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Estado de Minas ENTREVISTA

Omar Aziz sobre Bolsonaro: ''Até no ato de defecar o presidente mente''

Senador afirma que postura de Bolsonaro contra a CPI é ''outra mentira'': ''Ele disse que ia defecar para a CPI e teve de ir para São Paulo para conseguir''


01/08/2021 19:00 - atualizado 01/08/2021 21:14

Senador Omar Aziz (PSD-AM), presidente da CPI da COVID(foto: Pedro França/Agência Senado)
Senador Omar Aziz (PSD-AM), presidente da CPI da COVID (foto: Pedro França/Agência Senado)

 
O presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da COVID, senador Omar Aziz (PSD-AM), rebateu os ataques mais recentes que recebeu do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Em entrevista ao Estado de Minas, Aziz ironizou a forma depreciativa que Bolsonaro se referiu à comissão parlamentar e atribuiu ao presidente a responsabilidade por milhares de mortes pelo coronavírus no país: "Tenho certeza que poderiam ter sido evitadas mais de 200 mil mortes se o senhor tivesse agido com sanidade. Coisa que o senhor não fez”, afirmou, dirigindo-se diretamente a Bolsonaro.
 
No início de julho, durante a tradicional live de quinta-feira em suas redes sociais, Bolsonaro afirmou: "Caguei para a CPI, não vou responder mais nada". Isso porque os integrantes da CPI, incluindo Omar Aziz, protocolaram uma carta no Palácio do Planalto solicitando resposta do presidente às acusações feitas pelo deputado Luis Miranda (DEM-DF) 
sobre suspeitas de corrupção na aquisição da vacina Covaxin.
 
 
O presidente da República chamou os parlamentares de “patifes” e disse que não vai responder à carta. “Hoje fizeram uma festa, entregaram um documento lá embaixo. Vou responder a pergunta à CPI. Sabe qual é a minha resposta? Caguei. Caguei para a CPI. Não vou responder nada. É uma CPI que não está preocupada com a verdade”, disparou Bolsonaro.

“Que resposta posso ter para a CPI que não quer colaborar com nada, apenas desgastar o meu governo? Criar um caos. Quando, de vez em quando, tem uma certa reverberação, mexem na bolsa, faz aumentar o preço do petróleo, aumenta o preço do combustível, pois o preço do petróleo é atrelado ao preço do barril lá fora, o dólar aqui dentro. Não tenho paciência para ouvir patifes”, concluiu o presidente.

Em entrevista ao Estado de Minas, Omar Aziz afirmou que Bolsonaro falou "outra mentira" ao usar uma palavra chula para comentar a sua reação à CPI. “Esse negócio de que ele dizia que ia defecar para a CPI foi outra mentira. Você sabe que ele teve que sair de Brasília para São Paulo para conseguir fazer isso. Outra mentira dele. Até no ato de defecar o presidente mente”, respondeu. 

“A arma do Bolsonaro naquele cercadinho foi sempre atacar a CPI, atacar qualquer pessoa que se contrapunha a ele, mas o mais incrível é que ele conseguia cancelar uma pessoa na internet. Fez isso com jornalistas, com mulheres jornalistas principalmente, com meios de comunicação. Tudo que ele falava, o pessoal gritava ‘mito, mito’. Só que agora, o negócio está três vezes mais embaixo”, disse. 

Ele ainda mandou um recado ao presidente da República, ressaltando todo trabalho que a comissão teve nessa primeira etapa dos trabalhos. “O que a CPI fez? Presidente, a CPI fez muito. Mostrou a realidade de como o senhor tratou esse desastre que teve aqui no Brasil, mais de 550 mil mortes. Tenho certeza que poderiam ter sido evitadas mais de 200 mil mortes se o senhor tivesse agido com sanidade. Coisa que o senhor não fez”, lembra. 

Aziz continua: “Hoje, se existe a vacinação e a corrida por vacina, foi porque a CPI fez com que ele se preocupasse. Porque até então o presidente chamava a vacina chinesa de “vachina”, falava que ‘quem quer comprar vacina compra lá com a mãe’, ‘a melhor imunização é a minha, eu sou atleta’, ‘a melhor imunização é você contrair o vírus’. Crime sanitário, propagar medicação como cloroquina, mostrando para a ema e ela correndo dele. Crime contra a vida”, ironiza. 

O presidente da CPI ainda relembrou a contribuição que o deputado Luís Miranda (DEM-DF) deu quando levou ao colegiado a informação de que havia repassado a Bolsonaro sobre irregularidades na compra da vacina indiana, a Covaxin. “Se isso foi pouca coisa, tem mais: a acusação grave que o deputado Luís Miranda fez quando levou a ele os documentos que mostravam que iria ser pago 45 milhões de dólares, num paraíso fiscal, sem entregar nenhuma vacina. A CPI também não permitiu que dinheiro brasileiro fosse depositado em Singapura e a gente tivesse hoje esse tipo de problema que se tem, a falta de vacina”, pontua.

Por fim, Aziz classificou como "baixo nível" os ataques que têm recebido do presidente Bolsonaro. “O presidente me detratar não tem problema nenhum, isso é problema dele. Eu vou reagir com alto nível, não vou baixar o nível pra ele como eu não baixo o nível para ninguém. E eu não faço acusações levianas, não aponto o dedo para ninguém. Sempre disse que nós não estamos investigando pessoas, estamos investigando fatos e se esses fatos chegarem a qualquer pessoa, seja branco, negro, seja ateu, católico, crente, evangélico, seja civil, seja militar, o nome dessas pessoas estarão no relatório final”, conclui.

A CPI da COVID teve os depoimentos interrompidos durante o recesso parlamentar, apesar de ter continuado com os trabalhos nos bastidores. Após duas semanas, as oitivas serão retomadas nesta terça-feira (3/8). Confira a agenda da semana:
  • 3 de agosto: reverendo Amilton Gomes de Paula, que teria sido autorizado pelo governo a negociar 400 milhões de doses da Astrazeneca com a Davati;
  • 4 de agosto: Francisco Maximiano, sócio da Precisa Medicamentos;
  • 5 de agosto: Túlio Silveira, advogado e representante da Precisa Medicamentos.
Os depoimentos devem manter o foco na atuação da Precisa Medicamentos e da Davati Medical Supply, que atuariam como intermediárias para contratos da Covaxin e da Astrazeneca.


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