(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas CRISE

Lula dispara contra o BC e a taxa de juros

Em cerimônia no BNDES presidente afirma que aumento da Selic é ''vergonha'' e que país tem cultura de custo alto do dinheiro


07/02/2023 04:00 - atualizado 07/02/2023 10:49


O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a criticar ontem a Selic, taxa básica de juros da economia, e o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central. Segundo o chefe do Executivo, não há razões para a taxa de juros estar a 13,5%. No entanto, o petista errou ao citar o número, que está em 13,75% desde 3 de agosto. A declaração ocorreu durante a posse de Aloizio Mercadante na presidência do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), no Rio de Janeiro. “Não existe nenhuma justificativa para a taxa de juros a 13,5% (sic), é só ver a carta do Copom para ver a vergonha que é esse aumento de juros e a explicação que deram para sociedade brasileira”, apontou.

Lula disse também que o país tem “cultura” de juros altos, o que “não combina com a necessidade de crescimento”. “O problema não é a independência do Banco Central, é que esse país tem uma cultura de viver com o juro alto que não combina com a necessidade de crescimento que temos”, completou. Em entrevista em janeiro, o presidente disse considerar uma “bobagem” a independência do Banco Central e afirmou que a solução para economia é que o Brasil volte a ter crescimento econômico, aliado a políticas de distribuição de renda.
O presidente ainda conclamou setores do empresariado a fazer cobranças sobre o nível dos juros no país. Lula disse que a “classe empresarial precisa aprender a reivindicar, a reclamar dos juros altos”. “Quando o Banco Central era dependente de mim, todo mundo reclamava. O único dia em que a Fiesp (federação da indústria paulista) falava era quando aumentava os juros. Era o único dia [...]. Agora, eles não falam."

O presidente e ministros consideram que o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, traiu a confiança do governo, que contava com o órgão para participar de um esforço conjunto para o Brasil superar os problemas econômicos atuais sem passar por uma recessão. As críticas de Lula à condução do BC, porém, têm ampliado a expectativa de inflação e pressionado os juros, gerando um efeito contrário ao pretendido pelo governo.

Lula afirmou também que o BNDES “foi vítima de difamação muito grande”. A declaração é uma indireta ao governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O chefe do Executivo defendeu ainda que a empresa pública federal é “a mais importante agência de desenvolvimento e financiamento”. “Eu não poderia deixar de lembrar a vocês que esse banco foi vítima de difamação muito grave durante o processo eleitoral. Vivemos um momento no Brasil em que as narrativas, mesmo que mentirosas, valem mais que a verdade se forem ditas muitas vezes. Vivemos nos últimos quatro anos uma mentira tresloucada”, apontou.

“Esse banco foi vítima de muita mentira. A primeira é que o BNDES nunca foi caixa-preta. De tanto martelar isso teve que gastar mais de R$ 42 milões em 2020 em uma auditoria, e o resultado foi que nada foi encontrado de irregular porque tudo foi contratado de forma séria altamente qualificada. Vocês sabem o quanto essas mentiras custam para o povo brasileiro durante o processo eleitoral?”, emendou. Lula disse também que “outra mentira” é que o BNDES “dava dinheiro” a outros países.

Lula afirmou ainda que a inadimplência de países que tomaram empréstimos com a instituição, como Cuba e Venezuela, foi incentivada pelo governo Bolsonaro, que cortou relações com esses países.”No nosso governo eu tenho certeza que eles vão pagar”, afirmou. Até setembro de 2022, Venezuela, Cuba e Moçambique somavam US$ 1,03 bilhão (R$ 5,1 bilhões) em atrasos de dívidas com o banco de fomento.

Lula afirmou que a crítica ao financiamento à exportação de bens e serviços brasileiros é uma das mentiras disseminadas contra a instituição nos últimos anos. O petista defendeu que todos os contratos têm garantias que preservam o banco em caso de inadimplência. "E vamos ser francos, os países que não pagaram, seja Cuba, seja Venezuela, é porque o presidente (Bolsonaro) decidiu cortar relações internacionais”, disse.

Aloizio Mercadante conversa com Lula ao ser empossado como presidente do banco de desenvolvimento
Aloizio Mercadante conversa com Lula ao ser empossado como presidente do banco de desenvolvimento (foto: Mauro Pimentel/AFP)

Bolsonaristas 


O presidente Lula usou o discurso na posse do novo presidente do BNDES também para criticar os responsáveis pelos ataques golpistas de 8 de janeiro. “O que aconteceu no Palácio do Planalto, no Congresso e no STF foi uma revolta dos ricos que perderam as eleições. Nós não podemos brincar, porque um dia o povo pobre pode se cansar de ser pobre e fazer as coisas mudarem nesse país”, disse Lula.

Lula atribuiu os atos golpistas ao inconformismo da elite com a derrota do ex-presidente Jair Bolsonaro nas eleições.A Polícia Federal tem realizado operações para identificar participantes, financiadores e fomentadores dos ataques às sedes dos três Poderes, em Brasília. O petista destacou novamente a importância do “equilíbrio social” junto com o equilíbrio fiscal. Ele lembrou que hoje há 33 milhões de pessoas passando fome. “Se nós decepcionarmos esse povo e eles pararem de acreditar em nós, não sei o que será desse país. Esse país não pode continuar sendo governado por uma parcela da sociedade, tem que ser governado para a maioria.” (Com agências)


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)