O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tinha pronto um discurso em que admitia a derrota nas eleições presidenciais para Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O documento foi obtido pela Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos atos antidemocráticos e revelado, nesta terça-feira (8/8), pelo jornal O Globo.
O documento teria sido enviado pelo então ministro das Comunicações, Fábio Faria, ao chanceler Carlos França e ao ajudante de ordens de Bolsonaro, Daniel Lopes de Lucca. O discurso tinha críticas aos institutos que fazem pesquisas eleitorais e à imprensa, no entanto, reconhecia o resultado do pleito.
“Eu sempre disse que o Brasil está acima de tudo e Deus acima de todos e que daria minha vida pelo Brasil. Por esse motivo, não contestarei o resultado das eleições", dizia o discurso que não foi lido pelo ex-presidente.
Bolsonaro só se pronunciou sobre o resultado das urnas em 1º de novembro, após 48 horas em silêncio, no entanto não citou a derrota nem o presidente Lula. Na época, ele negou ser antidemocrático e afirmou que sempre seguiu a Constituição. Bolsonaro também defendeu os manifestantes que acampavam em frente aos quartéis e os caminhoneiros que faziam bloqueios.
Naquele dia, o ex-ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP-PI), apenas disse que coordenaria o processo de transição de governo com a equipe de Lula.