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Estado de Minas PANDEMIA

Congresso não quer ser "cúmplice" de erros do governo no combate à pandemia

Discurso do deputado Arthur Lira é visto como reação do Congresso ao temor de ser culpado pela população sobre falhas do governo com pandemia


28/03/2021 04:00 - atualizado 28/03/2021 07:38

Arthur Lira e Jair Bolsonaro no Congresso, em fevereiro: de aliado de primeira hora, presidente da Camara dá alerta ao Planalto (foto: SÉRGIO LIMA/AFP - 3/2/21 )
Arthur Lira e Jair Bolsonaro no Congresso, em fevereiro: de aliado de primeira hora, presidente da Camara dá alerta ao Planalto (foto: SÉRGIO LIMA/AFP - 3/2/21 )
Brasília – O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), atraiu as atenções depois de cobrar competência nas ações federais de combate à pandemia da COVID-19.

Conhecido como um habilidoso articulador político, o parlamentar conseguiu reunir em torno de si apoios até mesmo de adversários históricos ao assumir, junto com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), o protagonismo da coordenação nacional das medidas de enfrentamento da crise, ante a falta de rumo do Executivo. Bolsonaro bem que tentou amenizar o discurso de Lira.

O deputado disse que acendeu um “sinal amarelo” ao Executivo por causa das medidas adotadas pelo governo contra a pandemia e alertou que o Parlamento não vai mais tolerar “erros desnecessários e inúteis” que comprometem a situação do país.

Mas é cada vez maior a insatisfação do Legislativo com a gestão do presidente, inclusive de partidos do Centrão, que temem ser considerados “cúmplices” de erros do governo e já dão sinais de que a sobrevivência política tão prometida ao chefe do Palácio do Planalto pode estar com os dias contados.

(foto: CÂMARA DOS DEPUTADOS 4/2/21)
(foto: CÂMARA DOS DEPUTADOS 4/2/21)

''O discurso do presidente Arthur Lira refletiu o pensamento majoritário dos deputados, de que a Câmara não vai assumir responsabilidades por falhas que não são nossas e que o Congresso deve cumprir com sua atribuição constitucional de fiscalizar as ações do Executivo''

Marcelo Ramos (PL-AM), vice-presidente da Câmara



Lira falou que poderá adotar "remédios amargos e até fatais" contra os responsáveis pelos números trágicos da pandemia. Sua fala chamou mais a atenção porque foi eleito presidente da Câmara graças, em grande parte, ao empenho pessoal de Bolsonaro. O deputado alagoano mudou radicalmente de postura desde que assumiu o cargo, em fevereiro.

Naquele mês, ele foi duramente criticado por priorizar a votação de projetos de interesse do governo, a exemplo da autonomia do Banco Central, em detrimento de propostas necessárias para a proteção da saúde da população e o apoio aos trabalhadores afetados pela crise.

A fidelidade do presidente da Câmara à pauta do Executivo, porém, foi diminuindo na proporção do aumento explosivo do número de mortes provocadas pela COVID-19 e das pressões para que o Congresso cumpra com seu dever constitucional de fiscalizar o Executivo e cobrar uma resposta à altura da gravidade da pandemia.
 
Entre as fontes dessas cobranças estão representantes dos bancos e do empresariado, que divulgaram uma carta aberta afirmando que a recuperação econômica passa, necessariamente, pela vacinação em massa.

Historicamente, os interesses desses dois setores são representados, no Congresso, pelo chamado Centrão, um bloco partidário que tem Lira entre suas principais lideranças e que ocupa postos importantes no governo.
 
As duras críticas dirigidas ao Executivo pelo presidente da Câmara, na semana passada, tiveram também como pano de fundo o descontentamento do deputado com a escolha do cardiologista Marcelo Queiroga como novo ministro da Saúde. O Centrão defendia o nome da também cardiologista Ludhmila Hajjar.

Em outra demonstração de afastamento do governo, Lira decidiu que dedicaria duas semanas à votação apenas de projetos relacionados à crise sanitária. Essa mudança de discurso, independentemente dos motivos, agradou aos congressistas de diferentes espectros políticos.
 
Para o vice-presidente da Câmara, Marcelo Ramos (PL-AM), ela não só expressa o reconhecimento da gravidade da crise como também reflete a preocupação do Congresso em não ser visto como cúmplice das falhas ocorridas na pandemia, principalmente o atraso na vacinação.

"O discurso do presidente Arthur Lira refletiu o pensamento majoritário dos deputados, de que a Câmara não vai assumir responsabilidades por falhas que não são nossas e que o Congresso deve cumprir com sua atribuição constitucional de fiscalizar as ações do Poder Executivo", disse Ramos.
 
O líder do PT na Casa, Bohn Gass (RS), concorda com o colega de centro. “Arthur Lira deve continuar nessa toada, e o PT já propôs que a Câmara crie o seu próprio comitê para tratar do combate à pandemia, porque não dá para nós confiarmos no presidente Bolsonaro.

Além de não liderar o país nesse enfrentamento, ele trabalha contra as medidas que estão sendo tomadas nos estados, provoca aglomerações e vai no sentido contrário, além de pagar um valor insuficiente do auxílio emergencial, que não atende aos mais necessitados”, disse o parlamentar da oposição.

Ele também defendeu que seja priorizada a votação de projetos que tratem de renda, de emprego e contra a alta dos preços, “não as pautas do governo, como privatizações e reformas, porque precisamos urgentemente vacinar nossa população".

Elogios a Pacheco 

O ex-governador de Minas Alberto Pinto Coelho disse ontem que em recente artigo publicado no Estado de Minas, ressaltou a importância histórica da unidade das forças políticas expressivas do estado para a chegada do senador Rodrigo Pacheco à Presidência do Senado.

“Com 60 dias no exercício da presidência já é visto pela nação como liderança nacional emergente e perfil que atesta a visão de brasilidade dos grandes políticos de Minas, como JK e Tancredo Neves”, afirmou Pinto Coelho. 


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