forma totalmente ilegal no Brasil, o que impede os consumidores de saber o que estão inalando, além de não haver a possibilidade de responsabilização. 


Alessandra Bastos, farmacêutica, ex-diretora da Anvisa e consultora da British American Tobacco (BAT), reforça a necessidade de maior vigilância. “Para que a fiscalização seja aumentada, é necessário que sejam implementadas regras sanitárias, para que haja maior transparência sobre seus conteúdos e riscos.”


Sobre o uso crescente entre os consumidores jovens, a especialista afirma que a utilização desses produtos é feita primeiramente por desinformação. "Eles desconhecem os riscos de inalarem produtos cuja precedência não é informada, por conta de sua ilegalidade.”

 

Grande parte dos brasileiros que consomem esse produto não tem conhecimento sobre sua comercialização, que é proveniente de contrabando: "Sem uma regulamentação que estabeleça as regras para comercialização, fabricação, comunicação e conteúdo desses produtos, todos esses consumidores estão expostos a produtos ilegais e desconhecem quem são os fabricantes ou qual é a composição real desses dispositivos", acrescentou Dra. Alessandra.