
Zema vai conversar com Lula menos de duas semanas após sugerir "vista grossa" do governo federal ante o movimento golpista que tomou os prédios dos Três Poderes no dia 8 deste mês. A fala gerou reações públicas de ministros do governo petista, como Flávio Dino, da Justiça, e Alexandre Silveira, de Minas e Energia.
O governo não confirma a pauta que Zema pretende levar à reunião, marcada para ocorrer no Palácio do Planalto. Apesar disso, em novembro do ano passado, a Secretaria de Estado de Infraestrutura e Mobilidade (Seinfra) enviou, ao gabinete de transição, um documento que compilava as pautas consideradas essenciais para Minas.
No dossiê montado pela Seinfra, estavam temas como a defesa da concessão, à iniciativa privada, de um trecho da BR-381 - entre Belo Horizonte e Governador Valadares. As vendas do metrô belo-horizontino e das Centrais de Abastecimento de Minas Gerais S/A (CeasaMinas). O apoio a aeroportos regionais do estado também foi reivindicado.
Crise pública entre Zema e ministros
No dia seguinte aos atos terroristas na capital federal, Zema foi a Brasília participar de uma reunião com Lula e outros chefes dos Executivos estaduais. O encontro simbolizou ato de defesa da democracia e repúdio a pedidos inconstitucionais de intervenção militar. Na semana passada, porém, o governador mineiro levantou a hipótese de condescendência das autoridades federais com os extremistas que depredaram o Planalto, o Congresso Nacional e a sede do Supremo Tribunal Federal (STF)."Me parece que houve um erro da direita radical, que é minoria. Houve um erro também, talvez até proposital, do governo federal, que fez vista grossa para que o pior acontecesse e ele se fizesse, posteriormente, de vítima. É uma suposição. Mas as investigações vão apontar se foi isso", disse, em entrevista à "Rádio Gaúcha".
Ao condenar a postura de Zema, o mineiro Alexandre Silveira classificou a declaração como "absurda" e "estarrecedora". "Essa postura em nada colabora para a apuração dos fatos criminosos nem para a pacificação que se espera do País. Ao contrário, inventa teorias absurdas. As ações criminosas de extremistas em atos antidemocráticos são inadmissíveis e deverão ser punidas com o rigor da lei", rebateu.
Dino, por sua vez, comparou o político do Novo ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A declaração gerou reações.
"Me espanta que o governador Zema tente vestir a roupa do Bolsonaro. Não cabe nele. É preciso que ele tenha algum amigo sincero que diga a ele... Primeiro porque Minas Gerais é a terra de Tiradentes, de Tancredo Neves, é a terra da democracia... Então não é possível que um governador de modo vil se alinhe à extrema direita para proteger terroristas
Reunião é promessa de campanha
Desde antes do primeiro turno eleitoral, Lula vinha falando sobre a ideia de promover um fórum com todos os governadores. Segundo ele, a ideia é debater "os interesses de cad estado".
"Não quero saber de que partido é o governador. A única coisa que me interessa é saber que ele foi eleito. E, se ele foi eleito, tenho que respeitá-lo, da mesma forma que quero que me respeitem, pois fui eleito", pontuou.
