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Estado de Minas Ministério da Saúde

''O esquema foi desbaratado'', diz senadora Simone Tebet, da CPI da COVID

Senadora indica que indícios de rachadinha levantados na comissão podem dar nova CPI


09/09/2021 04:00 - atualizado 09/09/2021 16:40

''A CPI não pode terminar enquanto não se fechar o caso Covaxin com o FIB Bank, o caso do lobista Marconny Faria e agora saber o que essa advogada (Karina Kufa) estava fazendo no meio de toda a trama''
''A CPI não pode terminar enquanto não se fechar o caso Covaxin com o FIB Bank, o caso do lobista Marconny Faria e agora saber o que essa advogada (Karina Kufa) estava fazendo no meio de toda a trama'' (foto: Leopoldo Silva/Agência Senado - 15/7/21)
Quando a CPI da Covid começou, em abril passado, tinha o objetivo de investigar as razões pelas quais o governo federal assumiu a postura negacionista diante da pandemia e, por causa disso, defendeu medicamentos ineficazes contra o novo coronavírus e se recusou a comprar as vacinas necessárias para evitar que a doença avançasse no país.

Mas, à medida que a investigação avançou, constatou-se a existência de irregularidades dentro do Ministério da Saúde , que ainda podem gerar outras investigações, inclusive sobre a reedição do esquema das rachadinhas. A constatação é da senadora Simone Tebet (MDB-MS), integrante da bancada feminina da comissão de inquérito.

Para a parlamentar, outro resultado da CPI é que ela se aproxima muito de Jair Bolsonaro, tanto no que se refere à atuação dele durante a crise sanitária, quanto na questão da corrupção na compra de vacinas pelo ministério – cujo personagem-chave seria Marconny Faria, próximo do filho 04, Jair Renan, e que também mantém estreita relação com a advogada do presidente, Karina Kufa. Ela garante que o lobista comparecerá à comissão para ser inquirido.

Os próximos depoimentos servirão para desatar nós que ainda existem na investigação da CPI?
Confrontar esses suspeitos com a verdade dos fatos, com aquilo que nós temos em mãos, com os elementos que não estão em sigilo e que podem ser confrontados. Nós temos vídeo, áudio, fotografia, documento, mensagens de WhatsApp, tudo isso confirmando. Pode ser que, dentro desse processo, esses depoimentos ainda tragam algum elemento que permita colocar mais cor nessa história. Mas o roteiro está claro e será devidamente contado no relatório da CPI.

O esquema da compra das vacinas pelo Ministério da Saúde parece simples. Na sua visão, há explicação para isso?
Está comprovado que estamos falando, para nossa sorte, de amadores. Muita gente indo com muita sede ao pote, todo mundo querendo levar vantagem e assediando personagens muito próximos ao presidente. A pergunta é: conseguiram assediar? Conseguiram seduzir os filhos do presidente? Essa é uma razão pela qual a CPI não pode parar agora. Nós temos, sim, condições de entregar o relatório para aquilo que foi o objeto principal. Mas, no meio do caminho, apareceram várias pedras, vários esquemas e a cada dia aparecem outros. Enquanto estamos fechando essas caixinhas, outras surgem. A CPI não pode terminar enquanto não se fechar o caso Covaxin com o FIB Bank, o caso do lobista Marconny Faria e agora saber o que essa advogada (Karina Kufa) estava fazendo no meio de toda a trama. Por isso que, em mais três semanas teremos condições de encerrar os trabalhos.

Existem ações que já podem ser determinadas pela CPI para estancar a corrupção?
No caso da Covaxin, nós vamos, por conta dela, abrir uma linha de investigação — controle interno e até externo. Serão linhas de investigação em relação ao mesmo modus operandi: o esquema é fraude à licitação com direcionamento, já combinando com terceiros, envolvendo planilha, tentativa de pagamento antecipado nesses contratos, com garantia que não é bancária, na qual aparece o FIB Bank. Esse nome vai ser uma figurinha carimbada. A todo momento vai começar a aparecer em alguns outros locais, inclusive em ministérios do governo federal. Paralelamente a isso e, muito mais grave, é que a CPI pode dar margem a uma outra CPI, por conta dos personagens – principalmente esse Marconny, ligado à advogada do presidente, que tem relação com o filho 04. Podemos estar diante também de novos esquemas de corrupção, não ligados à pandemia e relacionados a rachadinhas. Isso vai significar, provavelmente, que o Congresso abra outras CPIs, como a CPI da Rachadinha — pode envolver o senador (Flavio Bolsonaro, Republicanos-RJ) que manteria o esquema mesmo exercendo o atual cargo.

Na semana passada, a CPI não conseguiu ouvir o lobista Marconny Faria. Se não aparecer novamente, de que forma isso impacta no andamento das investigações?
O Marconny vem, não tem como ele escapar – a não ser que ele seja louco e queira fugir do Brasil, o que não vai acontecer. No caso dele, mesmo que não viesse, nós já temos várias conversas obtidas pela CPI, dadas pelo Ministério Público do Pará, que há suspeita de que o Marconny estaria envolvido inclusive com o filho do presidente (Jair Renan, de quem seria próximo).

Como a senhora espera que a CPI encerre os trabalhos? O que podemos esperar de contribuição desse processo para o país?
Gostaria de afirmar que os principais passos nós já demos. Acho que temos algumas contribuições, para os próximos contratos e próximos governos. O esquema foi desbaratado. O modo de fazer, o modus operandi que vai ser investigado pelo Ministério Público, vai ficar claro.
 


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