Pessoa medindo a gordura da barriga

Pessoa medindo a gordura da barriga

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O Brasil pode ter até 29% da população vivendo com obesidade até 2030 as mulheres serão a maioria. Segundo o estudo realizado pelo Atlas Mundial da Obesidade em 2022 e divulgado pela Federação Mundial da Obesidade, é esperado que o Brasil viva com 29,7% da população adulta com obesidade até 2030. Deste total, 33,2% serão mulheres e 25,8% serão homens. Os números preocupam os especialistas e, para isto, a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia - Regional Minas Gerais (Sbem - MG) faz um alerta sobre o tema para a população.

De acordo a presidente da Sbem MG, Flávia Maia, o aumento no número de pessoas com obesidade pode ter sido influenciado pela pandemia da COVID-19. "Houve um descontrole geral com a alimentação, com a saúde do sono e a falta de atividades físicas, esses fatores certamente contribuíram para isso."

Dados alarmantes 

Dados apontados na pesquisa realizada pelo Ipsos Global Advisor mostram que os brasileiros engordaram pelo menos 6,5 kg desde 2020, deixando o Brasil em primeiro lugar no ranking de países que mais ganharam peso, com 31% de média global. No cenário mundial, o número é ainda mais impactante.


O estudo estima que mais de um bilhão de adultos apresentará algum grau de obesidade nos próximos oito anos, o que representa 17,5% da população global. Desta forma, a meta estabelecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS), de interromper o aumento desta condição na sociedade até 2025, não será atingida.
 
 
Maia reforça que, com índices tão preocupantes, é preciso uma atenção maior da comunidade médica e isto deve acontecer desde a infância. "Vivemos uma situação epidêmica. Junto à obesidade temos as comorbidades, ou seja, uma série de doenças que passam a ser desenvolvidas devido ao sobrepeso, gerando vários fatores de risco para a pessoa como a hipertensão, diabetes, problemas articulares, vários tipos de cânceres, dentre outros. Não é apenas uma questão de estética, mas sim de saúde."

A obesidade é uma doença crônica multifatorial e tem várias raízes. Tem um componente genético importante, mas fatores ambientais, sociais, de saúde mental, medicamentos, podem influenciar no ganho de peso. A pessoa que vive com obesidade não é "culpada" pela condição. "A campanha da Sbem e Abeso (Associação Brasileira para Estudos da Obesidade e Síndrome Metabólica) deste ano quer focar nas histórias comuns das pessoas que vivem com obesidade, nos seus altos e baixos, nas suas dificuldades. Compartilhar esses aspectos pode ajudar a motivar outras pessoas a se cuidarem melhor e procurarem por ajuda."

Mudança de hábitos


A endocrinologista explica que é preciso incentivar uma alimentação saudável e reforça que o corre-corre diário não pode ser desculpa para uma alimentação não saudável. "Incluir a prática de exercícios físicos rotineiros também é fundamental. Sem isso a conta ao final não irá fechar e os principais atingidos serão o paciente, a família que sofre junto e o sistema de saúde que acaba por ficar sobrecarregado com o desenvolvimento de uma série de doenças."

No Brasil, o relatório Vigitel 2021, realizado pelo Ministério da Saúde, constatou que a população com sobrepeso é de 57,25%, e o índice de obesidade ficou em 22,35%, números que obtiveram alta quando comparados a 2019, sendo 55,4% para quem está acima do peso e 21,55% para indivíduos com algum grau de obesidade.

Cardiologia

De acordo com o cardiologista Augusto Vilela, a obesidade é uma doença que abre portas para outras comorbidades que comprometem a saúde como um todo. "O aumento do índice de massa corporal (IMC) está associado a maiores riscos de doença cardíaca coronária, insuficiência cardíaca, diabetes, AVC, hipertensão, dentre outros.  

No Brasil, as doenças cardiovasculares representam as principais causas de mortes. Estima-se que até 2040 haverá aumento de até 250% desses eventos no país. "A melhor saída para ficar longe do excesso de peso e dos riscos que ele traz consigo é a combinação de atividade física regular e alimentação saudável. Evitar alimentos ultraprocessados, ricos em açúcares e gorduras, consumir alimentos mais naturais, compostos de fibras, vitaminas e minerais traz, a longo prazo, mais saúde e disposição para o corpo. O verão é uma boa época do ano para fazer a reeducação alimentar, pois as altas temperaturas sugerem uma alimentação mais leve e natural", recomenda.