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Estado de Minas DENÚNCIA DO MP

Prefeito de Lagoa da Prata será julgado por desvio de bens públicos

Ministério Público tenta barrar há seis anos negociações de terrenos entre a prefeitura e um advogado que seriam prejudiciais ao município


13/11/2020 17:38 - atualizado 13/11/2020 18:46

Ministério Público vem há vários anos impedindo transações de terrenos entre a prefeitura e o advogado(foto: PMLP/Divulgação)
Ministério Público vem há vários anos impedindo transações de terrenos entre a prefeitura e o advogado (foto: PMLP/Divulgação)
A 5ª Turma Criminal do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) aceitou denúncia oferecida pelo Ministério Público estadual contra o prefeito Paulo Teodoro (PDT) e um advogado de Lagoa da Prata, cidade localizada no Centro-Oeste mineiro, por crime de responsabilidade. Os dois são acusados de desvio de bens públicos em prejuízo ao município e de forma vantajosa ao advogado. 
 

Na denúncia do MP, é pedida a condenação deles com base no artigo 1º, I, do Decreto-Lei nº 201/67, que prevê pena de reclusão de dois a 12 anos para quem se apropria ou desvia bens públicos em proveito próprio ou de terceiros.

Segundo a denúncia proposta em 2017, os dois desviaram bens públicos por meio da troca de imóveis entre o Município e o advogado. “O dano só não se concretizou em virtude da intervenção da Promotoria de Justiça de Lagoa da Prata que obteve liminar na Justiça suspendendo os efeitos do negócio”, afirmou o procurador de Justiça Cristovam Joaquim Ramos Filho.

O Ministério Público alega que o prefeito autorizou, na época, a permuta de 33 imóveis urbanos do Município com cinco imóveis “supervalorizados” do advogado num local conhecido como Parque dos Buritis, em área de preservação permanente.

Comprados em 2014 e 2015 por R$ 542 mil, os imóveis do advogado entraram na troca em 2017 por R$ 4,7 milhões. “Sob o aspecto comercial de investimento imobiliário, não há razão capaz de justificar a superavaliação em área imprestável para qualquer tipo de edificação residencial ou comercial, uma vez que possui cláusula ambiental de preservação permanente”, afirma trecho da denúncia.

“Se o município quisesse o Parque dos Buritis, poderia ter se valido, por exemplo, da desapropriação por utilidade pública ou por interesse social, pagando-se a indenização pela área após a venda, em concorrência pública, dos imóveis de sua propriedade, conseguindo assim, sem artimanhas e de forma transparente, alcançar, com a venda de um número bem menor de imóveis, o valor da desapropriação”, afirmou o procurador de Justiça.

Conforme a denúncia, há cinco anos o prefeito e o advogado têm tentado negociar os imóveis. Primeiro com o Projeto de Lei (PL) nº 092 de 2015, que previa a troca de dois imóveis urbanos do Município com dois imóveis do advogado no Parque dos Buritis. O PL foi aprovado pela Câmara e sancionado pelo prefeito, mas o MP conseguiu na Justiça o cancelamento dos efeitos da medida.

Mas, antes mesmo da decisão judicial, o prefeito encaminhou à Câmara outro Projeto de Lei, de nº 116, de 2015, que previa a troca de três imóveis do Município com quatro imóveis do advogado no Parque dos Buritis. Como no caso anterior, o Ministério Público conseguiu decisão judicial suspendendo os efeitos da norma.

Em 2016, o prefeito aprovou na Câmara uma terceira lei sobre o tema, de nº 2.881, que autorizou a permuta de 33 imóveis do Município com seis imóveis de propriedade do advogado. Entretanto, após representação da Câmara, o MP recomendou ao prefeito que não realizasse a troca até a conclusão de um Inquérito Civil, aberto para apurar novamente o caso.

Mas em 2017, o cartório do município informou ao Ministério Público que o prefeito e o advogado efetivaram a troca. Mas em outra atuação da Promotoria de Justiça de Lagoa da Prata, os efeitos do negócio foram suspensos pela Justiça.

“A insistência na realização da permuta, adicionadas à efetiva execução da Lei Municipal nº 2.881/2016, com menosprezo da tramitação do Inquérito Civil, são circunstâncias a demonstrar a existência de conluio originário entre os denunciados para realização dessa ‘negociata’”, afirma trecho da denúncia.
 
O Estado de Minas entrou em contato com a Prefeitura de Lagoa da Prata, mas não conseguiu localizar o prefeito. 
 


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