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Fábio: "Brasil é considerado o segundo maior foco de pesquisa em psicologia anomalística do mundo"

Companhia Editorial/Divulgação


“A psicologia anomalística é um subcampo da psicologia que se dedica ao estudo de experiências ditas anômalas. A anomalia indica a lacuna do conhecimento científico, que ainda não consegue explicar alguns fenômenos. São experiências que desafiam o conhecimento científico atual; se daqui a alguns anos conseguirmos compreendê-las, deixarão de ser anômalas.” É o que explicam os psicólogos Fábio Eduardo da Silva e Leonardo Breno, autores de “Psicologia anomalística: Explorando experiências humanas extraordinárias”, lançado pela editora Intersaberes.

 

Leonardo

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Os autores analisam os principais temas relacionados a essa área da psicologia, em que cientistas brasileiros desenvolveram grandes pesquisas e investigações ao longo dos últimos anos. “O Brasil é considerado o segundo maior foco de pesquisa em psicologia anomalística do mundo, perdendo apenas para o Reino Unido”, afirma Fábio da Silva, coordenador da Comissão Especial de Psicologia Anomalística e da Religião, pertencente ao Conselho Regional de Psicologia do Paraná.

 

Livro

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Pelo viés da ciência, as experiências anômalas, em conjunto com o impacto psicossocial, contribuem para que o sujeito desenvolva as faculdades mentais mais aguçadas da percepção e do empoderamento, auxiliando para determinadas transformações na vida.“Independentemente da ocorrência de fenômenos por trás, a experiência já é de grande importância para o estudo. Desse ponto de vista, não é necessário ter evidências maiores do que o próprio relato. Para distinguir se não foi só uma coincidência ou uma questão de memória, partimos para o contexto experimental”, explica Fábio da Silva.

 

 


Sendo assim, diversas técnicas experimentais são testadas por meio do método experimental, quantitativo, matemático. O terceiro e o quarto capítulos do livro apresentam os principais métodos de estudo e linhas de pesquisa abordados na área.


As interpretações sobrenaturais de experiências anômalas que têm origem cultural e religiosa são observadas e analisadas cientificamente por conta das barreiras não físicas, visto que a natureza da ciência é o estudo com base no mundo natural. “Experiências anômalas são eventos subjetivos que de alguma forma conflitam com o modo de ver a realidade aceito por muitas pessoas,

independentemente da existência ou não do sobrenatural. Mediunidade, experiências de abdução por alienígenas, experiências fora do corpo são eventos subjetivos que contrastam com a forma como a cultura vê o mundo, mas não têm relação obrigatória com patologia ou anormalidade”, define Leonardo Breno Martins, coordenador do IlusoriaMente, grupo de Estudos de Psicologia da Crença: Percepção e Arte Mágica (USP).

TRANSTORNO Para a ciência psicológica, o diagnóstico de transtornos mentais se difere das experiências anômalas, segundo Leonardo. “Esses critérios existem com base na literatura, mas infelizmente muitos psicólogos acabam patologizando as pessoas por meramente citar que tiveram experiências anômalas, que falam com espíritos, ou qualquer coisa do tipo.” O autor enfatiza que o entendimento de transtorno precisa considerar muitos outros critérios para além das experiências que podem ser consideradas metafísicas.


“Para ser patológica, a coisa tem que causar sofrimento, prejuízos no trabalho, nas relações afetivas, na forma de pensar da pessoa, porque a patologia mental desorganiza o pensamento. Se as experiências acontecem de forma muito dissonante da cultura do indivíduo, isso também sugere transtorno mental, embora não confirme diagnóstico”. Com base nisso, o sexto capítulo do livro é dedicado ao diagnóstico diferencial entre experiências anômalas e/ou espirituais e transtornos mentais.


Em suma, um impacto social importante da obra é a quebra dos preconceitos entre dados científicos e crenças populares. “O livro tem um duplo público: profissionais e estudantes da psicologia vão aproveitar a obra, mas a abrangência do assunto e o interesse cultural que desperta tornam o livro interessante aos não psicólogos também”, sugere Leonardo.

*Estagiária sob supervisão a editora Ellen Cristie