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Estado de Minas POLÍTICA

Corrida à reeleição na Câmara de BH será intensa

Levantamento do Estado de Minas mostra que mais de 90% dos vereadores de BH vão se candidatar a um novo mandato este ano. Coligações não são mais permitidas nas chapas


17/08/2020 04:00 - atualizado 17/08/2020 10:03

Quase todos os vereadores de BH querem seguir no Legislativo municipal(foto: Abraão Bruck/Câmara Municipal de BH)
Quase todos os vereadores de BH querem seguir no Legislativo municipal (foto: Abraão Bruck/Câmara Municipal de BH)
Mais de 90% dos vereadores de Belo Horizonte (92,6%) devem tentar a reeleição no pleito municipal deste ano. Levantamento feito pelo Estado de Minas mostra que apenas três dos 41 integrantes da Câmara Municipal não são pré-candidatos à reeleição. Fernando Borja (Avante) disputará a corrida pela prefeitura, enquanto Orlei (PSD) optou por se afastar momentaneamente da vida pública. Acometido por problemas de saúde, Preto (DEM) ainda não bateu o martelo sobre seu futuro político. Há, ainda, o caso de Dr. Bernardo Ramos (Novo), que, embora seja pré-concorrente, espera a resposta do partido para saber se, eleito parlamentar na capital, poderá tentar vaga na Câmara dos Deputados em 2022.

Se Ramos e Preto não concorrerem, Belo Horizonte terá, em comparação a quatro anos atrás, um vereador a menos tentando a reeleição. Na eleição passada, 38 parlamentares registraram suas candidaturas – embora um deles, Valdivino, tenha desistido durante a campanha. Entre os que resolveram não disputar a permanência para a legislatura atual, estava Daniel Nepomuceno, então presidente do Atlético. Nas urnas, dezoito asseguraram a manutenção de suas cadeiras. Foram iniciados 23 novos mandatos – a líder em votos recebidos, inclusive, foi uma ‘cara nova’: Áurea Carolina (Psol), hoje deputada federal.

Vereador desde 2013, Orlei abrirá mão da campanha eleitoral para resolver questões ligadas a seus empreendimentos. “Preciso de um tempo para tratar de negócios pessoais e, também, tenho interesse em um projeto para tentar ser deputado estadual em 2022”, diz. Em sua primeira experiência como parlamentar municipal, Fernando Borja mira voos mais altos. Ele é pré-candidato a prefeito de BH e deve representar o Avante na disputa. “Decidi ser candidato (a prefeito) para oferecer uma outra opção a Belo Horizonte”, explica o político, alinhado ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e defensor de uma gestão conservadora nos costumes e liberal na economia.

Após seis mandatos, o democrata Preto não deve mais ser “dono” de um dos 41 gabinetes da Câmara. Embora não dê certeza sobre deixar a vida pública, um dos mais antigos parlamentares belo-horizontinos menciona problemas de saúde como justificativa para a indefinição. “Estou analisando. Uma eleição é muito desgastante. É bem provável que não (seja candidato). Vou cuidar mais da minha saúde”, explica. Apenas no ano passado, Preto, na vereança desde 1997, precisou passar por seis cirurgias. Ele vai definir a situação até o fim de agosto. Preto é um dos “veteranos” da Câmara. Em termos de permanência ininterrupta, está atrás apenas de Arnaldo Godoy (PT), vereador desde 1993.

(foto: Estado de Minas)
(foto: Estado de Minas)
Quem também convive com a incerteza é o médico Bernardo Ramos. Novato, ele tomou posse em março deste ano, após Mateus Simões, também do Novo, se tornar secretário-geral do governo estadual. O vereador deixa clara a intenção de ser deputado federal – cargo para o qual em 2018 também se tornou reserva. Ramos até deseja continuar na Câmara Municipal, desde que autorizado pelo partido. Em seu estatuto, o Novo impede que filiados abandonem mandatos eletivos para concorrer a outros postos.

