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Estado de Minas ELEIÇÕES 2022

Análise: Bolsonaro mentiu no Jornal Nacional

Na entrevista ao JN, o presidente falou mentiras sobre urnas eletrônicas, Centrão e combate à COVID


23/08/2022 11:00

Jair Bolsonaro durante entrevista ao Jornal Nacional
Jair Bolsonaro foi o primeiro candidato entrevistado pelo Jornal Nacional (foto: Reprodução / TV Globo)
Jair Bolsonaro mentiu ao Jornal Nacional sobre as urnas eletrônicas, sobre corrupção em seu governo, sobre o Centrão - que integra grupo de partidos aos quais pertence e já pertenceu no passado -, sobre vacinas, sobre a crise do oxigênio em Manaus e voltou a defender o chamado “tratamento precoce” para a COVID-19 sem qualquer comprovação científica. Mas eleitores bem informados que sabem que ele mente e ainda assim votam nele, de fato não ligam. Têm outros motivos para professar a sua preferência política.
 
Eleitores menos informados, entretanto, que ainda não sabem em quem votar e ouviram o presidente da República, de fato só pegam a mentira que lhes toca de perto. “Os números da economia são fantásticos”, disse o presidente. Esta é uma delas. Diga isso para as famílias assalariadas de baixa renda e perceberá que para estas que saem do supermercado com a metade dos produtos de uma cesta básica inflacionada, a economia não vai bem. E a deflação anunciada pelo presidente da República, às custas de cortes do ICMS sobre combustíveis e energia elétrica, a poucos meses das eleições, não chega aos alimentos.
 
Também aquelas famílias menos atentas à política e ao noticiário, residentes em Manaus, que perderam familiares e amigos para a COVID-19 saberão apontar outra mentira presidencial: a de que em “menos de 48 horas” cilindros de oxigênio teriam chegado a Manaus. Bolsonaro disse ainda que não errou “nada” sobre a pandemia, quando, ao longo dos dois primeiros anos, deu inúmeras declarações equivocadas sobre a gravidade da doença, que chamou de “gripezinha”, as medidas de proteção - não usava máscaras em atos públicos que convocou, promovendo aglomerações - e, também, fez campanha contra a eficácia das vacinas, desestimulando a imunização.
 
As outras mentiras presidenciais ditas ao Jornal Nacional afetam menos de perto o eleitorado com menor interesse em política. Nesse sentido, é menor a probabilidade de repercussão eleitoral. Bolsonaro voltou a dizer que as urnas eletrônicas não são auditáveis, colocando em dúvida o sistema eleitoral. Afirmou nunca ter estimulado ataques às instituições democráticas nem nunca ter xingado ministros do Supremo Tribunal Federal, quando já os chamou de “canalhas” e outros termos de baixo calão. Estas foram algumas, de uma longa lista de declarações irreais, que quando não ofendem a verdade, transformam um mundo complexo numa binária e simplória narrativa.
 
De fato, o presidente da República não discursa para os cidadãos bem informados. Não à toa, ao final de 40 minutos da sabatina do Jornal Nacional, a sua equipe respirou aliviada. “Sobrevivemos”, foi a expressão empregada.


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