Diego Radaelli

O analista econômico-financeiro Diego Radaelli diz que agora tem o hábito de ler rótulos e tabelas nutricionais de embalagens, planejar compras da semana e evitar ficar beliscando

Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press


Comer bem não significa uma alimentação totalmente restritiva ou sem sabor. A saúde vem da comida que assegura, essencialmente, que todos os nutrientes que o corpo precisa estejam no prato. Assim, é necessário considerar variedade, equilíbrio, quantidade e a segurança dos alimentos ingeridos.
 
Na outra ponta, entre os principais problemas de saúde relacionados com uma má alimentação estão a obesidade, o diabetes, hipertensão e até mesmo alguns tipos de câncer. Muitos alimentos, inclusive, têm propriedades medicinais e ajudam a prevenir doenças, como abacate, brócolis, azeite de oliva, romã, folhas verdes escuras e frutas vermelhas.
 
"A relação com a comida deve ser harmoniosa, com rituais como colocar a mesa, comer em família, ter uma pausa para as refeições e controlar o peso com sabedoria. Se houver alguma dificuldade, que seja procurado um profissional responsável, ao invés de recorrer a conteúdos diversos que, na verdade, facilitam o adoecimento", pondera a psiquiatra Maria Francisca Mauro.
 
 Maria Francisca Mauro

Maria Francisca Mauro, psiquiatra

Arquivo pessoal
 
 

"A relação com a comida deve ser harmoniosa, com rituais como colocar a mesa, comer em família, ter uma pausa para as refeições e controlar o peso com sabedoria"

Maria Francisca Mauro, psiquiatra

 
 
A boa alimentação, que inclui todos os grupos alimentares para satisfazer a necessidade nutricional do organismo, e com qualidade, significa o fornecimento de energia para a realização das atividades diárias, assim como para promover o equilíbrio mental. "A comida é uma fonte de força não somente física, mas também se trata de uma relação afetiva", acrescenta a psiquiatra.
 
 
Ela lembra que a alimentação adequada faz com que todos os sistemas corporais funcionem bem, dos ossos à pele, do coração ao intestino, com todas as reações químicas e físicas, do espectro celular e molecular em si, e também gera o bem estar necessário para estudar, trabalhar, por exemplo - são necessidades básicas. "Quando a pessoa não se alimenta de uma forma equilibrada pode ter desde uma alteração de ânimo, dificuldade para pensar, trabalhar, para dormir bem. Passa a ter deficiências que podem gerar doenças físicas e emocionais. Cuidar do corpo com respeito e carinho repercute na saúde", reforça.
 
 
Maria Francisca também ressalta que a forma como a pessoa lida com a alimentação revela muito sobre seu jeito de ser. Fala sobre estar em harmonia consigo mesmo, ou em sofrimento. O importante, para a especialista, é ter paz para comer, ter paz para se relacionar com a comida, de forma afetiva e nutricionalmente poderosa, para uma vida feliz.
 
Durante seu processo de emagrecimento, o analista econômico-financeiro Diego Radaelli Carpes Neiva, de 34 anos, passou a perceber a alimentação como um cuidado com o corpo e a mente. Antes de resolver enfrentar a obesidade, conta que escolhia os alimentos que consumia mais pautado pelo sabor, praticidade e disponibilidade - não tinha nenhuma preocupação, relata, em planejar o que iria comer no dia ou na semana. "Isso fazia com que não raras vezes eu escolhesse alimentos ruins, como pizza, sanduíche, batata frita, sobremesas, e em uma quantidade completamente desequilibrada. Me lembro de uma vez em que resolvi fazer uma pizza congelada e depois de comê-la toda sozinho, resolvi assar mais uma inteira", recorda-se.
 
Até que ele resolveu fazer um replanejamento alimentar e nutricional, em busca de mais saúde - não apenas os quilos a menos na balança. Agora, Diego considera que a boa alimentação faz parte de um processo mais amplo de bem-estar. Depois de conseguir manter uma alimentação adequada por mais tempo, diz que chegou a uma percepção inclusive sobre os impactos das escolhas ruins. "Um exemplo do que aconteceu comigo foi perceber que, quando eu comia 'porcarias' à noite, tinha mais dificuldade para dormir e para acordar cedo e ir para a academia."
 
Antes de começar a fazer acompanhamento nutricional, sua alimentação era variada - o problema maior era a quantidade de alimentos processados e ultraprocessados que estavam sempre no prato. Para Diego, a mudança na dieta o ajudou a ter mais disposição durante o dia, dormir bem e ver a importância de se hidratar melhor. "Confesso que não percebi alterações emocionais. No meu caso, foi um processo bem gradual. Mas alguns comportamentos mudaram. Agora, tenho o hábito de ler rótulos e tabelas nutricionais de embalagens, planejo as compras da semana e evito ficar beliscando, em casa ou no trabalho", diz.
 
Fato é que uma dieta adequada não apenas contribui para a ausência de doenças, mas gera bem estar físico, psíquico e social. Diego diria que isso ocorreu com ele, mas pondera que não consegue bem explicar, de forma objetiva, quais foram as mudanças em sua vida como um todo. "O que posso dizer é que, atualmente, eu tenho a impressão que o cotidiano ficou mais fluido. Raramente me sinto cansado ou indisposto. As renúncias que faço para manter a alimentação mais harmoniosa definitivamente trazem mais disposição e bem estar. A boa alimentação se tornou uma prioridade para mim. É um dos pilares para uma vida equilibrada", conta.
 
Karla Confessor,

Karla Confessor, nutróloga da Clínica Leger e da Clínica Flávia Barbosa, no Rio de Janeiro

Arquivo pessoal
 

 
Palavra de especialista

 
Estado de completo bem-estar 
 
Como Hipócrates já dizia: "Que seu remédio seja seu alimento, e que seu alimento seja seu remédio". A alimentação reflete diretamente na nossa saúde e, quando falamos de saudabilidade, falamos de um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não apenas ausência de doenças. Bons hábitos alimentares passam pela ingesta adequada de macro e micronutrientes. Uma dieta balanceada e equilibrada deve, de preferência, ser ajustada à necessidade individual. Comer para viver e não viver para comer. Vivemos em um mundo onde a indústria cria alimentos altamente palatáveis e viciantes, que são geradores de maus hábitos alimentares, o que favorece o desenvolvimento de inúmeras doenças, como obesidade, dislipidemia, diabetes, síndrome metabólica, entre outras.