Pessoas mostrando as gorduras da barriga

Pessoas mostrando as gorduras da barriga

Pixabay

Médicos são unânimes em afirmar que o mundo vive uma pandemia da obesidade, doença crônica que atinge globalmente 770 milhões de adultos, segundo a Federação Mundial de Obesidade, e é responsável por elevar o risco de outros problemas de saúde, entre eles, hipertensão arterial e diabetes - conhecidos por serem as principais causas de doenças renais crônicas (DRC).

Um em cada dez brasileiros tem insuficiência renal e em torno de 120 mil indivíduos se submetem a tratamento de diálise, conforme dados da Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN). Segundo o nefrologista do Hospital Vila da Serra, Ladislau José Fernandes Júnior, o maior obstáculo é que as DRC - que englobam diabetes mellitus, hipertensão arterial sistêmica, câncer de rim, cálculo renal e pielonefrite (infecção) - são silenciosas, atrasando o diagnóstico precoce.


"Entre todas as etiologias é comum a ausência de sintomas típicos, somente nas fases mais avançadas surgem sinais como inchaço, cansaço aos esforços, anemia, náuseas e vômitos, e confusão mental e insuficiência respiratória em casos críticos de diagnóstico muito tardio. Portanto, é uma importante estratégia eleger pacientes de risco e monitorizar com análises laboratoriais. Urina com espuma e/ou sangue (hematúria), identificada em exame de Elementos Anormais do Sedimento (EAS), pode indicar problemas renais", observa o médico.

Paralelamente às condutas acima, o médico frisa que a adoção de uma alimentação saudável associada à prática de atividade física e hidratação com ingesta de água ajudam a prevenir o adoecimento dos rins. "Consultas periódicas com o clínico geral podem trazer valiosa contribuição, e em casos de suspeita de enfermidade e na população acima de 40 anos, uma avaliação do nefrologista é determinante para o diagnóstico precoce e controle da doença. Vale lembrar que o aumento da expectativa de vida eleva a possibilidade de problemas renais e, consequentemente, de doença renal crônica", afirma.  
 
De acordo com o nefrologista do Hospital Vila da Serra, além de tratar a doença renal crônica é essencial cuidar da doença de base, bem como se ater aos fatores que contribuem para a sua progressão, como obesidade, tabagismo, etilismo, consumo exagerado de sal e proteínas, uso indiscriminado de anti-inflamatórios.

"Igualmente importante, deve ser feito um controle rigoroso da pressão arterial e de alterações metabólicas (glicemia, ácido úrico, colesterol e triglicérides, acidose). Comumente, em situações de quadro avançado de DRC é preciso corrigir a anemia e controlar a doença mineral óssea secundária. Se a capacidade de filtrar o sangue reduzir em níveis importantes, a terapia renal substitutiva será uma opção, seja por meio de hemodiálise, diálise peritoneal ambulatorial ou transplante renal, que quando bem-sucedido, reduz o risco cardiovascular dos pacientes, devendo ser sempre avaliado", descreve.

Quando a DRC não é diagnosticada previamente, o portador pode desenvolver complicações cardiovasculares, como explica o Dr. Ladislau. "Os pacientes podem evoluir para necessidades de suporte dialítico (hemodiálise e diálise peritoneal). Como a faixa etária de maior prevalência da DRC em diálise é entre 40 e 65 anos, período de maior produtividade profissional, notamos um grande impacto social e pessoal na vida desse indivíduo", diz.