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Estado de Minas ENTREVISTA / LUISA BARRETO Candidata do PSDB à PBH

Candidata da PSDB vai transformar BH em cidade colaborativa, se eleita

Luísa Barreto diz que população precisa ter maior participação da administração municipal


14/11/2020 04:00 - atualizado 14/11/2020 01:36

"Uma prioridade grande é abrir canais diretos de comunicação para que as pessoas possam avaliar os serviços públicos" (foto: Túlio Santos/EM/D.A Press)


Apesar de ser a primeira vez que concorre a um cargo eletivo, Luisa Barreto tem uma trajetória de preparação acadêmica e prática na política. A candidata do PSDB à Prefeitura de Belo Horizonte é graduada em políticas públicas e gestão governamental e pós-graduada em gestão estratégica pela Fundação João Pinheiro. Mesmo tendo ocupado diversos cargos públicos, ela destaca que sempre foi escolhida por méritos técnicos, não por ideologias partidárias. Última candidata ao comando do Executivo da capital entrevistada pelos Diários Associados, ela destaca, entre suas propostas de governo, a gestão colaborativa, e planeja “abrir canais diretos de comunicação para que as pessoas possam avaliar os serviços públicos” e opinar sobre quais devem ser as prioridades de investimento do município. A candidata também crítica as ações da gestão do prefeito Alexandre Kalil no combate à pandemia do novo coronavírus. “Os erros estão claros. Kalil não fez desde o começo uma gestão técnica, baseada em indicadores. Não equipou o sistema de saúde quando precisava. Teve uma reabertura desordenada, sem qualquer critério técnico”, critica.
 
Se eleita, qual será a sua prioridade para Belo Horizonte?
Não podemos ter só uma prioridade. A cidade é complexa e precisamos ter várias. Mas minha principal plataforma de governo é fazer de BH uma cidade colaborativa. Tenho convicção de que a prefeitura sozinha é incapaz de resolver todos os problemas. É fundamental permitir aos belo-horizontinos participar mais da vida da cidade. Uma prioridade grande é abrir canais diretos de comunicação para que as pessoas possam avaliar os serviços públicos, o que hoje não é possível, e nos ajudem a encontrar soluções, opinar, para que tenhamos de fato uma gestão participativa, colaborativa, com as pessoas mais respeitadas e mais ouvidas pela prefeitura.

A senhora foi secretária-adjunta do governo Zema e tem boa relação com a equipe do estado. Como será sua relação com o presidente Jair Bolsonaro, se eleita?
Eu sempre falo que quem estiver na cadeira de prefeita de Belo Horizonte tem que ter a melhor relação possível com o governo de Minas e com o governo federal, independentemente de quem esteja nessas cadeiras. Isso porque o foco tem que ser sempre Belo Horizonte e os belo-horizontinos. O que a gente percebe muitas vezes, e é uma situação que acontece agora, são os prefeitos, por questões políticas, focando nas eleições, na sua carreira política, deixarem de lado o principal, que é o belo-horizontino e a cidade, e focar em disputas eleitorais antecipadas que não beneficiam em nada a cidade. Pode ter certeza de que eu, assumindo como prefeita de BH, buscarei ter sempre as melhores relações com os governos estadual e federal.

Se fosse prefeita, como a senhora teria conduzido o enfrentamento à COVID-19 em BH?
Conduziria de maneira muito diferente do que foi feito em Belo Horizonte. BH teve um fechamento em meados de março e a gente só viu a prefeitura acompanhar e divulgar indicadores sobre a pandemia em 15 de maio, mais de dois meses depois do fechamento da cidade. Isso não dá nenhuma segurança do acompanhamento que foi feito e demonstra falta de gestão da prefeitura. O isolamento, o distanciamento social são importantes sim, mas em especial para que o poder público se prepare para receber pacientes que chegam ao sistema de saúde. Para isso, era necessário que a prefeitura comprasse respiradores, abrisse novos leitos. A prefeitura não fez esse trabalho. Isso, com certeza eu faria, porque fiz. Quando estive no governo do estado, ganhei a responsabilidade de liderar com minha equipe a compra de respiradores. Era uma compra difícil, havia uma corrida mundial em torno dos respiradores. O preço era altíssimo e o prazo de entrega não era adequado. Muitos governos chegaram a pagar R$ 300 mil, R$ 400 mil em aparelhos que conseguimos comprar por R$ 40 mil. Isso porque, conhecendo a administração pública, consegui um caminho que pouca gente viu que era possível. Inclusive, depois mostrei para vários governos como a gente fez aqui em Minas. Consegui também recursos de mais de R$ 1,5 bilhão para combater a pandemia junto a empresas que deviam ao estado. Em vez de me paralisar, como fez o atual prefeito, eu corri atrás e tirei do papel o que precisava ser feito. Então, pode ter certeza de que me minha condução seria bastante diferente.

