Alessandra Vendrameto Nogueira e a filha

Alessandra Vendrameto Nogueira diz que a filha faz várias terapias e agora está ganhando peso e crescendo

fotos: Facebook/Reprodução

 
Com apenas três meses de vida, a bebê Helena, hoje com um ano, foi diagnosticada com atrofia muscular espinhal (AME), uma doença rara, genética e degenerativa que afeta um a cada 10 mil nascidos. A AME pode aparecer em qualquer idade, embora o tipo 1 seja o mais frequente, com sinais e sintomas que se iniciam entre um e seis meses de vida.
 
Ela afeta as células nervosas da medula espinhal responsáveis por controlar os músculos, bem como outras células presentes em todo o corpo humano. Isso impacta progressivamente funções vitais básicas, como andar, engolir e respirar. 
 
 
A descoberta aconteceu depois que a bebê passou em consulta com uma neurologista por outro motivo, conta a mãe, a agrônoma Alessandra Vendrameto Nogueira, de 37 anos. “A especialista pediu exames. Mas, enquanto esperávamos o resultado, ela apresentou hipotonia [diminuição do tônus muscular] e a perda dos movimentos das pernas. Com isso, o médico pediu um exame chamado eletroneuromiografia [exame neurofisiológico], o que levantou a suspeita.”
 
Helena

Helena foi diagnosticada com AME quando tinha apenas três meses de vida

Arquivo pessoal
 
 
Mas foi o teste genético da bochechinha [exame complementar aos testes básicos de triagem neonatal] que confirmou o diagnóstico da Helena: ela tem o tipo 1, o mais grave. “Quanto mais demorado, mais afetada a criança fica. Mas com três meses conseguimos o diagnóstico dela e, com isso, intervir com a medicação para a doença não avançar mais. Ainda assim comprometeu as pernas e a parte respiratória. Hoje em dia ela está bem, mas teve uma certa dificuldade, um desconforto para respirar”, disse a mãe da criança.
 
A neurologista infantil Flávia Nardes explica que a AME é uma doença progressiva, rápida, que leva à perda de movimentos dos braços e pernas, bem como à perda da capacidade de respirar e deglutir ao longo do tempo. “Quanto mais precoce o seu início, mais rápida e grave serão essas perdas de função”, disse a médica, pesquisadora do Grupo de Doenças Neuromusculares do Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira, unidade de pesquisa da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IPPMG/UFRJ). 
 
Atualmente, Helena faz as terapias para o tratamento da AME. “Hoje, ela leva uma vida quase normal de uma criança. Faz fisioterapia respiratória de segunda a sábado, fonoterapia três vezes na semana e terapia ocupacional duas vezes na semana. Em breve, vai iniciar a hidroterapia também”, detalha Alessandra. A criança ainda faz o acompanhamento com o neuropediatra e nutricionista. “Ela está ganhando peso e crescendo conforme o esperado para a idade”, comemora. 
 
 
O tratamento da AME é feito com medicamentos específicos, como, por exemplo, nusinersena, risdiplam, onasemnogeno abeparvoveque, medicamentos gerais, como  vitaminas, suplementos, salbutamol, e reabilitação: fisioterapia motora, respiratória e fonoaudiologia, bem como suporte ventilatório e nutricional.

DESAFIOS A pesquisa “Um retrato da AME no Brasil”, traçou um perfil de pacientes com atrofia muscular espinhal e seus cuidadores, mostrando os desafios enfrentados por essa comunidade. Os 144 respondentes compartilharam sua experiência desde os primeiros sintomas até o diagnóstico e convívio com a doença. 
 
A pesquisa foi realizada no final de 2022 pela Editora Abril, com apoio da farmacêutica Roche e do Instituto Nacional da Atrofia Muscular Espinhal (Iname). A falta de acessibilidade em locais públicos e de lazer é uma das grandes barreiras no dia a dia das pessoas com AME: 97% responderam que já tiveram que deixar de frequentar um local por falta de acessibilidade, seja por mau estado de calçadas, falta de elevadores, portas muito estreitas ou falta de transporte adequado, seja particular ou público.