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Estado de Minas ENTREVISTA

Vereador eleito em BH diz que não pretende 'fazer da Câmara uma igreja'

Segundo mais votado em Belo Horizonte, Nikolas Ferreira (PRTB) defende pautas conservadoras e tem na educação sua prioridade


26/12/2020 04:00 - atualizado 26/12/2020 07:09

O vereador Nikolas Ferreira diz que quer
O vereador Nikolas Ferreira diz que quer "imprimir valores" em sua gestão na Câmara Municipal (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press - 16/11/20)

Segundo vereador mais votado em Belo Horizonte, com 29.320 votos, Nikolas Ferreira (PRTB) defenderá as pautas conservadoras. No entanto, o mais jovem dos eleitos para o Legislativo da capital garante que não transformará a Câmara Municipal numa igreja. Ele é o entrevistado da série realizada pelo Estado de Minas com os vereadores eleitos para o próximo mandato.

A primeira entrevista que Nikolas concedeu ao EM, depois de eleito, gerou polêmica por ele ter questionado a identidade de gênero da vereadora Duda Salabert, a mais bem votada da história da capital.

Embora ela seja uma mulher trans, ele afirmou que Duda é homem, contrariando a maneira como Duda se posiciona. Nesta semana, Nikolas apareceu em um vídeo carregando um fuzil. Apoiador de Jair Bolsonaro, ele sugeriu a arma como presente de Natal. “O preço da nossa liberdade é a eterna vigilância.”

Nesta entrevista, ele fala de como será a relação com a bancada de oposição, avalia a candidatura de Duda à presidência da Casa e apresenta as razões para ser oposição ao governo de Alexandre Kalil (PSD). “Quando ele se refere aos cristãos e conservadores, ou ele ataca ou ele ignora. A cidade precisa de respeito. Ele, como chefe do Executivo, precisa respeitar essa parcela que, não só em Minas como no Brasil todo, é maioria.”

Qual a principal bandeira de seu mandato?
A educação. Primeiro, tenho o propósito de incluir o empreendedorismo e a educação financeira nas escolas. Também trazer o projeto do governo federal das escolas cívico-militares para Belo Horizonte. Inclusive, já poderiam estar em vigor, caso o Kalil tivesse aceitado (sic), mas por algum motivo, não sabemos de fato qual, ele recusou esse projeto do governo federal para BH.

Você se colocará como base ou oposição ao governo de Alexandre Kalil?
Oposição ao governo.

Você pode falar pontos de discordância com o governo do Kalil que o colocam na oposição?
Um dos pontos são as medidas que ele impôs durante a pandemia, uma falta de diálogo, um descaso, principalmente com o setor comercial, de eventos, setores que geram emprego e renda em Belo Horizonte. Kalil menosprezou, deixou de lado. Não houve planejamento para esse setor, simplesmente um ‘fica em casa’.

As pessoas menos abastecidas é que, de fato, sofreram com isso. Atrás de um CNPJ existe ali um garçom, uma cozinheira, uma pessoa que precisa trabalhar para colocar o alimento em casa, e essa pessoa, simplesmente, não consegue ficar em casa. Eu pude andar por Belo Horizonte e perceber isso dentro dos olhos das pessoas. Lojas de 33 anos foram fechadas.

Acredito que era para ter uma proporcionalidade, era necessário ter uma gestão mais preocupada, principalmente com a área de educação, com professores e alunos. Crianças com diversas dificuldades estão dentro de casa por não ter contato com o mundo exterior.

Estão trancadas dentro de casa, desenvolvendo diversos problemas. Estive numa reunião com a ministra Damares, para poder apresentar dados para ela mostrando que a pandemia tem sido algo ruim para as crianças, gerando consequências psicológicas e físicas. Ninguém lidou com isso, ninguém deu orientação para os pais e o setor comercial.

Por outro lado, vejo que posso me colocar como oposição ao Kalil na maneira como ele trata os conservadores, os cristãos. Na Parada LGBT, ele falou um palavrão para quem discorda dele. Não é assim que você trata a população, não é assim que você trata quem discorda de você, se referindo com um palavrão. Quando ele se refere aos cristãos e conservadores, ou ele ataca ou ele ignora. A cidade precisa de respeito. Ele, como chefe do Executivo, precisa respeitar essa parcela que, não só em Minas como no Brasil todo, é maioria.

Você se apresenta como um vereador conservador. Como avalia as forças de direita e extrema-direita na composição da Câmara Municipal?
Tenho conversado com vários vereadores. Tenho bom relacionamento com eles. Acredito que dará para construir algo bacana em torno das pautas cristãs. Na Câmara, vamos ter que ter um diálogo, uma construção. Estou confiante, com expectativa de que possamos aprovar bons projetos e travar os que são ruins para a cidade.

Você falou em 'pautas cristãs'. O que seria? Tem algum projeto em mente?
Pauta digamos assim cristã... Não tenho nenhum projeto nesse sentido, porque, na verdade, quero imprimir valores e não simplesmente fazer da Câmara uma igreja, por exemplo. Tenho projetos que dizem respeito a incluir empreendedorismo dentro da sala de aula, projeto como valorização da Guarda Municipal. A verba economizada, durante o ano, será destinada para a Guarda Municipal, todos esses projetos dizem respeito a valores cristãos. Não precisa ter um slogan de Jesus, de Cristo. A gente consegue ter bons projetos que imprimam os valores cristãos.

Qual será o peso da religião em decisões como vereador?
Sou cristão, então tenho princípios e valores morais. Acredito que provêm de Deus, o amor e a solidariedade. Vejo que a própria noção de justiça provém de Deus. Isso é inclusive um argumento utilizado para provar a existência de Deus: qual é a fonte moral?. Minha fonte moral de fato é Deus. Minhas decisões se pautam, isso não exclui o campo racional. A Bíblia fala para prestar cultos racionais e as minhas decisões utilizam, obviamente, a razão, e não a fé. Estou tratando de algo concreto, mas minha moral provém de Deus.

Como será a sua relação com a bancada de esquerda da Câmara, que, majoritariamente, é formada por mulheres?
Com relação à bancada da esquerda, a gente diverge, obviamente, nas nossas ideias. São pessoas com quem teremos que lidar por quatro anos, então obviamente o respeito e o diálogo devem existir. Mas o embate de ideias também precisa existir em paralelo a isso. Serei firme nos meus posicionamentos, serei firme em defender o que acredito, que foi colocado lá para poder representar; então, de fato, debato ideias e não pessoas. Embora quem carregue as ideias são pessoas. Muitas vezes, a esquerda quer me personificar como alguém que ataca pessoas, mas, pelo contrário, ataco ideias e vou adotar posição combativa na Câmara.

Como você vê a candidatura da Duda Salabert à presidência da Câmara Municipal?
Para ser bem sincero, vou trabalhar com fatos concretos. Acredito que, pela composição que está sendo feita, é muito difícil de ela ganhar. Não vou nem trabalhar com essa possibilidade, que vejo muito baixa. Obviamente, qualquer pessoa que chegar ao cargo de presidente da Câmara você precisa ter um relacionamento, até o possível, de diálogo e construção. Mas isso não depende só de um lado. Tem que ser uma via bilateral. Então, não trabalho com essa possibilidade. Respeito, obviamente, a candidatura dela. Todo mundo tem direito a se candidatar a presidente. Mas a composição da chapa da Nely vem forte e teremos uma mulher, a Nely, na presidência.


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