Quais são, na sua avaliação, os principais erros e acertos da gestão Kalil durante a pandemia de COVID-19?
Os erros estão claros. Ele não fez desde o começo uma gestão técnica, baseada em indicadores. Não equipou o sistema de saúde quando precisava. Teve uma reabertura desordenada, sem qualquer critério técnico. Ninguém é capaz de explicar por que shoppings populares abriram, enquanto outros comércios estavam fechados. Por que até hoje as escolas permanecem fechadas, quando tantas coisas estão abertas? Por que a restrição do horário de comércio, começando a funcionar a partir das 11h? Parece que o vírus antes está mais presente na cidade. Não há lógica dentro da condução. Sou muito crítica da condução do prefeito Alexandre Kalil em relação à pandemia e acho difícil apontar um acerto.

Qual o seu projeto para melhorar a mobilidade urbana em Belo Horizonte?
Cidades mais adensadas, mais verticalizadas funcionam melhor quando as pessoas têm acesso a oportunidades de trabalho, lazer e serviços públicos perto das suas casas. Com isso, se deslocam menos. Venda Nova, por exemplo, é uma região supercomplexa. Quem mora lá é capaz de fazer tudo na região, mas faltam os serviços públicos perto de casa. Você sai de Venda Nova para fazer uma consulta especializada, ir ao BH Resolve. Precisamos também trazer mais conforto e melhores tarifas para o transporte público, para que mais pessoas passem a usá-lo mais. Eu proponho duas alternativas. Uma é a tarifa flexível. Quem pode andar nos horários em que os ônibus estão mais vazios, paga menos, e a tarifa é mantida para os horários de pico. Para isso, é preciso a prefeitura liberar o horário de comércio da cidade. A PBH regula o horário, obrigando as pessoas a sair e voltar para casa na mesma hora. Quando há maior liberdade, as pessoas se distribuem, o trânsito fica melhor e os ônibus mais vazios. Proponho também a criação de uma tarifa única mensal – quem anda mais de ônibus, paga menos por viagem. Existe um sonho antigo, que é o metrô em BH, difícil sair do papel. Mas há agora uma janela de oportunidade. Na próxima semana, o governo de Minas deve assinar acordo com a Vale que vai trazer contrapartidas para o estado, por causa do desastre de Brumadinho. Grande parte dos recursos vai para Brumadinho, e outra vai para a região metropolitana, o que inclui a ampliação do metrô em BH e o Rodoanel.

Qual o seu diagnóstico da saúde pública em BH? E como solucionar o velho problema da longa espera para as consultas eletivas e do tratamento especializado?
Há diversas falhas quando a gente olha a atenção básica, o atendimento nos postos de saúde. Uma questão que me preocupa muito é a ausência de ginecologistas e pediatras nos postos. São tratados pela PBH como consultas especializadas, mas são rotineiras. Também é possível ter melhor atendimento com uso da tecnologia. BH arrasta há muitos anos a contratação do prontuário eletrônico de saúde. Com ele, o histórico de saúde fica registrado em meio eletrônico, para que os médicos possam acessar, entender os diagnósticos e exames que a pessoa já fez. Garante também a possibilidade de a prefeitura trazer protocolos individualizados de prevenção de doenças e promoção de saúde. As filas para consultas e exames especializados podem ser reduzidas com parcerias. Temos em BH uma rede privada de saúde robusta que tem alguma ociosidade e pode ser aproveitada para oferecer tratamento público através de parcerias com a prefeitura.

