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Estado de Minas JUSTIÇA

STF dá prioridade para CPIs

Decisão em julgamento virtual determina que MP dê andamento imediato aos relatórios de Comissões Parlamentares de Inquérito para decidir por denúncia ou ação


20/06/2021 04:00

(foto: Evaristo Sá/AFP %u2013 6/8/19)
(foto: Evaristo Sá/AFP %u2013 6/8/19)

O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu declarar constitucional a lei federal que determina a tramitação prioritária das conclusões das CPIs no Ministério Público. Cabe ao órgão analisar os relatórios aprovados pelas comissões para decidir se apresenta denúncia ou ação civil com base nos achados das investigações parlamentares. O julgamento foi encerrado na sexta-feira, no plenário virtual – plataforma que permite aos ministros depositarem os votos no sistema sem necessidade de sessão presencial ou videoconferência.

A ação foi proposta em 2015 pelo então procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que questionou trechos da legislação sob o argumento de que a norma viola a independência funcional do Ministério Público. A Constituição estabelece que as conclusões das comissões parlamentares de inquérito devem ser enviadas ao MP para eventual responsabilização civil ou criminal dos alvos do relatório final.

O STF concluiu o julgamento no mesmo dia em que a CPI da COVID que investiga a gestão da pandemia pelo governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), definiu uma lista de investigados que inclui o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, o general Eduardo Pazuello e o ex-chanceler Ernesto Araújo. À exceção de Gilmar Mendes, que apresentou divergências pontuais, os demais ministros acompanharam integralmente o voto da relatora, a ministra Cármen Lúcia. Ela considerou que, embora influencie indiretamente o trabalho do Ministério Público, a prioridade no processamento das conclusões da CPI não fere a autonomia do órgão.

“Essas normas, ainda que indiretamente influam no trabalho do Ministério Público e do Poder Judiciário, não se traduzem em novas atribuições a seus membros ou ofensa à autonomia daqueles órgãos, cuidando apenas de prioridades processuais”, escreveu. “Não se observa desproporcionalidade manifesta capaz de invalidar a opção legislativa em conferir prioridade de tramitação aos procedimentos administrativos ou judiciais que se originem das conclusões das apurações levadas a efeito pelas Comissões Parlamentares de Inquérito”, acrescentou.

Cármen Lúcia ainda chamou atenção para a importância e o interesse público do trabalho das comissões parlamentares de inquérito – o que, na avaliação da ministra, justifica a tramitação prioritária. “No desenho constitucional brasileiro, as comissões parlamentares de inquérito são manifestação da função fiscalizatória do Congresso Nacional sobre a administração pública, instrumentalizando, assim, uma das facetas do sistema de freios e contrapesos, essencial à Democracia", observou.

Além da prioridade no processamento das conclusões da CPI, a lei questionada determinava prazo de 30 dias para o Ministério Público informar à comissão parlamentar quais foram as medidas tomadas em relação às conclusões e, em caso de não ter havido avanços, qual a justificativa para a omissão. Tudo isso sob pena de sanções administrativas, civis e penais em caso de descumprimento. Essas previsões foram derrubadas pelos ministros – apenas Gilmar Mendes votou para também manter os trechos de pé.

Responsabilidade 
A decisão do STF terá impacto na CPI da COVIC. A cúpula disse assegurar que os responsáveis por esse quadro “devastador e desumano” pagarão por seus “erros, omissões, desprezos e deboches”, e que os culpados serão “punidos exemplarmente”. “Há culpados e eles, no que depender da CPI, serão punidos exemplarmente”, afirmam a maioria dos membros da comissão. A declaração cita ainda que crimes contra a humanidade, morticínios e genocídios “não se apagam, nem prescrevem”.

“Eles se eternizam e, antes da justiça Divina, eles se encontrarão com a justiça dos homens", diz a nota, assinada pelo presidente da CPI, Omar Aziz (PSD), pelo vice, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), o relator, Renan Calheiros (MDB-AL), além de Tasso Jereissati (PSDB-CE), Otto Alencar (PSD-BA), Eduardo Braga (MDB-AM), Humberto Costa (PT-PE), Alessandro Vieira (Cidadania-SE), Rogério Carvalho (PT-SE) e Eliziane Gama (Cidadania-MA). Nenhum governista assinou o documento. Na nota divulgada ontem, a maioria dos membros da comissão afirma que as 500 mil vidas perdidas poderiam ter sido poupadas com “bom senso, escolhas acertadas e respeito à ciência”.


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