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Estado de Minas ASSASSINATO

Irmão do prefeito de Patrocínio, acusado de matar candidato a vereador, será indiciado por três crimes

Autor dos disparos que mataram o político, Jorge Marra foi indiciado pelos crimes de roubo, porte ilegal de armas e homicídio doloso


06/10/2020 18:06 - atualizado 14/10/2020 11:10

Momento exato que o advogado recebe um dos disparos em Patrocínio(foto: Reprodução/WhatsApp)
Momento exato que o advogado recebe um dos disparos em Patrocínio (foto: Reprodução/WhatsApp)
A Polícia Civil concluiu, nesta terça-feira, o inquérito sobre o assassinato de Cássio Remis (PSDB), candidato a vereador em Patrocínio, no Alto Paranaíba. Autor dos disparos que mataram o político, o ex-secretário de Obras da cidade, Jorge Marra, foi indiciado pelos crimes de roubo, porte ilegal de armas e homicídio doloso (com intenção de matar).

Cássio foi assassinado no último dia 25. Enquanto denunciava a utilização de máquinas de propriedade da administração municipal para obras de cunho particular, o candidato teve o celular tomado por Jorge. A discussão continuou na sede da Secretaria de Obras, onde os primeiros disparos aconteceram. 
 
 

Irmão do prefeito de Patrocínio, Deiró Marra (Dem), Jorge responderá por homicídio com duas qualificantes: motivo fútil e ação dissimulada para enganar a vítima. Jorge tinha autorização para possuir arma de fogo, mas não podia portá-la em espaços públicos.

“Cheguei a essa conclusão com base nas vidas pregressas do autor e da vítima, e as tensões que envolviam o caso, como discussões políticas e denúncias, tendo em vista que a vítima era uma pessoa bastante atuante. (No crime) houve uma futilidade e, a meu ver, uma afronta ao estado democrático de direito”, explicou a titular da Delegacia de Homicídios de Patrocínio, Ana Beatriz de Oliveira Brugnara.

As autoridades não acreditam que o crime não tenha sido premeditado. Descartadas, também, motivações eleitorais. No inquérito, a Polícia Civil aborda a possibilidade de assassinato motivado pelas tensões nascidas das denúncias feitas por Cássio.

A delegada lembrou que, em seu depoimento, Jorge alegou ter agido em “legítima defesa”. “Em sua própria oitiva, ele fala que se sentiu indignado e não achou aquilo (as denúncias) justo”, disse.

Juntos, os três crimes podem ultrapassar 44 anos de pena. A decisão, contudo, caberá ao júri popular responsável por analisar o caso.
Motorista também é indiciado
Depois do crime, Jorge fugiu em uma caminhonete. O motorista do veículo será indiciado por ter auxiliado na fuga e, ainda, por participação no crime de roubo e favorecimento pessoal. 

O celular de Cássio Remis não foi encontrado. A polícia não teve acesso ao conteúdo do aparelho, visto que a família não possui as senhas das contas conectadas ao equipamento.

No vídeo que gravava pouco antes de ser morto, Cássio afirmava que as máquinas da prefeitura eram utilizadas para construir o comitê de campanha de Deiró à reeleição. A Polícia Civil, no entanto, não julgou a informação relevante para a condução do inquérito. Apurar se o espaço iria abrigar, de fato, o “QG” do candidato caberá à Justiça Eleitoral e ao Ministério Público.

Após o crime, Jorge seguiu, de caminhonete, Perdizes, no entorno de Patrocínio. Seu automóvel acabou encontrado em uma casa na cidade — havia uma arma dentro do veículo.

Candidatura já havia sido protocolada

Os postulantes à eleição deste ano precisavam apresentar suas candidaturas à Justiça Eleitoral até 26 de setembro. Na base de dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) constava o nome de Cássio Remis. O número dele na urna eletrônica já havia, inclusive, sido atribuído: 45777. 

A mãe de Cássio, Francisca Carneira dos Santos, será candidata no lugar do filho. Ela vai utilizar, como nome eleitoral, o apelido “Chiquita”.


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