Qual o seu projeto para reativar a economia da cidade, recuperando as perdas causadas pela pandemia?
Proponho a criação do Centro de Recuperação de Negócios. Um espaço único que vai abrigar órgãos da PBH, bancos, instituições de fomento e outras atividades que ajudem micro e pequenos empresários a se reerguer. A PBH também deve promover uma desburocratização. A burocracia afasta novos empreendimentos e faz com que os atuais acabem minguando, ainda mais na pandemia. Esse espaço vai ser também um espaço de diálogo, para que a PBH possa ouvir de quem empreende como o município pode ser mais simples e menos burocratizado.

Como resolver o problema do impacto das chuvas sobre a população?
Precisamos de obras de infraestrutura, mas elas são pontuais. São grandes, complexas e caras. E, por isso, não podem ser a única solução. É preciso tirar do papel, por exemplo, a obra da Vilarinho, que é urgente. Ela já foi anunciada três vezes nos últimos dois anos, mas não começou de fato, embora a propaganda do atual prefeito coloque isso. Precisamos ter melhor gestão ambiental da cidade. Cerca de 60% dos rios em BH não têm construção ainda na sua área de preservação. Vou criar parques lineares ao longo do curso dos rios, garantindo melhor infiltração da chuva no solo, reduzindo a água que corre por cima do asfalto, que corre no leito dos rios, reduzindo o risco de enchentes. A ideia não é criar um parque linear por cima da Vilarinho. Esses parques podem ser criados a montante, antes do ponto de alagamento. Proponho incentivar também microintervenções para que as pessoas possam ampliar áreas verdes e de captação de água de chuva em suas casas. Já há um projeto nesse sentido na Câmara.

Quais os seus projetos para a educação na capital? Como recuperar o tempo perdido por causa da pandemia?
Os alunos da rede pública municipal não estão tendo aulas remotas. Em BH, foram apenas 28 dias letivos em 2020. Retomaram algumas atividades apenas os alunos do 9º ano do ensino fundamental. Os demais estão em casa. É uma situação gravíssima, que amplia a diferença entre alunos da rede privada, que estão tendo aula, e os da rede pública. Belo Horizonte tem tido desempenho muito ruim na educação. Os dados do último Ideb apontam BH com a pior performance entre todas as capitais. Eu proponho acompanhar de perto a educação. Durante a campanha, o prefeito foi questionado sobre como tinha percebido o resultado desastroso do Ideb e ele disse que aguardava um relatório para entender o que tinha acontecido. Não é possível que a prefeitura trate a educação dessa forma. Não podemos esperar dois anos, para depois esperar um relatório para entender o que acontece com a educação. A PBH precisa de um sistema de avaliação próprio, que possibilite perceber no primeiro momento qual escola tem dificuldade, para fazer uma intervenção pedagógica. Proponho também a modernização do sistema de ensino. Nossos jovens já nasceram no mundo tecnológico, acostumados com a internet, mas as escolas ainda não fazem esse uso. As escolas trabalham com sistemas bastante analógicos e isso afasta os jovens. Trazer a tecnologia para dentro da sala de aula é uma maneira de ampliar a aprendizagem, reduzir a evasão escolar melhorar a relação entre escola e aluno.

Há um planejamento para recuperar a área de cultura e eventos, que também foi muito impactada pela pandemia?
Eu vejo a cultura como vetor de desenvolvimento econômico fundamental. BH tem que parar de tratar a cultura apenas como gasto e passar a olhá-la como geradora de emprego e renda. Além disso, a prefeitura também precisa desburocratizar seus processos internos. É muito difícil acertar os mecanismos de fomento. Isso afasta os pequenos produtores e promotores de cultura. A cidade precisa passar a entender essas pessoas como parceiras que podem ajudar BH se desenvolver.

PERFIL
Luisa Cardoso Barreto
Idade: 36 anos
Estado civil: casada
Filhos: dois
Formação: graduada em políticas públicas e gestão governamental e pós-graduada em gestão Estratégica pela Fundação João Pinheiro
Carreira: Servidora pública de carreira da Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão, ex-secretária-adjunta no Governo de Minas




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