
Pugliesi virou assunto nacional quando, em dezembro de 2014, um policial civil flagrou, de dentro do helicóptero, uma suástica — símbolo nazista — no fundo da piscina da propriedade dele, na zona rural da cidade. À época, o órgão disse que o docente não seria enquadrado porque não teria feito nenhum tipo de apologia publicamente.
Após o episódio, situações mais antigas envolvendo o professor vieram à tona. Em 1998, professor Wander teve apreendidos pela polícia materiais relacionados ao nazismo, como livros, revistas, fotografias, gravuras do exército alemão, objetos com a suástica e uma camiseta estampada com a imagem de Adolf Hitler, líder do partido alemão.
À época, ele se declarou “admirador da ideologia nazista”, mas disse que todos os objetos faziam parte de uma coleção pessoal destinada a estudo.

O docente chegou a ser denunciado pelo crime de racismo, mas a ação foi arquivada. O professor pediu de volta os materiais que foram apreendidos a do Ministério Público Federal (MPF), porém, em 2001, a Justiça Federal negou.
Em entrevista para à revista Superinteressante, ele diz ter batizado o próprio filho de Adolf Roders Pugliesi.
Em sala de aula
No Vale do Itajaí, Wander era um professor carismático e piadista, segundo a Superinteressante. Ex-alunos se dividem entre a crítica e a idolatria. “Ele já tinha uma fama. Tu ia preparado para ter aula com uma pessoa meio simpática ao nazismo”, disse a jornalista Melissa Schröder, ao portal. Em 2008, em Blumenau, ela teve aula de História com o professor no 3º ano do Colégio Energia, uma rede de escolas de ensino médio com foco no vestibular espalhada por várias cidades catarinenses.
"O Wander era o típico professor carismático de cursinho, que te envolve na matéria. Na arte de ser professor, ele era bom. O problema era o conteúdo. Ele vê tudo do ponto de vista nazista e vai te ensinar História. Que adolescente vai questionar?", afirmou outra ex-aluna.
Segundo os relatos o docente não fazia pregação nazista em sala de aula, mas relativizava o Holocausto, por exemplo, comparando com o número de alemães e russos mortos na 2ª Guerra Mundial. O professor justificava o nazismo e questionava informações sobre o massacre dos judeus.
Wander manifestava posições conservadoras para além do nazismo. Temas como a ditadura militar também eram defendidos pelo professor.
Redes Sociais
A apresentação de Wandercy pelo PL já repercute nas redes sociais. O também candidato a vereador em Florianópolis pelo Partido Socialismo e Liberdade (Psol), Camasão, pede que a Justiça Federal negue a candidatura de Wander. "Santa Catarina é o estado brasileiro com o maior número de células neonazistas do Brasil. Também é o Estado que mais baixa conteúdo nazista na Internet. Precisamos cortar esse mal pela raiz!", disse, em um tuíte.
URGENTE - O Partido Liberal, do @pedraoprefeito, apresentou um candidato NAZISTA em Pomerode (SC). Uma piscina com uma suástica foi flagrada na residência de Wander Pugliesi em 2014. Nem a polícia, nem o Ministério Público locais tomaram providências na época. pic.twitter.com/RYmfUYkbug
— Camasão 50500 (@camasao50500) October 8, 2020
O Correio entrou em contato com o Tribunal Superior Eleitoral e o Partido Liberal e aguarda retorno sobre a candidatura do professor de história.
Crime
Segundo a lei 7.716/89, atualizada em 1997, é crime federal fabricar, comercializar, distribuir ou veicular símbolos, emblemas, ornamentos, distintivos ou propaganda que utilizem a cruz suástica ou gamada, para fins de divulgação do nazismo. A pena prevê prisão de dois a cinco anos e multa.
