Amanda Souza

A Netflix estreou a segunda temporada de Casamento às Cegas Brasil e a consultora de imagem, Amanda Souza, 35, uma participante negra e gorda do reality show, foi vítima de gordofobia

Reprodução Instagram
Mesmo com Brendan Fraser levando indicação ao Oscar de melhor ator, o filme “A Baleia”, lançado dia 23 de fevereiro, divide opiniões dos espectadores. Enquanto muitos veem o filme como um drama tocante.

Casos de gordofobia não são excludentes da vida real e longe dos cinemas, no Brasil houve casos como a morte de Vitor Augusto, jovem de 25 anos que morreu no dia 5 de janeiro, em São Paulo, por ter atendimento negado em hospitais devido a falta de equipamentos para pacientes obesos. E também a modelo plus size e influenciadora digital Juliana Nehme, que foi vítima de gordofobia pela Qatar Airways, no Líbano, a companhia aérea a proibiu de realizar uma viagem com destino a São Paulo por ser “gorda demais”.

Pesquisa de 2002 revela que 85,3% das pessoas consideradas obesas no Brasil já passaram por situações de gordofobia

Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso)



Recentemente, foi possível acompanhar uma cena de gordofobia em um reality show. Amanda Souza, de 36 anos, influenciadora digital e consultora de imagem, foi vítima de gordofobia enquanto participava da 2ª temporada do reality show Casamento às Cegas, da Netflix, lançado dia 28 de dezembro. 
Após o papo nas cabines do programa, o até então noivo de Amanda se recusou a continuar com o matrimônio após vê-la pessoalmente pela primeira vez. Apesar de estar em um reality com o intuito de estabelecer um romance apenas com conexões emocionais, isso não foi o que aconteceu por parte do “futuro” marido. “O mundo está cheio de gente rasa. Entrei no programa querendo sentir de novo este frio na barriga de me casar. Entrei aberta ao novo”, revela a influenciadora.

Estereótipos estabelecidos

Desde cedo, jovens sofrem por estereótipos estabelecidos de uma corpo ideal de magreza e beleza. Uma pesquisa feita pelo Projeto Dove pela Autoestima mostra que 84% das jovens brasileiras com 13 anos já usaram algum tipo de recurso tecnológico para mudar sua imagem em suas fotos. Além disso, 78% delas tentam mudar ou ocultar pelo menos uma parte ou característica de seu corpo que não gostam antes de postar uma foto de si mesmas das redes sociais.
Esse e os outros casos citados não são isolados, de acordo com a pesquisa Obesidade e Gordofobia — Percepções 2022, 85,3% das pessoas consideradas obesas no Brasil já passaram por situações de gordofobia. O levantamento foi feito pela Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso)  e a Sociedade Brasileira de Metabologia e Endocrinologia (SBEM). Foram entrevistados  3.621 brasileiros de 18 e 82 anos, de ambos os sexos. 

Hoje, a luta contra a gordofobia é evidente e abrange milhares de pessoas, Amanda Souza não deixou isso desestabilizá-la, a consultora de imagem acabou entendendo que aquela era mais uma oportunidade de mostrar que ela merece, sim, amor e respeito independentemente do físico. A consultora conquistou mais de 320 mil seguidores em seu Instagram, e diz ter se surpreendido com a repercussão da sua história e tem recebido muito apoio nas redes sociais.

Amanda Souza faz do seu manifesto “Não é sobre vestir, é sobre liberdade e identidade” a espinha dorsal do seu trabalho, empoderando outras mulheres com a sua marca registrada. Ela divide seu tempo de consultoria de imagem individual com aulas para orientar outras consultoras em seu curso que existe há mais de dois anos, “Minha cliente gorda”, que tem o objetivo de despertar em outras mulheres a autoestima e a liberdade para vestir e ser o que quiserem.