Ele espera a resposta da legenda para decidir o futuro, mas admite postergar a decisão o máximo possível. “A grande tendência é que eu não seja candidato, voltando apenas em 2022. O partido tem regras, estatuto e isso pode, teoricamente, comprometer minha candidatura em 2022”, alega. Se uma exceção não for aberta, sua tentativa à reeleição para a vereança deixará de se concretizar.

Para Carlos Horta, cientista político e professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), ainda é cedo para prever os rumos do pleito. Uma coisa, no entanto, é certa: a pandemia do novo coronavírus vai influenciar o cenário. “Tudo tem a ver com a nova situação, em um município fortemente atacado pela pandemia. A gente está vivendo condições muito especiais. Existe, também, a possibilidade de surgir nomes, que não estão ou não estiveram por lá. Ainda estamos navegando em águas indefinidas”, opina, fazendo menção, justamente, à possibilidade de triunfos de candidatos que não ocupam cargos eletivos.

O PSD, partido do prefeito Alexandre Kalil, é dono da maior bancada da Câmara Municipal, com 13 representantes. À exceção de Orlei, todos vão tentar a reeleição. Vereadores da legenda ouvidos pela reportagem, contudo, acreditam que o número de pessedistas na Casa será reduzido à metade. “A política é como nuvem e, cada hora, está em um lugar, mas acredito em meu trabalho”, defende Catatau do Povo, em primeiro mandato. Coronel Piccinini, por seu turno, calcula aproximadamente seis mil votos como a quantia necessária para sustentar seu posto no Parlamento.

Mudanças exigem chapa 'puro sangue'


A eleição de 2020 será a primeira sem a possibilidade de coligações para a eleição legislativa. Mudanças na lei eleitoral aprovadas em 2017, mas que entram em vigor apenas neste ano, proíbem a junção de partidos para a formação de chapas coletivas nos pleitos para a Câmara Federal, as câmaras municipais e as assembleias legislativas. Por isso, as legendas precisarão construir chapas “puro-sangue”, apenas com pessoas que constam em seus quadros.

Para Álvaro Damião (DEM), a alteração traz transparência à disputa. “Três ou quatro partidos se juntavam para ‘fazer’ uma ou duas pessoas, e isso era injusto com quem estava concorrendo. Hoje, as pessoas sabem claramente a regra do jogo, quantas pessoas vão participar e quem tem chances reais de ganhar”, argumenta.

Único representante no PCdoB na Câmara, Gilson Reis deverá ter a companhia da ex-deputada federal Jô Moraes na chapa do partido. Gilson não teme ser prejudicado pela nova lei eleitoral e, tampouco, pela candidatura de Jô, conhecida figura das esquerdas na capital e que, em tese, pode “tomar” votos antes destinados a ele. “A eleição para vereador é muito específica, de vinculações muito diretas a pessoas e movimentos. O PCdoB trabalha para eleger dois vereadores e tem uma chapa formada com 58 candidatos”, salienta o vereador.

Felipe Nunes, cientista político e docente da UFMG, acredita na manutenção da tendência de renovação dos componentes do Parlamento Municipal, sobretudo por conta do fim das coligações, que traz incertezas aos cenários. “A impossibilidade de se fazer alianças vai mudar um pouco a matemática. Em minha avaliação, quem ganha com isso são os candidatos que vêm de estruturas partidárias mais organizadas, principalmente das legendas que terão candidaturas a prefeito”, explica.

O cientista político Carlos Horta, por sua vez, crê que a abolição das alianças legislativas pode fortalecer a identidade das legendas junto ao eleitorado. “O partido político é feito para ser uma força e ter uma identidade. Essa identidade se manifesta no nome, no programa e na força eleitoral”, defende.

Prazos O primeiro turno das eleições municipais está agendado para 15 de novembro, feriado em virtude da Proclamação da República. O segundo turno deve ocorrer duas semanas depois. Desde o último dia 11, emissoras de rádio e TV não podem veicular programas apresentados ou comentados por pré-candidatos. Entre 31 de agosto e 16 de setembro, os partidos devem fazer convenções para definir, formalmente, alianças e representantes. A data limite para o registro das candidaturas, 26 de setembro, marca o início das propagandas eleitorais, inclusive na internet.


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